Um dia que começou com Joe Biden esperando aplicar uma goleada no presidente Donald Trump terminou com o mundo inteiro sem saber quem será o próximo presidente americano.
E, embora a disputa continue em aberto, a análise dos estados nos quais a apuração ainda tem de ser concluída indica que o democrata segue como favorito nesta quarta (4) -mesmo que suas possibilidades de vitória tenham diminuído bastante desde o início do pleito.
A esperança de Biden de conquistar a Presidência rapidamente, ainda na noite de terça (3), esvaiu-se assim que a contagem indicou o triunfo do republicano na Flórida.
A partir daí, o que se viu foi uma maré vermelha inicial, com o presidente vencendo uma série de estados-chave e, assim, mantendo suas chances de ser eleito. Foi um feito e tanto para alguém que chegou ao último dia de disputa com 10% de possibilidades de vitória.
Em parte, isso pode ser explicado pelo fato de que muitos estados contam o voto presencial -que favorece o republicano- antes dos votos antecipados, em sua maioria, democratas.
Ao vencer no Texas, em Iowa e em Ohio durante a madrugada, Trump fez muitos apoiadores de Biden temerem uma repetição de 2016, quando foi eleito ao vencer na maior parte dos estados-chave, contrariando as pesquisas.
Os levantamentos, aliás, novamente subestimaram o voto no republicano, que teve mais apoio do que o esperado entre latinos no Sul e no geral no Meio-Oeste -região crucial para a vitória há quatro anos.
Em todo o país, Trump tem atualmente 48,3% dos votos, mais de cinco pontos percentuais acima do que apontavam a média das pesquisas -Biden, com 50,2%, tem pouco mais de um ponto a menos do que indicavam as sondagens.
Importante lembrar que no sistema indireto que escolhe o presidente dos EUA quem define o vencedor é o Colégio Eleitoral, e não o voto popular. Nesse modelo, cada estado recebe um número de votos proporcional à sua população.
A Califórnia, com 39,51 milhões de habitantes, por exemplo, tem direito a 55 representantes. A Dakota do Sul, com 884,6 mil, a 3. O vencedor em um estado leva todos os votos dele, com exceção de Maine e Nebraska, que dividem os delegados de maneira um pouco mais proporcional. No fim do processo, é eleito quem conquistar mais da metade dos votos no Colégio Eleitoral -270 dos 538 votos possíveis.
Assim, a senha para vencer é conquistar os estados onde a disputa é mais apertada. Este ano, 13 deles eram classificados dessa forma antes da votação, sendo que quatro já foram para Trump (os já citados Texas, Flórida, Ohio e Iowa), e dois, para Biden (New Hampshire e Minnesota).
Sobram, assim, sete, cujos resultados ainda estão sendo contabilizados -devido ao fuso-horário, o Alaska também não terminou sua apuração, mas ali Trump é amplo favorito.
Dos sete, o republicano e o democrata têm uma vantagem clara em um cada um: Carolina do Norte para Trump, Arizona para Biden. Embora uma virada em ambos ainda seja possível, é pouco provável.
Caso o resultado seja confirmado, o Arizona será o primeiro estado que Trump venceu em 2016 que agora vota no candidato democrata. É em parte devido a disso que Biden tem, no momento, mais possibilidades de vitória do que o adversário.
Nesse cenário, o democrata teria 238 delegados no Colégio Eleitoral, contra 232 do rival. Isso apesar de o republicano ter começado a apuração na liderança na Carolina do Norte, na Geórgia, na Pensilvânia, em Michigan e em Wisconsin.
Uma vitória em todos esses locais daria a ele mais quatro anos no comando da Casa Branca, e tal cenário parecia provável nas primeiras horas desta quarta.
Aos poucos, porém, Biden se recuperou e assumiu a liderança em Wisconsin e Michigan já pela manhã. Se mantiver essa posição e vencer também em Nevada, onde lidera, chega a 270 votos no Colégio Eleitoral.
Ou seja, somando os votos já confirmados para o democrata com os dos estados em que ele está à frente no momento, Biden chega ao número necessário para ser eleito o 46º presidente dos EUA.
Os três estados apresentam uma situação muito semelhante, com uma pequena vantagem pró-Biden: 0,2 ponto percentual em Michigan, 0,7 ponto em Wisconsin, e 0,6 em Nevada.
Os votos que faltam serem contabilizados, porém, são em sua maioria de grandes cidades, em que há maioria democrata. De quebra, quase todos eles são votos enviados por correspondência, modalidade na qual Biden tem uma vantagem de 3 para 1.
Nesse cenário, o ex-vice de Barack Obama não precisa vencer na Pensilvânia e na Geórgia para ser eleito.
Trump atualmente lidera nesses dois locais, mas, de novo, o voto que ainda precisa ser contado em cada um deles -na Filadélfia e em Pittsburgh no primeiro, na região em torno de Atlanta no segundo- é favorável ao democrata.
Para resumir a situação, Biden precisa vencer em três dos cinco estados onde a disputa está apertada. Ele atualmente já lidera em três e tem chances reais de conquistar todos. Trump, por sua vez, precisa vencer em quatro deles. Atualmente está em primeiro em apenas dois e, neles, corre mais risco do que o democrata nos outros em que Biden lidera. Por isso, o democrata segue como favorito para vencer.
O resultado, porém, ainda pode demorar, já que Nevada e Pensilvânia devem levar ao menos mais um dia para terminar a contagem. Assim, Biden precisaria vencer nos três estados restantes para ser eleito já nesta quarta. Caso contrário, a emoção vai continuar no mínimo até quinta (5).
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