A onda de calor que castiga o verão do hemisfério norte nas últimas semanas não poupou países mais próximos ao Brasil. Na última terça-feira (1º), o Chile registrou a temperatura mais alta durante o inverno em mais de 70 anos quando Vicuña, na cordilheira da região de Coquimbo, chegou aos 37°C.
A última vez que os termômetros do país chegaram a essa temperatura no inverno foi em 1951, em Copiapó, na região do Atacama. Pelo menos até sexta-feira (4), os moradores das regiões no norte e no centro do Chile —que estão sob alerta de altas temperaturas— devem seguir sofrendo com o calor, segundo a Direção Meteorológica do país.
Em Santiago também foram registradas temperaturas excepcionalmente altas para a estação. Nesta quarta (2), a capital chilena chegou aos 24°C, e nos próximos dois dias os termômetros devem chegar aos 25°C.
"O que estamos vendo é a sobreposição de dois fenômenos: a tendência do aquecimento global devido à mudança climática e o fenômeno do El Niño", afirmou a ministra do Meio Ambiente do Chile, a climatologista Maisa Rojas, em postagem no X, o antigo Twitter. "Portanto, quando acabar o El Niño, a situação meteorológica mundial deve deixar de ser tão extrema."
O fenômeno El Niño se caracteriza pelo aumento da temperatura do mar, que aumenta entre 1,5°C e 6°C, causando precipitações, inundações e avalanches, além de ondas de calor.
Outros países da região também viram a temperatura subir nos últimos dias. Em Buenos Aires, a capital da Argentina, os termômetros superaram os 30°C na terça --o 1º de agosto mais quente desde que o início da série histórica, segundo o Serviço Meteorológico Nacional argentino. Antes disso, o recorde pertencia a um dia do início de agosto de 1942, quando fez 24,6°C.
Já no Uruguai, diversas cidades registraram temperaturas de 30°C nesta quarta.
As capitais dos três países devem voltar à normalidade nos próximos dias, mas as ondas de calor devem ser sentidas cada vez com mais frequência. "É muito provável que o recorde de calor seja batido este ano em Santiago, e isso é extraordinariamente anormal. Há dez anos tínhamos duas ondas de calor no ano, agora já falamos em nove", afirmou o climatologista Raúl Cordero, da Universidade de Santiago, à agência de notícias AFP.
Um dos efeitos mais preocupantes é o derretimento da neve acumulada nas montanhas, vital para o abastecimento de água na capital chilena.
"As ondas de calor no inverno têm efeitos devastadores nos glaciares", escreveu ainda Rojas, mencionando também o impacto do calor nos polos globais. "O gelo nas zonas polares está em valores mínimos."
Na semana passada, mais da metade da população dos Estados Unidos ficou sob alerta, e diversas cidades organizaram centros de resfriamento para a população --calor extremo é a principal causa de mortes relacionadas ao clima nos EUA.
Já a Grécia retirou milhares de pessoas de duas ilhas turísticas no início da semana passada devido aos incêndios florestais causados pelas altas temperaturas. Na Itália, ao menos cinco pessoas morreram em decorrência das tempestades no norte e dos incêndios na Sicília.
Julho foi o mês mais quente já registrado, de acordo com dados de temperatura do Centro Nacional de Previsão Ambiental dos Estados Unidos.
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