O mundo está perto de ultrapassar a marca de 1 milhão de mortos por Covid-19, segundo a Universidade Johns Hopkins. Puxando os números para o alto estão os dois maiores países do continente americano: os EUA, com 205 mil mortos, e o Brasil, com mais de 140 mil. A pandemia, que começou na China, provavelmente em dezembro do ano passado, já deixou 33,2 milhões de infectados em todo o planeta.
O chefe do programa de emergências da Organização Mundial da Saúde (OMS), Mike Ryan, disse nesta segunda (28) que o número oficial de mortos por Covid no mundo é apenas uma fração da realidade. "Os números relatados atualmente representam, provavelmente, uma subavaliação das pessoas que contraíram Covid ou morreram em decorrência da doença", afirmou. "Posso garantir que o números verdadeiros são maiores." Há estimativas de que ele possa estar hoje em 2 milhões.
Em nove meses, o coronavírus já viajou por 188 países - oficialmente. Em apenas 12 não há registros de casos. Algumas ilhas isoladas do Pacífico foram poupadas, como Palau, Nauru, Tonga e Vanuatu. Em outros dois países - Coreia do Norte e Turcomenistão -, os governos autoritários simplesmente não divulgaram dados.
A marca de ontem foi alcançada no momento em que várias partes do mundo emitem alertas de uma segunda onda de contaminações, especialmente na Europa, que vem adotando medidas de isolamento cada vez mais restritivas. Por determinação do governo francês, os bares de Paris e de outras dez cidades fecharão as portas a partir de 22 horas. A França vem registrando mais de 10 mil novos casos diários, um aumento de 50% com relação aos últimos 14 dias.
O Reino Unido, do outro lado do Canal da Mancha, as contaminações também se aceleraram. De acordo com o jornal The Times, o governo britânico tem planos de impor um novo lockdown na maior parte do norte da Inglaterra e, provavelmente, também em Londres. Segundo fontes do governo, bares e restaurantes - que funcionam até 22 horas - ficariam fechados por duas semanas.
Andy Burnham, prefeito de Manchester, pediu uma revisão do horário de fechamento dos bares em razão de vídeos recentes que flagraram multidões se aglomerando em supermercados após as 22 horas. "Minha impressão é que esse toque de recolher está fazendo mais mal do que bem. É contraditório, porque cria um incentivo para as pessoas se reúnam nas ruas ou em casa", disse.
Ontem, a emissora holandesa NOS informou que o premiê, Mark Rutte, preparou um plano para restringir as viagens para Amsterdã, Roterdã e Haia, as três principais cidades da Holanda, que vêm registrando mais de 2,5 mil casos por dia - mais do que no pico da pandemia, em abril. Rutte, por enquanto, rejeita a ideia de declarar um segundo lockdown.
As preocupações, no entanto, não se restringem à Europa. Ontem, a Índia ultrapassou a marca de 6 milhões de casos - o país, de 1,3 bilhão de habitantes, só perde para os EUA, que têm 7,1 milhões. Na Austrália, a aceleração das infecções vem adiando os planos de criação de uma "bolha" de viagens com a Nova Zelândia. Ontem, a primeira-ministra neozelandesa, Jacinda Ardern, disse que a medida pode ser adotada em dezembro.
O presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, manteve ontem em quarentena parcial a região metropolitana de Manila, onde vivem quase 13 milhões de pessoas. A medida vale até 31 de outubro.
Duterte, que tem um perfil autoritário, muitas vezes associado ao americano Donald Trump e ao brasileiro Jair Bolsonaro, curiosamente tem adotado um discurso duro com relação à pandemia.
Membros da força-tarefa do governo filipino dizem que não há espaço para complacência com o vírus, mesmo que as medidas prejudiquem a economia. Em julho, Duterte garantiu que não permitiria a volta de crianças às aulas presenciais enquanto não houvesse vacina. Nas Filipinas, a população é obrigada a usar máscara e manter distanciamento social. Mesmo assim, o país é o mais afetado do Sudeste da Ásia, com mais de 300 mil casos e 5,3 mil mortes.
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