Após quatro meses de crise com o Ocidente, a Rússia decidiu atacar a Ucrânia nesta quinta-feira (24), naquilo que Kiev e a Otan (aliança militar ocidental) chamaram de invasão total. É a mais grave crise militar na Europa desde a Segunda Guerra Mundial e a maior operação do gênero desde que os Estados Unidos invadiram o Iraque, em 2003.
A invasão da Ucrânia pela Rússia é o ápice da escalada de tensões que começou em meados de novembro de 2021 e que se intensificou esta semana quando o presidente russo, Vladimir Putin, decidiu reconhecer a independência de duas regiões separatistas no leste da Ucrânia - movimento que serviu de pretexto para a entrada de tropas russas no país.
As hostilidades entre Rússia e Ucrânia não são novas e remontam ao fim da Guerra Fria. Mas uma série de acontecimentos recentes, que incluem crises internas, expansão de esferas de influência e revoltas pró-democracia ajudam a explicar por que Putin escolheu este momento para avançar novamente contra seu vizinho.
Em discurso à nação nesta segunda-feira (21), Putin fez questão de contestar o status da Ucrânia enquanto nação soberana. "A Ucrânia nunca teve uma tradição de um Estado genuíno”, afirmou, acrescentando que a Ucrânia moderna “foi inteiramente criada pela Rússia comunista” e atribuindo a Lênin a “autoria” do país.
O discurso de “um só povo”, que divide uma mesma história – a Ucrânia é uma ex-república soviética – vem sendo usado pelo presidente russo há anos.
“Putin afirmou durante a campanha eleitoral de Viktor Yanukovich em 2004 que considerava a Rússia e a Ucrânia como um só povo, ligados por religião, cultura e idioma”, explica o professor de História da Rússia e do Leste Europeu na Universidade de Alberta David Marples. “Ele repetiu o sentimento várias vezes desde então e não reconhece a independência da Ucrânia nem a validade de um Estado ucraniano.”
Com a aproximação entre a Ucrânia e os Estados Unidos, Putin vem investindo na ideia de que o país vizinho é um “irmão mais novo”, “desviado” pelo Ocidente e pelo qual vale a pena lutar, visando a uma reintegração “familiar”.
O interesse ucraniano de entrar para a Otan vem sendo apontado como a principal causa da crise. Para a doutora em Ciência Política e membro do think tank russo Russian International Affairs Council Ekaterina Chimiris, no entanto, essa possível candidatura não é a única razão para o conflito. “Motivos adicionais são a expansão da Otan para outros países e forças nativas adicionais da Otan perto de nossas fronteiras”, afirma.
Criada em 1949 com o objetivo de promover segurança coletiva contra a União Soviética, a aliança era composta inicialmente apenas por países ocidentais. A partir de 1999, no entanto, a Otan passou a se expandir para a Europa central e o leste europeu, um movimento que a Rússia vê como uma ameaça a sua hegemonia na região. Em 2008, a aliança prometeu que duas ex-repúblicas soviéticas – Geórgia e Ucrânia – seriam um dia aceitas como membros, enfurecendo o Estado russo.
A candidatura da Ucrânia se tornou oficial em 2018, embora não haja qualquer garantia de que a junção vá acontecer em breve. Pelo contrário, França e Alemanha já se opuseram à adesão no passado - em grande parte buscando não criar atritos com a Rússia - e as nações já citaram problemas persistentes de corrupção e um estado de direito fraco como motivos para não inserirem a Ucrânia na aliança.
A relação da Rússia com os dois presidentes ucranianos mais recentes também podem ajudar a explicar a crise, defende Marples.
Empossado após as revoltas civis de 2013-2014, Petro Poroshenko baseou sua campanha no tripé “nação, igreja e exército”, uma postura abertamente hostil a Moscou, explica. Ele também teria ignorado o compromisso da Ucrânia com os Acordos de Minsk de 2015, falhando em conceder autonomia às regiões de Donetsk e Luhansk, reconhecidas pelo presidente russo esta semana.
