Dois dias depois de começar a relatar por meio do Instagram as cenas de guerra na Ucrânia, a capixaba Lyarah Vojnovic Barberan, enfim, conseguiu sair do país e planeja chegar ao Brasil até a próxima quarta-feira (2). Nesta segunda-feira (28), o pai de Lyarah informou que a moça e a família já deixaram a Romênia e seguiram para Frankfurt, na Alemanha, onde já estão aguardando o voo para voltar para casa.
No domingo, Lyara publicou nas redes sociais que havia conseguido sair do país ucraniano. A informação foi confirmada pelo pai dela, Marcelo Vojnovic, à reportagem de A Gazeta. "Nós conseguimos sair! Graças a Deus. Desejo que todos consigam sair dessa, ainda mais as crianças brasileiras que ainda estão presas na Ucrânia! Continuem orando", escreveu a capixaba nas redes sociais.
A influenciadora digital e esposa do jogador Maycon, atleta do Shakhtar Donetsk, precisou sair às pressas de casa e ficou pelo menos dois dias presa em um hotel, onde ela, o marido e os dois filhos estavam com outros brasileiros, que também queriam sair do país. Desde o dia 24 a Ucrânia está sendo invadida e atacada por tropas da Rússia, o que ameaça a vida todos no país.
Nas redes sociais, Lyarah agradeceu pelas orações e pela felicidade compartilhada ao conseguirem fugir de uma guerra. "Eterna gratidão!", afirmou.
No sábado (26), Lyarah, Maycon, as duas crianças e os pais do atleta conseguiram pegar um trem para sair da Ucrânia. Outros brasileiros também fizeram a viagem. Foram cerca de 19 horas até chegar a uma outra cidade da Ucrânia. De ônibus, a família pegou um ônibus, atravessou a fronteira e chegou até a Moldávia, país do Leste Europeu. Durante a tarde deste domingo (27) no Brasil, já noite na região, o grupo está indo de ônibus para Bucareste, capital da Romênia.
Relatando aos familiares cansaço mental e fome, a capixaba deve dormir com o marido, os sogros e os filhos na Romênia. O próximo passo deve ser chegar até a França, onde a ideia é conseguir um voo para o Brasil. O pai e empresário Marcelo Vojnovic afirma que depende apenas da disponibilidade de voos para que cheguem até o Brasil antes da próxima quarta-feira (2). Ele espera que o trajeto seja feito com segurança.
"Graças a Deus, agora ficamos bem mais aliviados. Chegam na Romênia, descansam, e vão tentar um voo para a França e depois para o Brasil. Eles estão abalados psicologicamente. É uma viagem desgastante. Não estão sozinhos, há alguns idosos parentes de atletas e filhos. Por conta da segurança, a orientação é que façam a viagem com a cortina fechada", disse o pai da capixaba.
Os atletas, junto com as esposas e filhos, viajaram juntos de trem, como proposto pelo Itamaraty. Mas a Uefa (União das Federações Europeias de Futebol) e a Federação Ucraniana de Futebol foram as entidades responsáveis pela segurança dos brasileiros até a estação de trem de Kiev. Para Marcelo Vojnovic, a comunicação e o suporte do governo federal não foram suficientes no período de desespero.
O número de telefone citado por Marcelo foi passado durante uma entrevista coletiva do governo federal. Durante entrevista ao repórter Aurélio de Freitas, da TV Gazeta, o pai de Lyarah tentou ligar para o contato divulgado, mas não houve resposta.
"A resposta é sempre caixa postal", disse o pai da capixaba à TV Gazeta.
Em publicação nas redes sociais durante a tarde de domingo no Brasil (27), Lyarah não citou o governo brasileiro, mas fez um "agradecimento especial" para Uefa e Federação Ucraniana por "total apoio e ajuda na saída".
O presidente Jair Bolsonaro (PL) informou em suas redes sociais na tarde deste domingo (27) que um grupo de 39 pessoas, sendo 37 brasileiros e dois uruguaios, chegou à embaixada do Brasil na Romênia após deixar Kiev, na Ucrânia.
