O vulcão Cumbre Vieja, em La Palma, entrou em erupção no dia 19 de setembro deste ano. Ele fica nas Ilhas Canárias — apesar de ser território espanhol, o vulcão fica na costa noroeste africana.
E com as atividades vulcânicas, as redes sociais foram tomadas pelo temor de um tsunami no outro lado do Oceano Atlântico, atingindo o Brasil! Mais precisamente, o Espírito Santo!
Pois é, estudos apontaram a chance remotíssima, quase nula, de uma erupção explosiva do vulcão que jogasse uma quantidade gigante de material no mar, de 500 km cúbicos, provocando ondas em alto-mar de até 100 metros de altura, que chegariam ao Nordeste do Brasil com cerca de 40 metros de altura e no litoral capixaba com até 20 metros de altura.
Para se ter uma noção: a maior onda surfada tem 24,4 metros, segundo o recorde atual, de Rodrigo Koxa em 2017.
Pesquisadores do Instituto Geológico y Minero de España (IGME), que estão acompanhando de perto a erupção em La Palma, citam que ela é do tipo do estromboliana, marcada por explosões curtas e espaçadas, sem risco de uma grande explosão mais perigosa. Os maiores riscos são os fluxos de lava e as emissões de gases.
Novos estudos anulam a possibilidade de um tsunami no Brasil, pois a altura das explosões está longe de causar riscos.
A vulcanóloga Kellin Schmidt disse para o UOL que a hipótese levantada sobre uma possível explosão e colapso de parte da ilha só aconteceria se houvesse uma instabilidade, o que não existe hoje nem deve se apresentar por séculos.
Formada na UnB (Universidade de Brasília), a pesquisadora mora em Madri (capital da Espanha) e hoje é responsável pelo projeto "Volcano Expedition". Ela está acompanhando de perto a erupção em La Palma.
"Seria necessário que o edifício vulcânico Cumbre Vieja alcançasse mais de mil metros sobre a elevação atual. Para que essa altitude seja alcançada, serão necessários mais 50 mil anos, tomando como referência a taxa média de crescimento da ilha", explica.
Os maiores riscos atuais são os fluxos de lava e as emissões de gases. O encontro do magma ardente com o mar pode gerar nuvens tóxicas e ondas de água fervente na costa da ilha.
Fábio Braz Machado, membro da Sociedade Brasileira de Geologia e professor e pesquisador em petrologia ígnea da Universidade Federal do Paraná (UFPR) também explicou que, depois de entrar em uma erupção, o natural é que o vulcão adormeça por alguns anos.
Os pesquisadores são unânimes em apontar que não há risco de erupção explosiva, já que a pressão que poderia causar a explosão foi liberada —como mostram as imagens de lavas saindo de dentro do vulcão e correndo pela ilha. "Foi a pressão que fez com a lava escorresse", afirma Fábio Machado.
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