E embora sua derrota tenha sido vista de maneira positiva por Moscou, o novo presidente eleito, Volodmir Zelenski, decidiu dar continuidade às políticas do seu antecessor. Ele também reprimiu apoiadores russos dentro de seu país, fechou um popular site pró-Rússia, e colocou a principal figura política pró-Rússia, Viktor Medvedchuk, em prisão domiciliar.
A ameaça à Ucrânia também é uma tentativa de reverter uma tendência anti-russa entre os vizinhos de Moscou, defende Marples. Em Belarus, manifestantes se reuniram em protestos massivos contra o presidente Alexander Lukashenko, aliado de Putin, enquanto a principal rival do ditador, Sviatlana Tsikhanouskaya, percorria a Europa pedindo apoio de países ocidentais.
No final de 2021, o governo do Casaquistão, liderado por outro aliado da Rússia, Nursultan Nazarbayev, também enfrentou grandes revoltas. E embora nenhum dos movimentos tenha alcançado algum sucesso, Putin não ignora que há um grande descontentamento em ambos os Estados. Ele atribui a instabilidade à interferência ocidental.
Putin enfrenta suas próprias questões internas. A Rússia tentou mostrar força durante a pandemia de Covid-19, buscando liderar a corrida pelas vacinas, mas o fármaco desenvolvido no país caminhou pouco no mundo. Além disso, a Rússia foi um dos países mais atingidos pela doença, apesar dos esforços para mascarar parte desses dados.
A economia também entra no jogo. “Putin planejou mudanças constitucionais para se manter no poder indefinidamente. Mas a Rússia é uma potência de armas nucleares com um exército poderoso que não pode competir economicamente como uma grande potência. Sua economia é baseada em recursos não renováveis e seu PIB é cerca de metade do do Estado da Califórnia”, explica Marples.
“Assim, crises econômicas cíclicas, causadas pela alta e queda dos preços do gás e do petróleo, são inevitáveis e prejudicam a popularidade de Putin. Um sucesso de política externa poderia diminuir esses problemas em casa, é uma política frequentemente usada por líderes ditatoriais.”
Em 2021, a confiança em Putin caiu para seu nível mais baixo desde 2012, indicam dados do Levada Center, uma organização de pesquisa russa independente. À época, o estudo descobriu que 53% dos entrevistados confiavam no líder russo, contra 71% em setembro de 2017. Os índices de aprovação de Putin foram reduzidos por uma série de medidas impopulares, incluindo uma ampla reforma previdenciária em 2019, bem como pela estagnação do padrão de vida dos russos, que caíram a níveis não vistos desde 2012.
Para o professor do Instituto Aleksanteri - Centro Finlandês de Estudos Russos e do Leste Europeu Vladimir Gel'man, essa questão é relevante. “Certamente, o conflito internacional e a mobilização pró-Kremlin são considerados uma solução plausível para fatores domésticos importantes, relacionados ao declínio da popularidade de Putin para as próximas eleições presidenciais de 2024”, afirma. “Certamente o conflito internacional e a mobilização pró-Kremlin são considerados uma solução plausível para esse problema. O Kremlin gostaria de repetir a experiência de 2014, quando a taxa de aprovação de Putin disparou após a anexação da Crimeia.”
A confiança em Putin disparou em 2015, um ano após a anexação, chegando a quase 80%, segundo um levantamento do Levada.
Ekaterina Chimiris afirma que uma guerra neste momento poderia não contribuir positivamente para a imagem de Putin internamente. “Claro que para a maioria dos russos, a verdadeira guerra é absolutamente inaceitável”, diz. No entanto, explica, ter um exército forte que proteja os países do entorno da Rússia também é importante para o povo russo. “Agora a Rússia é considerada a protetora. Falando em palavras simples, nós pensamos: ‘Nosso país é muito forte. Nosso país é muito forte porque temos esse exército e temos potencial para proteger nossas fronteiras, mas não somos invasores ou algo assim”, explica.
Mas especialistas pontuam que a principal motivação de Putin, neste momento, é a demonstração de força contra as potências ocidentais, em um esforço com fins tanto internacionais quanto internos.
