O vencedor do Prêmio Nobel da Paz de 2020 foi anunciado nesta sexta-feira (09), em Estocolmo, na Suécia, e na premiação foi contemplado o Programa Mundial de Alimentos (PMA) da Organização das Nações Unidas (ONU). Participante do programa de jovens profissionais do PMA há cerca de dois anos, a capixaba, natural de Domingos Martins, Lorena Peterle Modolo Braz, de 33 anos, que mora no país africano do Quênia, contou sobre a experiência.
Como declarou o diretor executivo do programa, David Beasley, cada uma das 690 milhões de pessoas com fome no mundo hoje tem o direito de viver em paz e sem fome. Hoje (09), o Comitê do Nobel da Noruega voltou os holofotes globais para eles e para as consequências devastadoras do conflito. Choques climáticos e pressões econômicas agravaram ainda mais sua situação. E agora, uma pandemia com seu impacto brutal nas economias e comunidades, está levando milhões à beira da fome.
De acordo com a capixaba, bacharel em Relações Internacionais pela Universidade de Brasília (UNB) e mestre na área de segurança alimentar e desenvolvimento, o prêmio conquistado consolida o orgulho que sente pelo programa.
O PMA, segundo Lorena, é uma grande organização das Nações Unidas, que foi estabelecida em 1961 e hoje provê assistência humanitária e busca promover a resiliência de comunidades vulneráveis em todo o mundo. "O legado de combate à fome do PMA, aliado à grande capacidade operacional, de chegar até as populações com mais necessidade, sempre me chamou atenção e despertou meu interesse em trabalhar no programa. Eu acho que o que me move também, todos os dias, enquanto funcionária do PMA, é a missão de contribuir com a melhoria de vida das populações, além de aprender muito, todos os dias, sobre a realidade do Quênia", acrescentou.
Para a bacharel, a experiência na instituição tem sido muito gratificante. "Viajo frequentemente para visitar as comunidades que apoiamos, por meio dos nossos projetos, e esta é a beleza do trabalho. A gente tem oportunidade de conversar com os pequenos agricultores, com as mulheres rurais, que trabalham e carregam a agricultura consigo, entender quais são os problemas, saber o feedback sobre o programa e como melhorar os projetos a cada dia", destacou.
"Também tenho oportunidade de observar e conhecer mais profundamente todos os fatores que influenciam a fome e insegurança alimentar no país, inclusive os fatores ligados às mudanças climáticas, que afetam enormemente a agricultura do Quênia, que depende, em grande parte, do regime de chuvas. E este conhecimento sobre a realidade local é fundamental para ajudar na tarefa de gerenciamento dos projetos", disse.
A respeito dos projetos que a brasileira desempenha, eles têm o objetivo de promover os sistemas alimentares de formas mais sustentáveis e inclusivas. "Trabalhamos com pequenos agricultores que vivem em situação de vulnerabilidade e insegurança alimentar, principalmente nas zonas áridas e semiáridas do Quênia. O foco é na melhoria da capacidade de produção agrícola das famílias, no aumento e diversificação das fontes de renda, e apoio a governos locais, por exemplo, por meio de serviços de extensão rural das secretarias de agricultura e de promoção de dietas saudáveis", explicou.
Segundo Lorena, um ponto que merece destaque é que a equipe do PMA é multicultural. "Temos uma grande riqueza de experiências. Trabalhamos com quenianos, meu chefe é irlandês, tenho colegas espanhóis, americanos, entre outros. Sou a única brasileira do escritório. Nestes ambientes internacionais, o que é típico das Nações Unidas, tento praticar a sensibilidade cultural e a empatia, e é importante sempre manter o respeito e a colaboração", ressaltou.
Nas redes sociais da ONU (@unitednations), a foto publicada diz que "Até o dia que tenhamos uma vacina, comida é a melhor vacina contra o caos - Programa Mundial de Alimentos - vencedor do Prêmio Nobel da Paz 2020".
Na legenda da foto, a ONU parabenizou o PMA. Confira na íntegra:
Os mais sinceros parabéns aos nossos colegas do @worldfoodprogramme (WFP, em inglês), a maior agência humanitária de combate à fome em todo o mundo, por terem recebido o prémio 2020 #NobeldaPaz!
O Comitê Norueguês do Nobel prestou homenagem aos esforços do WFP para ajudar algumas das pessoas mais vulneráveis do mundo trabalhando para a #FomeZero, apoiando aqueles em áreas afetadas por conflitos e evitando que a fome seja usada como arma de guerra.
"As mulheres e homens do PMA enfrentam o perigo e a distância para entregar sustento que salva vidas àqueles devastados pelo conflito, às pessoas que estão sofrendo por causa do desastre, às crianças e famílias incertas sobre sua próxima refeição", disse @antonioguterres na sexta-feira.
Essa solidariedade é precisamente necessária agora para enfrentar não apenas a pandemia, mas outros testes globais de nosso tempo, acrescentou o Secretário-Geral das #NaçõesUnidas.
No Instagram do Programa Mundial de Alimentos (PMA), ou WFP em inglês, foi feita publicação em agradecimento à conquista. "PMA está profundamente grato por receber o Prêmio Nobel da Paz 2020 - Este é um poderoso lembrete para o mundo de que a paz e a fome zero andam de mãos dadas".
Na legenda da foto, foi acrescentado: "#PrêmioNobeldaPaz ? É um reconhecimento ao trabalho dos funcionários do PMA que colocam suas vidas em risco todos os dias para levar alimentos e assistência a mais de 100 milhões de crianças, mulheres e homens famintos em todo o mundo".
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