"Estão todos bem de saúde e em segurança", afirmou Bolsonaro, que está no Guarujá, no litoral de São Paulo.
De acordo com a publicação, fazem parte do grupo jogadores do Shakhtar Donestky e seus familiares. O presidente disse que eles receberam apoio integral da UEFA, órgão responsável pelo futebol europeu, que custeou transporte rodoviário e hospedagem em Bucareste.
"A Embaixada estabeleceu um posto avançado na fronteira com a Moldova (caminho entre Kiev e Romênia) para recepcionar os brasileiros que por ventura cheguem desgarrados por aquela região fronteiriça."
Afirmou ainda que é aguardada a manifestação dos interessados em retornar ao Brasil. Duas aeronaves KC-390 da Força Aérea Brasileira foram disponibilizadas para o transporte, segundo ele.
Com o fuso horário e o medo vivido nos últimos dias, a rotina dos capixabas mudou. O pai da Lyarah relata que as noites não têm sido mais as mesmas por conta da preocupação.
"Eu e minha esposa estamos sem dormir desde a madrugada de quinta-feira. A única coisa que podemos fazer são contatos com outros empresários de atletas na Europa. Mas são menos de duas horas de sono por noite. Quando ela descansa um pouco, eu fico acordado", conta.
Apesar dos dias de terror vividos à distância, Marcelo diz estar mais aliviado agora com a volta da filha ao brasil nos próximos dias.
Antes da publicação de Bolsonaro nas redes sociais sobre aeronaves da Força Aérea Brasileira, a reportagem de A Gazeta perguntou ao Itamaraty se havia algum plano ou avião reservado para a vinda de brasileiros de volta ao país após saírem da Ucrânia. Em resposta, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil informou que está prestando assistência aos brasileiros na Ucrânia e que o resgate das pessoas depende das condições de segurança.
Com base em Plano de Contingência atualizado em janeiro de 2022, a Embaixada do Brasil em Kiev está prestando assistência consular a todos os nacionais brasileiros que ainda estejam no país.
Até o momento, cerca de 80 brasileiros lograram sair da Ucrânia e ir para países fronteiriços, sobretudo Polônia e Romênia, com o apoio da embaixada brasileira. O citado Plano prevê a possibilidade de resgate quando as condições permitirem. Nos primeiros dias, ante a falta de condições de segurança, estamos implementando a evacuação segura e ordenada.
Ainda constam cerca de 100 brasileiros, registrados na lista da embaixada brasileira em Kiev, que permanecem em solo ucraniano. A comunidade brasileira na Ucrânia, antes do conflito, era estimada em aproximadamente 500 pessoas.
O GT - Brasileiros na Ucrânia e a Embaixada em Kiev seguem buscando localizar e contatar brasileiros ainda na Ucrânia, com o apoio da Embaixada em Varsóvia, com vistas a verificar a situação pessoal de todos, condições de segurança nos locais onde estão abrigados e possibilidade de eventual evacuação.
Há funcionários da embaixada brasileira em Chernivtsi, perto da fronteira ucraniana com a Romênia. Diplomata da embaixada do Brasil na Romênia também se deslocou para a fronteira para auxiliar o traslado, em ônibus providenciado pela Embaixada, de brasileiros para a capital Bucareste.
A Embaixada também estabeleceu posto avançado na fronteira com a Moldova (caminho entre Kiev e Romênia) para recepcionar os brasileiros que porventura cheguem de forma avulsa àquela região fronteiriça.
Do lado polonês, a Embaixada em Varsóvia está em contato direto com nacionais que se encontram nas cercanias de Lviv. Já estão naquela área ônibus providenciados pela embaixada brasileira para traslado à capital. Ademais, representantes do governo brasileiro se encontram na fronteira em contato regular com autoridades poloneses.
O governo brasileiro aguarda manifestação dos interessados no sentido de retornarem para o Brasil, onde foram colocada à disposição duas aeronaves da Força Aérea Brasileira.
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