A segunda onda de Covid-19 que acontece na Europa preocupa, mesmo que o número de mortes não tenha subido tanto quanto o de casos, afirmou nesta quinta a OMS (Organização Mundial de Saúde).
Segundo a líder técnica Maria van Kerkhove, mesmo que não provoque óbitos a infecção por coronavírus pode deixar sequelas de longo prazo, e prevenir o contágio ainda é fudamental.
Kerkhove listou cinco razões para que a curva de mortes não tenha subido tanto quanto a de novos casos nos países europeus, que viveram um pico de Covid-19, controlaram a infecção até junho e começaram em julho a experimentar um repique.
O primeiro é a descoberta de tratamentos e medicamentos que evitam a morte em casos severos, como o uso de corticoides (como a dexametazona) para reduzir a resposta inflamatória do corpo à presença do vírus.
Mudanças nas intervenções respiratórias também se enquadram nesses avanços de tratamento que evitaram mortes dos doentes mais sérios.
Um segundo motivo é que os países e as instituições estão mais preparadas para prevenir o contágio de pessoas mais vulneráveis, como idosos em asilos ou doentes em locais de longa permanência.
O aumento do número de testes permitiu também detectar a infecção mais precocemente, o que evita que a doença evolua para estágios mais graves.
Há também um número maior de novos casos entre pessoas mais jovens, que apresentam menos risco de morrer por Covid-19 (embora existam casos de óbitos até de bebês).
Em parte, o diagnóstico de uma parcela maior de jovens acontece porque foram eles que se expuseram mais ao contágio, ao abandonar medidas de proteção durante as férias, em festas e eventos sociais.
Outro motivo é que, com o aumento da capacidade de testes, o diagnóstico, que antes priorizava casos suspeitos, passou a ser ampliado para todos os grupos sociais, alcançando os jovens.
"Temos que salvar vidas, mas temos também que prevenir todos os contágios possíveis, pois não sabemos ainda o suficiente sobre os efeitos de longo prazo da Covid-19", afirmou a líder técnica.
Durante a entrevista, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse que sua principal preocupação em relação à pandemia de coronavírus é "a falta de solidariedade".
A entidade afirmou que o esforço criado para desenvolver testes, remédios e vacinas, chamado de Act Accelerator, precisa de US$ 35 bilhões (R$ 185 bilhões) para "passar da fase de startup para a de produção em escala".
A cientista-chefe da OMS, Soumya Swaminathan, disse que interrupções de testes de vacina, como a anunciada pela AstraZeneca nesta semana, fazem parte do processo normal de obtenção de novos produtos.
Ela afimou também que, em geral, a fase 3 dos experimentos com vacinas, que exige até 50 mil voluntários, leva cerca de seis meses.
A maior parte dos testes conduzidos no momento entraram na fase 3 na virada do semestre, o que indica que resultados mais seguros não devem aparecer antes do fim do ano.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta