O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, enviou nesta quinta-feira (28) uma carta ao novo secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, em mais uma sinalização de que quer abrir um canal de diálogo com o governo de Joe Biden.
O Itamaraty não divulgou a mensagem. Mas, de acordo com duas fontes que tiveram acesso à carta, o texto destaca a agenda e os interesses em comum entre os dois países em áreas como as econômica, comercial e ambiental.
O teor do comunicado vai na linha do que Ernesto já havia dito na última quinta (21), quando em live ao lado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), afirmou que Brasil e EUA têm tudo para ter "uma boa relação".
Na ocasião, o ministro afirmou que temos "muita coisa em comum com os Estados Unidos". Ele citou interesses em segurança, democracia e manutenção de acordos econômicos.
"Trabalhar juntos no meio ambiente. Por que não? Nós assinamos agora um memorando de cooperação ambiental em novembro, esperamos manter", disse o chanceler. Na questão ambiental, o ministro afirmou que o Brasil é atacado devido a "distorções que saem, infelizmente, em grande parte da mídia".
Após Bolsonaro e seu núcleo ideológico e familiar fazerem campanha aberta para o ex-presidente Donald Trump, o Brasil vem tentando uma aproximação com a administração do democrata.
Bolsonaro foi um dos últimos chefes de Estado a reconhecer a vitória de Biden na eleição e chegou a se dirigir, por mais de uma vez, de forma agressiva ao presidente americano.
Em 20 de janeiro, dia da posse do democrata, o governo brasileiro trocou o habitual telefonema para cumprimentar o novo presidente dos EUA por uma longa carta, enviada à Casa Branca.
Nesta quinta, em Washington, Biden riu após ser perguntado sobre quando iria conversar com Bolsonaro. Oito dias depois de assumir a Casa Branca, o democrata já falou diretamente com ao menos sete chefes de Estado, mas ainda não há planos sobre a vez do brasileiro.
Em entrevista coletiva nesta quinta, a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, disse que o Brasil terá papel-chave nas negociações sobre o clima, apesar de já ter dado mostras de que o país - ou o telefonema com Bolsonaro - não será o foco de Biden nesse primeiro momento.
Pressionado por causa das dificuldades nas negociações com China e Índia para trazer insumos e vacinas contra Covid-19 para o Brasil, Ernesto Araújo havia sob forte bombardeio dentro e fora do governo.
Último seguidor do ideólogo Olavo de Carvalho no primeiro escalão da gestão Bolsonaro, Ernesto chegou a entrar na lista de possíveis ministros que devem ser trocados na reforma ministerial prevista para depois das eleições dos novos presidentes da Câmara e do Senado.
Na quarta-feira (27), o vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) sinalizou que o chanceler poderia ser trocado.
Nesta quinta, Bolsonaro reagiu à declaração de seu vice. O presidente afirmou que cabe a ele escolher e demitir ministros, chamou seu vice de palpiteiro e disse que quem quiser escolher os membros do primeiro escalão do governo deve se candidatar nas próximas eleições presidenciais.
"O que nós menos precisamos é de palpiteiros no tocante à formação do meu ministério. Deixo bem claro que todos os 23 ministros sou eu que escolho e mais ninguém. Ponto final. Se alguém quiser escolher ministro, se candidate em 2022 e boa sorte em 23", afirmou.
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