“O principal objetivo da Rússia agora é, de alguma forma, mostrar que ainda temos essa capacidade de superpotência. Que ainda temos nossa voz na arena mundial e que ninguém pode criar regras para nós. Assim como não vamos fazer novas regras para o mundo”, diz Chimiris.
Ela explica que a narrativa ocidental, em especial na imprensa, é vista como uma força agressiva para a Rússia, principalmente quando essa narrativa é expandida para todos os países da Otan juntos. “O ocidente, como um ator coletivo, é uma ameaça na visão russa. A Rússia se sente muito insultada pelos discursos agressivos dos políticos ocidentais de que produzimos apenas propaganda, nacionalismo e assim por diante. Os principais valores para os russos hoje é nosso legado histórico sobre a 2ª Guerra e o chamado mundo russo e o uso da língua russa nos países mais próximos. Isso é muito importante para nós.”
O timing para a demonstração de força parece ideal, em um cenário de nações ocidentais enfraquecidas. “(O presidente americano Joe) Biden chegou ao poder com muitas expectativas, mas tem um mandato muito enfraquecido já no começo do segundo ano. Isso altera o cálculo de quem quer enfrentar os EUA, explica Vinicius Rodrigues Vieira, professor de Relações Internacionais da Faap. “Uma das potenciais razões (para a invasão neste momento) seria justamente aproveitar o momento de fragilidade do presidente americano, fragilidade que Putin pode inclusive ampliar.”
O professor também relembra que a saída de Angela Merkel da chancelaria da Alemanha facilita esse movimento de Putin, já que o novo chanceler, Olaf Scholz tende a agir de forma mais pacífica com essas ações - Olaf se encontrou com Biden e depois com Putin em uma mesma semana tentando suavizar as tensões.
O Reino Unido também enfrenta as suas próprias tensões internas, com uma economia patinando e Boris Johnson na berlinda após festas durante a quarentena. E a França passa este ano por eleições que, invariavelmente, se tornam o foco dos políticos do país. “Do lado ocidental é uma tempestade perfeita para que alguém que é muito engenhoso, do ponto de vista da diplomacia internacional, como é o Putin, venha a fazer esse tipo de ação”, diz Vieira.
O presidente Vladimir Putin foi à TV às 5h45 desta quinta-feira (24), no horário local, (23h45 da quarta-feira, dia 23, em Brasília) para dizer que faria uma "operação militar especial" no Donbass, a área de maioria russa étnica no leste do vizinho. Seu comando militar, contudo, confirmou que "armas de precisão estão degradando a infraestrutura militar, bases aéreas e aviação das Forças Armadas ucranianas".
Além disso, o comando militar das repúblicas rebeldes afirma que está avançando com suporte russo rumo às fronteiras que consideram suas, violando assim território ucraniano que estava sob Kiev. O nome disso é guerra, invasão ainda que não total.
Há explosões ouvidas em diversos pontos do país e uma chuva de versões em redes sociais. Houve relatos de Kiev, negados depois pelo governo, de forças russas desembarcando em Odessa, importante porto no mar Negro. Na cidade, segundo o governo ucraniano, morreram ao menos seis pessoas em ataques com mísseis.
TVs mostraram tanques que estariam invadindo o norte do país a partir da Belarus, sem confirmação independente. Imagens ao vivo mostraram o bombardeamento de Kharkiv com mísseis disparados de Belgorod, na Rússia.
Por outro lado, Moscou falou que forças ucranianas "não estão resistindo a unidades russas", sem dizer onde. Também foi relatada a derrubada de cinco aviões e um helicóptero russos, além da morte de 50 soldados invasores, o que Moscou nega.
Tudo começou com um pronunciamento às 5h45 (23h45 da quarta-feira, dia 23, em Brasília), no qual Putin anunciou uma "operação militar especial" para "proteger a população do Donbass", região do vizinho na qual ele reconheceu áreas rebeldes pró-Rússia na segunda (21).
Ele disse que quer trazer à justiça quem cometeu o que chamou de "genocídio" e "crimes" contra russos nas áreas, além de "desmilitarizar e desnazificar" a Ucrânia.
