A Embaixada da Alemanha no Brasil explicou, em um vídeo publicado em suas redes sociais, como as escolas alemães ensinam o período do Terceiro Reich, entre 1933 e 1945, marcado pelo holocausto, quando morreram cerca de 6 milhões de judeus e ainda 5 milhões de pessoas de outros grupos que sofreram nas mãos do nazismo. Alguns comentários de brasileiros, porém, chamaram atenção por contradizerem a História do país durante o governo de Adolf Hitler, do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, também chamado de Partido Nazista.
"Quem protesta contra os nazistas não é de esquerda, mas normal", diz trecho do vídeo, ao traduzir um cartaz mostrado numa foto de protesto na cidade de Chemnitz, no Leste da Alemanha.
"Quando a saudação de Hitler hoje volta a ser mostrada em nossas ruas, isso é uma vergonha para o nosso país", afirma o ministro das Relações Externas da Alemanha, Heiko Maas. "Devemos nos opor aos extremistas de direita, não devemos ignorar, temos que mostrar nossa cara contra neonazistas e antissemitas. Então temos que nos levantar do sofá e abrir nossas bocas. Os anos de estado vegetativo discursivo devem chegar ao fim".
Na Alemanha é crime negar o holocausto, exibir símbolos nazistas e fazer a saudação "Heil Hitler". O post da embaixada diz ainda que os estudantes começam a aprender sobre o nazismo quanto têm entre 13 e 15 anos, mas ressalta que a maioria costuma presenciar desde a infância a história da Alemanha Nazista "nas ruas, no turismo e nas memórias de família".
"Os alemães não escondem o seu passado. Pelo contrário, desde cedo são ensinados a confrontar os horrores do holocausto. O pensamento é: 'Conhecer e preservar a história para não repeti-la'", informa o vídeo da embaixada. "Em muitas cidades, é possível encontrar placas douradas no chão em frente a casas onde viviam famílias de judeus. Memoriais e museus que abordam o assunto estão espalhados pelo país".
A equipe de mídias sociais da embaixada explicou ao GLOBO que criou o vídeo com o objetivo de mostrar que os alemães não têm vergonha de falar sobre o passado nazista, principalmente para evitar que algo semelhante se repita. Mesmo assim, alguns movimentos da extrema-direita voltam a se manifestar. Por isso, foi inserida a fala do ministro Heiko Maas sobre a necessidade de as pessoas não ficarem paradas vendo isso acontecer, ressaltando a importância de combater o discurso nazista.
No entanto, alguns brasileiros contestaram as informações sobre o nazismo, negando o holocausto ou dizendo que o Terceiro Reich era de esquerda, em vez de um movimento da extrema-direita. A publicação, que não era relacionada ao Brasil, acabou se tornando uma discussão política polarizada, tomando a equipe de surpresa.
"'Extremistas de Direita'? O Partido de Hitler se chamava Partido dos Trabalhadores Socialistas. Onde tem Extrema Direita?", afirma trecho do comentário de um internauta.
A embaixada respondeu esse usuário do Facebook, pedindo que ele usasse uma "linguagem respeitosa".
"Estamos felizes que o nosso vídeo gerou uma importante discussão, mas pedimos para evitar insultos e para usar uma linguagem respeitosa, por favor", disse a página.
Outra pessoa afirmou no post do vídeo que o holocausto é uma "farsa".
"Ensinam história? Como em 1976, que tiveram de criar uma lei para proibir qualquer um de contestar a vericidade do holocausto? Já que os especialistas na época estavam desmascarando essa farsa (...) Sendo que grande parte dos jovens lá nem sabem quem é Hitler, uma parte sabe que ele foi mais benéfico do que maléfico pra Alemanha e uma minoria acha que foi um ditador monstro", comentou internauta, equivocadamente.
Mais uma vez, a Embaixada da Alemanha precisou se manifestar, para frisar a veracidade de fatos históricos.
"O holocausto é um fato histórico, com provas e testemunhas que podem ser encontradas em muitos lugares da Europa", respondeu a página na rede social.
Diante dos comentários que contestam a História alemã, houve internautas que sentiram a necessidade de pedir desculpas ao governo alemão por ter que lidar com aquelas mensagens.
"Embaixada da Alemanha, peço desculpa em nome dos professores e futuros professores de História deste pais, em algum momento houve falha", diz um dos comentários.
"A quantidade de negacionistas do holocausto só nessa postagem é nosso atestado de falência educacional. 8x1", afirma outro.
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