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Evento de Trump em Tusla, no Oklahoma gera revolta

Evento de Trump em Tusla, no Oklahoma gera revolta

Em meio a protestos em todo o país, o evento será realizado no cenário de um dos piores massacres racistas da história dos EUA, em 1921

Publicado em 13 de junho de 2020 às 08:09

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Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump
Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. (Andrea Hanks/Official White House Photo)

O presidente dos EUA, Donald Trump, enfrenta fortes críticas por escolher realizar seu primeiro comício eleitoral durante a pandemia de coronavírus em Tulsa, Oklahoma, cenário de um dos piores massacres racistas na história dos EUA, em 1921. O evento de campanha será realizado no dia 19 de junho - conhecido como Juneteenth -, data da Abolição da Escravatura nos EUA, que ocorreu em 1865, quando os escravos foram emancipados no Texas.

A decisão de realizar o comício em Tulsa em meio a protestos antirracismo e contra a violência policial em todo o país - desencadeados pelo assassinato do ex-segurança George Floyd pela polícia - foi criticada como uma ação ainda mais incendiária pelo simbolismo histórico do massacre racial de Tulsa, no qual pelo menos 300 negros foram mortos por multidões brancas. Os críticos acusaram o presidente de "provocação" e qualificaram sua decisão como "blasfêmia".

No New York Times, a colunista Michelle Goldberg disse que "um presidente racista provoca seus inimigos com uma manifestação no dia 19 de junho". No Washington Post, CeLillianne Green, descreveu o evento como "uma blasfêmia para o povo de Tulsa, que insulta a noção de liberdade, que é o que a Juneteenth simboliza".

A ex-candidata presidencial democrata e senadora Kamala Harris atacou a decisão de Trump. "Isso não é apenas uma piscadela para os supremacistas brancos - ele está dando a eles uma festa de boas-vindas", escreveu a senadora no Twitter.

O massacre de Tulsa, uma cidade altamente segregada, ocorreu entre 31 de maio e 1.º de junho de 1921, com multidões de brancos atacando o bairro de Greenwood, conhecido como Black Wall Street, por sua prosperidade. Em dois dias de violência, segundo estimativa posterior da Cruz Vermelha, 1.256 construções foram queimadas, entre elas casas, duas redações de jornais, uma escola, uma biblioteca, um hospital, igrejas, hotéis, lojas e fábricas.

Embora a contagem oficial da época afirmasse que apenas 36 pessoas haviam sido mortas, os historiadores acreditam que o número é consideravelmente maior. Em 2001, o relatório da Comissão de Motins Raciais sugeriu que havia entre 100 e 300 mortes.

Sherry Gamble Smith, presidente da Câmara de Comércio de Black Wall Street, uma organização que homenageia a comunidade alvo do ataque de 1921, disse que "escolher essa data para vir a Tulsa é totalmente desrespeitoso. É como um tapa na cara".

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Na quinta-feira, 11, Trump anunciou a retomada de sua campanha pela reeleição, na votação que ocorre em novembro, com atos nos Estados de Oklahoma, Flórida, Arizona e Carolina do Norte, apesar de a pandemia do novo coronavírus continuar provocando mortes no país. Nestes três últimos Estados, o número de infectados aumentou recentemente. No site da campanha do republicano, seus apoiadores têm de assinar um termo para participar dos eventos. "Ao participar deste ato, você e qualquer convidado assumirá todos os riscos relacionados à exposição à covid-19", diz a página do comício de Oklahoma no dia 19.

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