Há sinais claros de um ataque amplo, mas não se sabe se é uma invasão total nos termos colocados por Kiev e pelo Ocidente. Putin disse estar cumprindo o que havia prometido: enviar tropas para apoiar as autoproclamadas repúblicas de Donetsk e Lugansk, e negou que irá ocupar território.
O governo em Kiev pensa diferente. "A invasão da Ucrânia começou", afirmou por sua vez o ministro do Interior ucraniano, Denis Monastirski, citando ataques com artilharia e mísseis. "É uma invasão total", disse seu colega chanceler, Dmitro Kuleba, no Twitter. O país decretou lei marcial e fechou seu espaço aéreo.
O presidente Volodimir Zelenski divulgou vídeo afirmando que os russos atacaram pontos de fronteira e infraestrutura militar do país. "Fiquem calmos", disse, afirmando que o presidente Joe Biden prometeu apoio dos EUA. Mais tarde, ele fez um pronunciamento dizendo que as forças ucranianas estavam resistindo, pedindo doações de sangue para soldados e afirmando que os próximos passos da guerra dependiam de Putin um truísmo, dada a desproporção de poderio militar de lado a lado.
"Por tudo o que estamos vendo até aqui, e é preciso mais clareza, parece mesmo ser uma invasão", disse por telefone um dos principais analistas militares russos, Ruslan Pukhov, diretor do Centro de Análise de Estratégias e Tecnologias, de Moscou.
A Otan, por sua vez, chamou o ataque de "invasão por diversas frentes" e um "ato brutal de guerra". Segundo seu secretário-geral, Jens Stoltenberg, é uma "invasão planejada há muito tempo". Ele voltou a dizer que a aliança militar de 30 membros manterá alta vigilância no Leste Europeu mas, também previsivelmente, não irá mexer uma palha militar para defender a Ucrânia.
Houve explosões em torno de Kiev e de Kharkiv, importante centro no leste do país. Sirenes antiaéreas começaram a soar na capital às 7h06 locais (2h06 em Brasília), mas até agora não houve relatos de bombardeio diretos da cidade. O comando militar russo disse que não está mirando civis.
O governo em Kiev afirma que blindados russos chegaram perto da capital, e um aeroporto a 25 km da cidade foi tomado por forças aerotransportadas por helicóptero.
Segundo disse por telefone um morador de Rostov-do-Don à reportagem, Mariupol ficou sob fogo também. A agência Reuters divulgou fotografia de tanques russos entrando na cidade, corroborando a ideia de invasão de território ucraniano.
A cidade portuária no mar Negro fica a 180 km da capital da região de Rostov e é um ponto importante perto da chamada linha de contato, a fronteira de 430 km entre os rebeldes pró-Rússia e as forças de Kiev. Segundo Kiev, morreram ao menos duas pessoas lá.
É incerto o que acontece lá: se os russos estão fazendo o que Putin anunciou, "desmilitarizar" a região em torno das ditas repúblicas rebeldes, ou se é o prenúncio de uma ocupação generalizada. Esta é a questão central que preocupa planejadores ocidentais desde a segunda.
O cenário desenhado até aqui é o de incapacitação das Forças Armadas ucranianas, em um grau semelhante ao imposto à Geórgia pelo mesmo motivo de aproximação com o Ocidente em 2008, restando saber até onde o Kremlin pretende ir. Os sinais não são auspiciosos para Kiev.
"As repúblicas do Donbass nos procuraram e pediram ajuda. O objetivo [da "operação militar especial] é proteger o povo do abuso e do genocídio a que ele vem sido submetido pelo regime de Kiev. Para isso, vamos buscar desmilitarizar e desnazificar a Ucrânia, e levar à justiça aqueles que cometeram numerosos crimes sangrentos contra um povo pacífico, incluindo cidadãos russos", disse Putin.
É uma declaração que promete caçar membros do governo ucraniano. O Donbass é talvez 80% russófono e tem cerca de 4 milhões de pessoas nas áreas rebeldes. Desses, 800 mil têm passaporte de Moscou.
