Em meio a uma onda de protestos que se espalhou pelos Estados Unidos contra a violência policial e o racismo, o presidente Donald Trump incentivou nesta segunda (1º) os governadores do país a usarem táticas agressivas contra os manifestantes e disse que aqueles que não o fizerem vão parecer "babacas".
A declaração foi dada durante uma videoconferência entre o republicano e as próprias autoridades estaduais. A reunião foi fechada para jornalistas, mas a imprensa americana teve acesso ao áudio das falas do presidente.
"Vocês precisam dominar", disse ele diretamente aos governadores, de acordo com o jornal The New York Times. "Se vocês não dominarem, vocês estão perdendo seu tempo -eles [os manifestantes] vão passar por cima de vocês e vocês vão parecer um bando de babacas", continuou Trump.
"Vocês precisam prender pessoas e precisam julgar pessoas, e elas tem que ir para a prisão por um longo tempo".
Segundo a rede de TV CNN, o republicano voltou a culpar o que chama de "esquerda radical" pelos protestos.
"É um movimento. Se vocês não acabarem com isso, vai ficar cada vez pior. O único momento em que ele tem sucesso é quando vocês estão fracos, e a maioria de vocês está fraca", afirmou o republicano aos governadores, de acordo com a emissora.
Os atos começaram como manifestações pacíficas depois que um homem negro desarmado, George Floyd, morreu sufocado por um policial branco, que ajoelhou sobre o pescoço dele, no chão, em Minneapolis.
À medida que os protestos se alastraram pelo país, no entanto, inúmeros embates entre policiais e manifestantes foram registrados, e lojas, incendiadas e saqueadas.
A prisão do agora ex-policial Derek Chauvin na sexta-feira (29), sob acusação de homicídio, não é suficiente, na visão dos manifestantes. A expectativa é que os três policiais que assistiram à cena de Floyd sendo sufocado e não fizeram nada para evitar o assassinato recebam acusações em breve.
Nesta segunda-feira, a porta-voz da Casa Branca, Kayleigh McEnany, disse que os EUA precisam de "lei e ordem". Em entrevista à Fox News, ela atribuiu a violência das manifestações a grupos antifascismo.
No domingo (31), Trump já tinha afirmado, no Twitter, que pretende classificar os antifascistas como uma organização terrorista. A mensagem foi republicada pelo presidente Jair Bolsonaro. No entanto, o antifascismo é uma posição política, não uma entidade ou partido.
O presidente americano também retuitou no fim de semana mensagem de um radialista conservador que afirmava: "Isso não vai parar até que as pessoas boas estejam dispostas a usar força esmagadora contra os bandidos".
Apesar da situação, a Casa Branca até o momento não tem planos de federalizar nem assumir o controle da Guarda Nacional, afirmou o conselheiro de segurança nacional, Robert O'Brien.
Na maior parte do domingo, as manifestações seguiram pacíficas, como, por exemplo, em uma marcha em Nova York. Houve, porém, já no fim da tarde, confrontos entre ativistas e agentes de segurança na Filadélfia, em Santa Monica e em San Diego.
Em Minneapolis, um caminhão-tanque avançou sobre ativistas, mas ninguém ficou ferido, segundo uma testemunha da agência de notícias Reuters. O motorista foi retirado do caminhão e espancado.
Em várias cidades, manifestantes quebraram vidros de lojas e atearam fogo a estabelecimentos, e a polícia usou balas de borracha e gás lacrimogêneo para dispersar a multidão. Jornalistas e manifestantes pacíficos também foram alvos de policiais.
Na capital, Washington, a madrugada foi marcada por vários incêndios em carros, prédios e bandeiras americanas. Lojas foram saqueadas, e policiais confrontaram grupos de manifestantes com gás lacrimogêneo, spray de pimenta e balas de borracha.
A prefeita de Washington, Muriel Bowser, disse nesta segunda que a cidade está se preparando para "vários dias de manifestações". Além da capital, pelo menos 40 cidades americanas decretaram toques de recolher, o que não impediu milhares de manifestantes de voltarem às ruas em meio à pandemia do novo coronavírus.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta