Em meio a um aumento de surtos de Covid-19 em vários países europeus, o Reino Unido anunciou neste sábado (25) que residentes que voltarem da Espanha a partir da 0h de domingo terão que se isolar totalmente em casa por duas semanas.
O governo britânico também desaconselhou viagens não essenciais ao país ibérico, que nesta semana viu ressurgirem focos de infecção por coronavírus em três regiões: Aragão, Galícia e, principalmente, na Catalunha.
Quase 8.000 casos foram diagnosticados na região nos últimos 14 dias, quase a metade dos 16.410 novos contágios registrados na Espanha. O número diário de novos casos no país vinha caindo desde o começo de maio, mas voltou a crescer para cerca de 900 por dia.
França, Alemanha, Bélgica também anunciaram um aumento no número de novos casos e na taxa de transmissão (que indica para quantas pessoas em média cada infectado transmite o vírus).
Na quinta, o governo francês informou mais de 1.000 novos casos diários, a maior parte afetando idosos, mas com alta entre "jovens adultos", por causa da redução no distanciamento físico e outros cuidados contra o contágio.
"Durante o verão e as férias, pode parecer artificial cumprimentar-se e conversar à distância, mas esse esforço individual é crucial para impedir que a epidemia se recupere e afete nossa liberdade", afirmou comunicado do Ministério da Saúde.
Na Alemanha, o Instituto Robert Koch (agência de saúde) registrou 815 novos casos na sexta, contra 583 na semana passada e 395 na semana anterior, e pesquisadores afirmaram que está ocorrendo aumento entre a população, e não apenas em frigoríficos e outros locais pontuais.
Na Bélgica, a média de novos casos por semana quase dobrou, com 85% dos novos casos diagnosticados em pessoas com menos de 60 anos. O governo, que adiou a passagem para uma nova fase de relaxamento das medidas de combate ao contágio, anunciou que uma menina de três anos se tornou a vítima mais jovem do coronavírus no país.
Um número maior de infecções diárias também preocupa a Áustria, onde o governo retomou o uso obrigatório de máscaras nas lojas na última sexta. "Nosso lema permanece o mesmo: tanta liberdade quanto possível, tantas restrições quanto necessárias", afirmou em mídia social o premiê austríaco, Sebastian Kurz.
Segundo cálculos do Imperial College na semana passada, Espanha, Itália, Bélgica e o próprio Reino Unido registram taxa acima de 1, o que indica que o contágio está se acelerando.
Além da Espanha, o Reino Unido exige quarentena de 14 dias de todos os que chegam de países com transmissão ainda alta, como Brasil, Estados Unidos, Portugal, Suécia, Sérvia e Rússia.
Na sexta, o governo francês também desaconselhou viagens à Espanha e a Noruega estabeleceu quarentena de dez dias para quem chega do país, restrições que podem prejudicar a economia espanhola, que tem mais de 11% de sua atividade baseada em turismo.
Estimativas deste mês divulgadas pela Comissão Europeia indicavam que o PIB do país pode se contrair quase 11% em 2020, a segunda maior queda no bloco, depois da Itália.
Em reação, a ministra de Relações Exteriores da Espanha, Arancha González Laya, afirmou na TV que "os governos, tanto nacional quanto regionais, estão trabalhando para isolar os casos assim que aparecerem, rastrear os contatos e garantir que os tratemos". As medidas são as recomendadas pela Organização Mundial da Saúde, segundo a qual o surgimento de novos focos é esperado com a retomada da economia.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta