O presidente Jair Bolsonaro contestou neste sábado (21) durante a cúpula do G20 o debate sobre racismo no país dizendo que há quem queira alimentar o conflito e o ódio entre a população.
"O Brasil tem uma cultura diversa, única entre as nações. Somos um povo miscigenado", afirmou. "Foi a essência desse povo que conquistou a simpatia do mundo. Contudo, há quem queira destruí-la, e colocar em seu lugar o conflito, o ressentimento, o ódio e a divisão entre raças, sempre mascarados de 'luta por igualdade' ou 'justiça social'. Tudo em busca de poder", disse.
Ele disse que há interesses para se criar tensões no país e que um povo dividido fica enfraquecido. "Um povo vulnerável pode ser mais facilmente controlado e subjugado. Nossa liberdade é inegociável", disse.
"Enxergo todos com as mesmas cores, verde e amarelo. Não existe uma cor de pele melhor do que as outras. O que existem são homens bons e homens maus, e são as nossas escolhas e valores que determinarão qual dos dois nós seremos", afirmou.
"Aqueles que instigam o povo à discórdia, fabricando e promovendo conflitos, atentam não somente contra a nação, mas contra nossa própria história", disse.
O presidente afirmou ainda que há "tentativas de importar para o nosso território tensões alheias à nossa história".
As declarações são dadas um dia após protestos pela morte de um homem negro por seguranças de um supermercado. João Alberto Silveira Freitas, 40, foi espancado e morto na noite de quinta-feira (19) por dois seguranças de uma unidade do Carrefour em Porto Alegre. Ele morreu sob as vistas de testemunhas e teve seu assassinato filmado na véspera do Dia da Consciência Negra.
Bolsonaro ainda defendeu reformas na OMC (Organização Mundial do Comércio) que sigam três eixos: negociações, solução de controvérsias e monitoramento e transparência.
Segundo ele, o governo também espera que o órgão de apelação da OMC possa voltar à plena operação o mais rápido possível.
"Na reforma da Organização, queremos que a ambição de reduzir os subsídios para bens agrícolas conte com a mesma vontade com que alguns países buscam promover o comércio de bens industriais", afirmou.
Bolsonaro disse também que espera que o processo de reforma da OMC contemple o estímulo aos investimentos e a criação de condições justas e equilibradas para o comércio internacional, não só de bens, mas também de serviços.
Apesar da possibilidade de uma nova onda do coronavírus no país, Bolsonaro buscou ressaltar a visão de uma recuperação na economia brasileira.
"À medida que a pandemia é superada no Brasil, a vida das pessoas retorna à normalidade e as perspectivas para a retomada econômica se tornam mais positivas e concretas.
Mais cedo, Bolsonaro afirmou em vídeo de apresentação para a cúpula do G20, que o governo estava certo em seu entendimento sobre a pandemia do coronavírus", disse.
E afirmou que o governo quer dar continuidade ao programa de reformas na economia para fortalecer e estimular o crescimento sustentado do Brasil.
"Desde o início, ressaltamos que era preciso cuidar da saúde e da economia simultaneamente. O tempo vem provando que estávamos certos", disse no vídeo, gravado e divulgado antes da reunião entre os líderes que começou às 10h.
Apesar de falar sobre cuidar da economia e da saúde "simultaneamente", o presidente minimizou em diferentes ocasiões a gravidade da pandemia. Há cerca de uma semana, por exemplo, chamou a possibilidade de uma nova onda do coronavírus de "conversinha".
O presidente disse que o governo apoia o acesso universal, equitativo e a preços acessíveis aos tratamentos disponíveis. "É com esse objetivo que participamos de diferentes iniciativas voltadas ao combate à doença", disse.
Bolsonaro defendeu, no entanto, que as vacinas contra a Covid-19 sejam opcionais. "Defendemos a liberdade de cada indivíduo para decidir se deve ou não tomar a vacina. A pandemia não pode servir de justificativa para ataques às liberdades individuais", disse.
No vídeo deste sábado, o presidente afirmou que a cooperação no âmbito do G20 é essencial para superar a pandemia e retomar o caminho da recuperação econômica e social.
"Neste ano, enfrentamos desafios sem precedentes na história recente", disse. "Devemos manter o firme compromisso de trabalhar pelo crescimento econômico, pela liberdade de nossos povos e a prosperidade do mundo", disse.
O ministro Paulo Guedes (Economia) participa com Bolsonaro na cúpula do G20. As discussões incluirão um plano de ação com medidas de apoio à economia internacional no contexto da pandemia Covid-19.
De acordo com o Ministério da Economia, entre os itens a serem debatidos está a iniciativa para suspensão do serviço da dívida de países mais pobres, a agenda para apoiar o uso de tecnologia no setor de infraestrutura e avanços sobre a tributação da economia digital.
Na sexta-feira (20), Guedes participou de reunião com ministros de finanças do grupo e afirmou que a recuperação no país tem superado as expectativas de organizações internacionais. Segundo ele, as medidas de emergência contribuíram para a preservação de milhões de vagas de emprego e à retomada da produção.
Guedes reafirmou o compromisso com a promoção de reformas estruturantes para garantir uma retomada econômica sustentada com participação do setor privado e manifestou apoio a uma agenda que garanta investimentos em infraestrutura sustentável e em economia digital.
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