O primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, anunciou neste sábado (28) que todos os trabalhadores de atividades não essenciais devem ficar em casa de 30 de março a 9 de abril.
O objetivo é reduzir os contatos entre os espanhóis para ajudar a frear a pandemia de coronavírus, que já afetou 72.248 pessoas no país, com 5.812 mortes.
Sánchez afirmou em pronunciamento que "este é o momento ideal" para reduzir a mobilidade de todos, não só pelo número de casos e mortes registrados mas também porque "a sociedade está pronta para cumprir essa medida".
Nas últimas duas semanas, espanhóis podiam sair se carregassem um certificado de que precisavam ir ao trabalho. Sem o papel, estavam sujeitos a multa de 600 euros (equivalente a R$ 3.390).
O feriado de Semana Santa é um dos motivos que ajuda a restrição, segundo ele. Trabalhadores e empresas devem negociar para que as horas não trabalhadas nos dias úteis sejam compensadas quando o país voltar ao normal.
O pronunciamento de Sánchez ocorre num momento em que a Espanha registra recordes diários de mortes. Neste sábado (28), foram 832, o maior número em 24 horas desde que o primeiro caso foi confirmado no país, em 30 de janeiro.
"O mais importante agora é reduzir o número de hospitalizados e o crescimento dos infectados", disse.
No último dia, o aumento dos casos confirmados foi de 12,7%, uma desaceleração em relação aos 14% da sexta, mas o primeiro-ministro afirmou que os números ainda podem continuar altos, porque a Espanha está aumentando o número de testes.
A principal preocupação no momento é a superlotação dos hospitais: há 4.165 doentes em estado grave, com necessidade de tratamento intensivo. O país está chegando ao pico da pandemia, segundo o Centro de Coordenação de Emergências Sanitárias.
Na entrevista após o comunicado, Sánchez voltou a criticar vizinhos europeus por se recusarem a aprovar um plano de recuperação econômica mais solidário com os países mais pobres.
A Espanha defende a emissão conjunta de títulos de dívida (apelidados de "coronabonds"), para que todos os países tenham acesso a financiamento nas mesmas condições. A proposta levou a um impasse os líderes dos 27 membros da União Europeia, depois de seis horas de reunião.
Assim como na primeira tentativa de estabelecer um orçamento dos próximos sete anos (também encerrada em impasse), o Conselho Europeu desta quinta (26) ficou polarizado entre dois grupos: Frugais e Grupo dos 9, que inclui Itália e Espanha, os países mais afetados pelo coronavírus, além de Bélgica, França, Grécia, Irlanda, Luxemburgo, Portugal e Eslovênia.
Os Nove argumentam que nenhum país tem responsabilidade pela crise pela qual estão passando, por isso não deveriam ser punidos por fatores alheios à pandemia, como déficits nas contas públicas.
Mas a ideia de subscrever empréstimos para bancar gastos públicos de outros países é rejeitada pelos Frugais (Holanda, Áustria, Dinamarca e Suécia, com apoio da Alemanha e da Finlândia), para os quais a pandemia ainda está em evolução e é cedo para dar um passo tão grande quanto uma emissão comum de dívida.
O grupo é formado por países "doadores", cuja participação nas receitas da União Europeia é maior que os recursos que recebem do Orçamento, mecanismo que está na base do funcionamento do bloco europeu: os membros mais ricos contribuem para financiar o desenvolvimento dos mais pobres.
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