De acordo com pesquisadores da Universidade de Hong Kong, um homem teve duas infecções causadas por linhagens diferentes do novo coronavírus em um intervalo de quatro meses. Essa é a primeira vez que cientistas comprovam um caso de reinfecção pelo coronavírus Sars-CoV-2 ao demonstrar que os vírus que causaram a primeira e a segunda infecção são diferentes.
Os resultados foram divulgados nesta segunda-feira (24) em uma declaração enviada à imprensa pela Universidade de Hong Kong. O artigo com o relato detalhado do caso foi aceito para publicação na revista científica Clinical Infectious Diseases. Ainda assim, as informações disponíveis até agora precisam ser interpretadas com cautela, já que se trata do relato de apenas um caso.
Um homem jovem e aparentemente saudável teve um novo episódio de Covid-19 após 142 dias da primeira infecção (cerca de quatro meses e meio), diz o artigo, disponibilizado pelos pesquisadores em uma versão prévia. A primeira infecção foi sintomática e a segunda, assintomática, diagnosticada em teste feito no aeroporto em 15 de agosto.
Com amostras dos vírus das duas infecções em mãos, os cientistas fizeram o sequenciamento genético do patógeno e descobriram diferenças nítidas entre os vírus responsáveis pela primeira e pela segunda infecção.
Os cientistas encontraram diferenças em 23 nucleotídeos (elementos que compõem o material genético dos vírus), além de outros fatores que indicam que as infecções foram geradas por cepas diferentes do vírus.
O artigo destaca que o genoma dos vírus da primeira infecção eram semelhantes a amostras colhidas entre a população nos meses de março e abril deste ano. Já os agentes responsáveis pela segunda ocorrência da doença eram parecidos com as amostras coletadas entre julho e agosto.
"Análises epidemiológicas, clínicas sorológicas e genômicas confirmaram que o paciente teve uma reinfecção em vez de uma eliminação persistente do vírus que causou a primeira infecção", escrevem os pesquisadores no artigo.
"Nossos resultados sugerem que o Sars-CoV-2 pode continuar a circular entre os humanos apesar de uma imunidade coletiva baseada em infecções. Estudos mais aprofundados de pacientes com reinfecção vão colaborar para um melhor desenho de uma vacina", conluem os cientistas.
Casos de suspeita de reinfecção pelo Sars-CoV-2 foram relatados, mas nenhum deles teve uma comprovação tão bem documentada como o caso de Hong Kong. Um dos motivos que gera dúvidas sobre os casos suspeitos de reinfecção é que o paciente pode continuar eliminando o vírus do organismo meses após o fim da fase aguda da infecção, e, assim, os testes continuam detectando a presença do patógeno.
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