O coronavírus já é uma ameaça mundial. A Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou o novo Covid-19 como uma pandemia e vários países ao redor do globo sentem os efeitos da rápida contaminação da doença.
Um desses efeitos é o pânico. Uma epidemia como a do coronavírus causa medo em toda a população mundial. Fátima Nogueira, capixaba que reside em Boston, nos Estados Unidos, há quinze anos, está sofrendo isso na pele.
Fátima contou que foi ao supermercado na tarde desta sexta-feira (13) e encontrou as prateleiras vazias. Ela tentava comprar alimentos não perecíveis, como arroz, macarrão, pão, dentre outros, mas não encontrou os produtos.
Primeiro começaram a estocar produtos de limpeza, agora fui ao supermercado e não tem mais nada dos produtos de primeira necessidade. Não tem pão, não tem macarrão, não tem molho. Consegui encontrar leite e outros produtos perecíveis, mas produtos não perecíveis sumiram das prateleiras, contou a autônoma.
Fátima mora com seu marido e duas filhas e conta que o maior problema começou de fato quando foi declarado estado de emergência pelo governador de Boston, depois de serem confirmados novos 92 casos em um dia no país. As escolas foram fechadas e Fátima acredita que foi nesse momento que a população entrou em desespero.
Durante o verão é muito comum as crianças estarem de férias, mas irem aos child camps (acampamentos infantis), tudo continua funcionando para que os pais possam trabalhar. Com o estado de emergência declarado, fechou tudo, as escolas, as creches, e as pessoas precisam continuar trabalhando. Não é todo mundo que pode trabalhar de casa. A situação é complicada. Ela ainda completou dizendo que as aulas nas universidades também foram canceladas e os alunos entraram de férias mais cedo que o normal.
Um problema recorrente nos Estados Unidos é o sistema de saúde de difícil acesso. Fátima explicou que as pessoas procuram os centros de emergência ao sentir qualquer sintoma do coronavírus e que não há condições de atender a toda a população, mesmo com Boston tendo hospitais de referência nacional.
O sistema de saúde é caro, não é todo mundo que tem assistência do governo. Aqui em Boston, em particular, apesar de ser referência em sistema de saúde no mundo inteiro, como em qualquer outro lugar, as salas de emergência estão lotadas. Não tem leito para todo mundo. É pedido que as pessoas venham ao hospital apenas se realmente estiverem com os sintomas do coronavírus.
Gôndolas de supermercado vazias não é novidade para Fátima. Ela explica que isso costuma acontecer na iminência de fenômenos naturais como tempestades de neve, mas afirmou que, em caso de doença, é a primeira vez que viu algo do tipo nos supermercados.
As prateleiras começaram a ficar vazias desde que houve o primeiro caso em New Rochelle, cidade próxima a Nova York. A situação lá se agravou antes de Boston e o vírus se espalhou muito rapidamente. Primeiro acabou o estoque de álcool em gel, depois papel higiênico. Em relação à comida começou nesta semana, quando foi declarado o estado de emergência, disse. Fátima compara a situação atual com as epidemias do vírus H1N1 e da gripe-suína, nas ocasiões anteriores esse estoque alimentício não aconteceu.
Na tarde desta sexta-feira, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou estado de emergência para todo o país, devido ao coronavírus. Para Fátima, o que acontecerá após o anúncio ainda é uma incógnita. Ela espera que os hospitais não se tornem um caos e que as crianças não fiquem sem aulas até o final do ano letivo.
Não sei o que pode acontecer. Espero que a situação dos hospitais não fique caótica. Acredito que as crianças ficarão fora da escola por um tempo maior do que o determinado, que a princípio era um mês. Os pais não terão como deixar os filhos sozinhos para ir ao trabalho A situação já está caótica, mas espero que o abastecimento de comida não seja interrompido, finalizou.
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