O presidente dos EUA, Donald Trump, não aceitou a derrota para Joe Biden. Neste sábado (07), ele acusou o democrata de ter se "precipitado" ao anunciar a vitória nas urnas e prometeu contestar o resultado nos tribunais. "O simples fato é que esta eleição está longe de terminar", disse Trump em comunicado.
"Todos nós sabemos por que Joe Biden está se apressando em fingir que é o vencedor e por que seus aliados da mídia estão se esforçando tanto para ajudá-lo: eles não querem que a verdade seja exposta", escreveu Trump em um comunicado na página de sua campanha.
"Joe Biden não foi certificado como o vencedor de nenhum Estado, muito menos de nenhum dos Estados contestados onde haverá recontagens obrigatórias, nem Estados onde nossa campanha tem ações legais válidas e legítimas que podem determinar a vitória final", afirmou o presidente.
Trump montou uma equipe de advogados para entrar com medidas judiciais no Arizona, em Michigan, Pensilvânia e Nevada. Relatos de assessores da Casa Branca indicam que o presidente estaria furioso com seus advogados, exigindo mais ação e resultados. A campanha republicana pretende atrair juristas de peso para uma batalha legal em múltiplos Estados.
A recontagem é certa em pelo menos dois: Wisconsin e Geórgia - mas não em razão de uma vitória de Trump nos tribunais. Em ambos, a diferença foi menor que 0,5 ponto porcentual, o que automaticamente dispara a recontagem. A Pensilvânia também tem o mesmo mecanismo, mas a diferença vem aumentando e deve ultrapassar o mínimo estabelecido por lei para uma nova apuração.
Após o anúncio da vitória de Biden, alguns aliados prestaram solidariedade ao presidente. "Alguns republicanos estão prontos para jogar a toalha e lutar em uma futura eleição", disse o deputado Matt Gaetz. "Mas não há futuro para o Partido Republicano se não lutarmos por Donald Trump neste momento crítico."
Além das ações legais, os republicanos estudam outras formas de impedir a presidência de Biden. Parte dos aliados de Trump, capitaneados pelo apresentador Sean Hannity, pelo advogado Mark Levin e pelo estrategista Seteve Bannon, defendeu nos últimos dias que o próximo passo seja dado pelos Congressos estaduais.
Em muitos Estados, o poder Legislativo é dominado pelos republicanos. Pela Constituição, são eles que devem designar os 538 representantes que se reunirão para votar, no dia 14 de dezembro, no colégio eleitoral. Historicamente, o poder dos congressistas foi sempre repassado para os eleitores. Agora, o que Bannon e Levin defendem é que eles retomem o poder de indicar esses eleitores, ignorando o vencedor nas urnas.
Há também entre os aliados do presidente quem defenda que ele permaneça como uma força política dentro do Partido Republicano. Com milhões de seguidores nas redes sociais e ponta de lança de um movimento de fiéis que ele criou, Trump seria porta-voz dos conservadores no governo Biden - e novamente o favorito para ser candidato do partido em 2024.
Normalmente, um ex-presidente americano, ao se aposentar, adota uma abordagem discreta, aparecendo pouco e atrapalhando o menos possível o sucessor. Trump faria o oposto.
O que pode atrapalhar os planos do presidente é a Justiça. Ele é alvo de investigações criminais e civis nos níveis federal e estadual e vinha usando a imunidade do cargo para não prestar depoimento e entregar documentos. O passo mais radical de Trump, um dos mais comentados em Washington, seria evitar o risco legal perdoando a si mesmo.
Outra possibilidade seria renunciar para que seu substituto, Mike Pence, o perdoasse preventivamente. No entanto, o perdão presidencial só pode ser usado para crimes federais.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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