Nessa fala, o presidente russo delineou a justificativa da ação para seu público interno. A "desnazificação" a que ele se refere ressoa fortemente na Rússia, já que de fato há elementos nas Forças Armadas da Ucrânia com associações neonazistas como o famoso Batalhão Azov, que usa insígnia da SS nazista. Os alemães lutaram contra os soviéticos pelo controle da Ucrânia na Segunda Guerra Mundial.
O presidente Zelenski, contudo, é judeu e sempre que pode lembrar disso ao comentar as acusações russas.
O presidente americano, Joe Biden, que desde janeiro fala em "invasão iminente" dos russos, afirmou que o país "será responsabilizado" pelos ataques. Até aqui, contudo, o líder do país que comanda a Otan, a aliança militar ocidental, só anunciou sanções econômicas e prometeu outras ainda mais duras em caso de ação armada de Putin.
A Ucrânia não é parte da Otan, então seus 30 membros não vão defendê-la, como ocorreria se fosse com qualquer um dos integrantes do clube. "Temos cem jatos em alerta máximo. Não pode haver erros de cálculo: o ataque a um [dos membros] é a todos", disse Stoltenberg. O desejo do governo pró-Ocidental que tomou o poder em 2014 era exatamente entrar na aliança, assim como na União Europeia.
Visando evitar a chegada do arcabouço ocidental à sua mais importante fronteira, assim como a da aliada ditadura da Belarus, Putin interveio na crise oito anos atrás anexando a Crimeia e fomentando a guerra civil que agora pretende resolver "manu militari" no leste do país.
Putin pediu para que a Ucrânia baixe as armas no leste e fez uma advertência sombria às potências estrangeiras. "Para qualquer um que considerar interferir de fora: se você o fizer, irá enfrentar consequências maiores do que qualquer uma que enfrentou na história. Todas as decisões relevantes foram tomadas, eu espero que você me ouça", afirmou.
São palavras de retórica incendiária, mas sempre é bom lembrar que no sábado passado (19), o autor dela comandou um grande exercício militar demonstrando capacidades de ataque nuclear por solo, ar e mar. Novamente: a Terceira Guerra Mundial não parece provável porque o próprio Biden já disse que na Otan não interviria militarmente, mas os riscos estão todos colocados.
A ação culmina quatro meses de tensão. Putin mobilizou cerca de 150 mil a 190 mil soldados em torno do país, segundo o Ocidente, e emitiu um ultimato para que a Otan pare de se expandir e que nunca absorva a Ucrânia, entre outros pontos. O russo reclama desde então que o Ocidente, que rejeitou as demandas, não ouviu ele falar sobre "linhas vermelhas".
Até aqui, as tropas mobilizadas davam credibilidade à ameaça russa. Nesta quinta, foram além disso. A Rússia fechou 12 aeroportos no sul do país e suspendeu os pregões de Bolsas de Valores.
O anúncio foi feito exatamente ao mesmo tempo que uma reunião emergencial do Conselho de Segurança da ONU debatia a crise. Na abertura da reunião, o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, fez um pedido claro ao líder russo. "Se uma operação está sendo preparada, eu realmente digo do fundo do coração: impeça suas tropas de atacar a Ucrânia. Dê uma chance a paz. Muitas pessoas já morreram".
Mais cedo na quarta, Putin dissera que estava disposto a negociar uma solução diplomática para a crise com o Ocidente, desde que respeitados os "interesses e a segurança" de seu país. Para ele, "inegociáveis".
Do outro lado da fronteira, o Parlamento da Ucrânia aprovou nesta quarta-feira (23) uma declaração de estado de emergência válida para todo o país, exceto para as duas regiões no leste, onde já há uma medida do tipo em vigor desde 2014.
Segundo havia dito mais cedo Zelenski, um comediante sem experiência na política eleito de surpresa em 2019, seu país está cercado. "O povo ucraniano quer paz. O governo da Ucrânia quer paz e está fazendo tudo o que pode para alcançá-la", afirmou.
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