Um professor de economia da Universidade de Shanghai sugeriu uma solução para a baixa taxa de natalidade da China: permitir às mulheres que tenham dois ou mais maridos, para que possam dar à luz a vários bebês. A ideia gerou forte repercussão negativa.
As autoridades do país vêm há alguns anos tentando convencer os casais a terem mais filhos. Já lhes disseram que é dever patriótico ter dois bebês, ofereceram baratear os custos da educação e estender o período da licença maternidade, além de dificultar o aborto e o divórcio.
A ideia é diminuir a disparidade de gêneros no país -há 34 milhões de homens a mais do que mulheres, o que cria uma crise demográfica que pode dificultar o crescimento econômico nas próximas décadas. Na China, onde moram 1,4 bilhão de pessoas, há uma preferência por meninos e uma prática de abortar meninas.
O limite de um filho por casal ficou em vigor por 35 anos na China e foi, provavelmente, a mais dura política pública de redução da natalidade no mundo. A regra permitia mais de um filho a depender de determinados fatores: se a família mora no campo ou na cidade, se os pais têm irmãos, se trata-se de minorias étnicas e se o primeiro filho foi uma menina.
A medida deu certo e, hoje, há 100 milhões de filhos únicos do sexo masculino com menos de 40 anos.
"Eu não sugeriria poliandria se a proporção de gênero não fosse tão severamente desequilibrada", escreveu o professor Yew-Kwang Ng em sua coluna em um site de negócios chinês este mês. "Só estou sugerindo que devemos considerar a opção diante de uma proporção desequilibrada de gênero", completou.
Em 2015, o Partido Comunista começou a desfazer sua política de filho único, mas a medida teve pouco impacto. Mulheres nascidas a partir da década de 1980 tendem a adiar o casamento em função da carreira e ter apenas um filho -quando o têm-, ao invés de dividir a atenção e os recursos financeiros com mais de uma criança.
Segundo o acadêmico, o grave desequilíbrio de gênero causou uma competição entre homens procurando esposas, deixando milhões de solteiros lutando para "satisfazer suas necessidades psicológicas e físicas".
"Se dois homens estão dispostos a se casar com a mesma esposa e a mulher também, por que razão a sociedade tem para impedi-los de compartilhar uma esposa?", Ng questionou. Ele citou a poligamia como parte de "uma longa história", citando como exemplo o Tibete, onde a prática se tornou ilegal após a anexação da China em 1950.
Para reforçar seu argumento, Huang disse que, de uma perspectiva biológica, as mulheres são mais capazes de satisfazer o desejo sexual de vários homens do que o contrário. "É comum as prostitutas atenderem mais de dez clientes em um dia", escreveu.
Enquanto isso, quando se trata de outros aspectos da vida, Huang argumentou que é razoável que as mulheres façam tarefas para várias famílias por uma questão de eficiência. "Fazer refeições para três maridos não vai demorar muito mais do que para dois maridos", completou.
A sugestão de poligamia de Huang gerou polêmica. Algumas pessoas se opuseram à ideia porque a poligamia desafiava suas visões tradicionais sobre o casamento.
Mas mais pessoas, principalmente mulheres, criticaram Huang por sua atitude misógina e machista em relação às mulheres, dizendo que ele via as via somente como ferramentas e objetos reprodutivos para satisfazer as necessidades sexuais dos homens.
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