O conselho de administração da Renault aprovou, na manhã desta segunda-feira (27), a abertura das negociações para uma possível fusão com o grupo ítalo-americano Fiat-Chrysler (FCA), transação que, se confirmada, criaria a terceira montadora do mundo.
Em comunicado divulgado após uma reunião extraordinária, o colegiado disse que está "estudando com interesse" a proposta apresentada pela FCA. Segundo o jornal Le Monde, a operação pode receber o sinal verde definitivo dos administradores da firma francesa já na primeira quinzena de junho.
Na segunda, informou o Figaro, todos os membros do conselho votaram pelo início das conversas, com a exceção de um representante sindicalista, que se absteve. Nas Bolsas de Paris e Milão, as ações de Renault e FCA tiveram valorização na casa dos dois dígitos após o anúncio das tratativas preliminares.
O vice-primeiro-ministro italiano, Matteo Salvini, classificou a junção de forças como brilhante, desde que proteja postos de trabalho no país de origem da Fiat. Como o governo francês possui 15% das ações da Renault, existe a expectativa de que o Executivo da Itália busque adquirir alguma participação na nova empresa.
Paris também demonstra entusiasmo pelo cenário, mas, além dos empregos franceses, quer preservar sua influência na tomada de decisões da firma.
Em paralelo, pretende "acoplar" ao combo Renault-FCA a aliança da primeira com as japonesas Nissan e Mitsubishi, em banho-maria há seis meses por causa da prisão do ex-executivo-chefe do conglomerado, Carlos Ghosn, sob acusação de corrupção e má conduta financeira.
Se as empresas asiáticas aderissem à sociedade agora em discussão, o mastodonte resultante seria o maior produtor de automóveis do mundo, com cerca de 15 milhões de unidades por ano, desbancando Volkswagen e Toyota. Por enquanto, porém, as duas não estão diretamente envolvidas nas conversas.
A parceria proposta pela Fiat-Chrysler interessa à montadora ítalo-americana por causa de sua atual fraqueza no mercado europeu, onde suas fábricas trabalham com apenas 50% de sua capacidade instalada e têm tido dificuldade de adaptar sua produção aos reduzidos tetos de emissão de carbono fixados pela União Europeia.
No sentido inverso, a Renault se beneficiaria da penetração da potencial aliada nos Estados Unidos, onde sua linha Jeep e seus caminhões RAM têm ótima acolhida.
A sinergia representaria uma economia de 5 bilhões de euros para os cofres das duas firmas, segundo cálculos do mercado -poupança mais do que bem-vinda, no momento em que o setor automobilístico precisa de capitalização vultosa (na casa de 250 bilhões de euros nos próximos sete anos, segundo o Monde) para financiar a transição para veículos elétricos e autônomos.
Antes da fusão com participação igualitária de lado a lado, os acionistas da FCA receberiam dividendos da ordem de 2,5 bilhões de euros, já que a cotação de mercado da ítalo-americana é superior à da francesa.
A holding a ser criada na Holanda seria presidida por John Elkann, da Fiat, enquanto Jean-Dominique Senard, que substituiu Ghosn na Renault, faria as vezes de diretor-executivo.
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