Uma mulher fazia compras numa loja em Anápolis, no Estado de Goiás, quando o celular dela — que estava no bolso da calça — pegou fogo.
As chamas provocaram uma ferida na pele da vítima, mas felizmente o marido dela conseguiu pegar o aparelho e jogá-lo no chão antes que causasse danos maiores.
As imagens, captadas por câmeras de segurança do estabelecimento, viralizaram nas redes sociais e levantam questões sobre como evitar que acidentes como esse se repitam.
Embora sejam relativamente raros, explosões e incêndios provocados por smartphones podem acontecer.
De acordo com um relatório publicado pela Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade (Abracopel), foram registrados 53 incêndios domésticos relacionados a eletrodomésticos e eletroeletrônicos em 2023 (o dado mais recente disponível).
Já os carregadores de dispositivos móveis, como aqueles usados para preencher a bateria dos smartphones, geraram 14 incidentes do tipo, com cinco vítimas fatais nesse mesmo período.
Na categoria de acidentes com choques elétricos, eletrodomésticos e eletroeletrônicos são o segundo principal causador, atrás apenas dos fios partidos e sem isolamento.
Em 2023, esses dispositivos causaram 38 acidentes, com 31 vítimas.
Já os carregadores de celular aparecem na oitava posição desse ranking, com 19 casos e 15 óbitos.
Numa reportagem publicada pela BBC News Brasil em agosto de 2021, o engenheiro eletricista Edson Martinho explicou que carregadores e celulares geralmente são seguros — eles não são construídos para dar choque ou explodir.
O especialista ponderou que o risco de acidentes sempre existe, apesar de ser reduzido caso o carregador e a bateria do celular sejam originais e estejam em bom estado de conservação.
"Se houver falha no carregador, principalmente nos não originais, ou na própria bateria, pode ter problemas", complementou Martinho, que é diretor-executivo da Abracopel.
Em resumo, os carregadores de celular possuem um transformador e outros componentes que fazem a conversão da corrente elétrica alternada, que vem da tomada a 110, 127 ou 220 volts, para uma corrente contínua de 5 a 9 volts.
Essa tensão que chega ao aparelho (de 5 a 9 volts) é bem baixa e não costuma dar choques.
Os acidentes podem acontecer se os componentes do carregador responsáveis pela conversão da corrente elétrica estão com defeito — ou o dispositivo foi fabricado com peças de baixa qualidade.
Muitas vezes, para reduzir custos, fabricantes de carregadores "piratas" podem eliminar alguns dispositivos de segurança, que são instalados justamente para proteger o usuário.
Claro que o problema também pode estar nas outras partes desse sistema como, por exemplo, a instalação elétrica da casa ou o uso de benjamins e extensões de tomada. Essa, aliás, é outra fonte frequente de acidentes que aparece com destaque no relatório da Abracopel.
Mas e no caso de Anápolis? A vítima não estava com o celular ligado na tomada no momento...
Não dá pra saber exatamente o que aconteceu neste caso específico, mas é possível que o aparelho tenha sofrido algum dano — como, por exemplo, alguma peça quebrada ou rompida por causa de quedas, choques, torções ou esmagamento (no caso de o celular ter ficado guardado no bolso num ângulo que forçou demais a estrutura dele).
Todos esses problemas podem provocar o vazamento do lítio, um dos componentes da bateria, que é inflamável e até explosivo.
A Apple, que fabrica o iPhone, orienta que seus clientes manuseiem o aparelho com cuidado — e alerta que o uso inadequado pode resultar em fogo, choque elétrico, ferimentos ou danos.
"O iPhone ou sua bateria podem ser danificado se caírem, forem queimados, furados, esmagados ou se entrarem em contato com líquidos", informa a fabricante.
"Se você desconfiar de danos no iPhone ou na bateria, descontinue o uso, pois ele pode causar sobreaquecimento ou ferimentos", diz o texto disponível no site da empresa.
Já a Samsung explica em seu site que "as baterias de íons de lítio integradas nos produtos Galaxy armazenam muita energia no seu interior", o que pode ocasionar "acidentes pessoais e danos materiais graves se estas baterias forem incorretamente ou indevidamente utilizadas".
A Abracopel e a Sociedade Brasileira de Queimaduras elaboraram algumas recomendações para minimizar o risco de choques elétricos ou explosões dos smartphones.
A lista inclui:
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