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Impeachment de Trump tem último capítulo na Câmara dos EUA

Impeachment de Trump tem último capítulo na Câmara dos EUA

Os democratas, que têm maioria, pretendem votar no plenário as duas acusações contra o presidente, por abuso de poder e obstrução do Congresso

Publicado em 18 de dezembro de 2019 às 21:39

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Donald Trump. (Isac Nóbrega/PR)

Foram quase três meses de intimações, depoimentos, relatórios e transcrições que prenderam a atenção dos americanos. Nesta quarta-feira (18) o processo de impeachment de Donald Trump vive seu último capítulo na Câmara dos Deputados. Os democratas, que têm maioria, pretendem votar no plenário as duas acusações contra o presidente, por abuso de poder e obstrução do Congresso.

Nesta terça-feira (17) vários deputados democratas moderados - eleitos em distritos conservadores em 2018 - anunciaram apoio ao impeachment de Trump. Eles vinham sofrendo pressão da liderança do partido, mas temiam a reação de seus eleitores. A Câmara é composta por 435 deputados, mas 4 cadeiras estão vazias - 3 por renúncia e uma em razão da morte do democrata Elijah Cummings.

Dos 431 votos, portanto, os democratas precisam de 216 para aprovar o impeachment. Dos 233 deputados do partido, apenas 2 disseram publicamente ser contra a destituição de Trump - um deles, o deputado Jeff Van Drew, de New Jersey, anunciou até mesmo que mudaria de partido logo após a votação.

"O que o presidente fez foi errado", disse Ben McAdams, deputado democrata do Estado de Utah. "Não posso virar a cara e permitir que futuros presidentes, republicanos ou democratas, façam o mesmo", completou.

Elissa Slotkin, deputada democrata de Michigan, chegou a ser ameaçada por eleitores depois de declarar que votaria a favor do impeachment de Trump. "Foi uma decisão difícil", disse. "Sabia que receberia críticas, mas tenho certeza que estou fazendo a coisa certa. Espero que os eleitores entendam", disse.

APOIO

Chrissy Houlahan, deputada democrata moderada da Pensilvânia, postou um vídeo na noite de segunda-feira em apoio ao impeachment. Elaine Luria, de Virginia, e Mikie Sherrill, de New Jersey, declararam na terça apoio à destituição de Trump.

Uma vez aprovado na Câmara, como esperado, o processo segue para avaliação do Senado, onde o resultado também é previsível, mas em favor do presidente. Os republicanos têm maioria no Senado - de 100 senadores, 53 são do partido de Trump. A condenação, no entanto, segue uma regra diferente. O presidente seria destituído apenas com dois terços dos votos. Portanto, 20 senadores republicanos teriam de mudar de lado, o que é considerado improvável.

Em setembro, os democratas anunciaram a abertura de um processo de impeachment contra Trump. A justificativa foi a pressão feita sobre o governo da Ucrânia para que lançasse uma investigação sobre o democrata Joe Biden, que lidera as pesquisas para disputar a eleição presidencial de 2020 pelos democratas. Trump teria segurado o envio de US$ 391 milhões em ajuda militar aos ucranianos e, em troca do anúncio da investigação, ele receberia o presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, na Casa Branca.

Durante a investigação, os democratas concluíram também que Trump tentou sabotar o processo, ordenando que as autoridades de seu governo não testemunhassem e não entregassem os documentos pedidos pela Câmara dos Deputados. O presidente alega que não fez nada de errado e reclama que a investigação foi uma "caça às bruxas".

SENADO

Nesta terça, o presidente do Senado, o republicano Mitch McConnell, rejeitou a proposta dos democratas de convocar novas testemunhas durante a nova fase do processo de impeachment. Durante o tempo em que o inquérito tramitou na Câmara, os deputados intimaram assessores e ex-secretários de Trump, como o chefe de gabinete da Casa Branca, Mick Mulvaney, o ex-conselheiro de Segurança Nacional John Bolton, o assessor de Mulvaney, Robert Blair, e o secretário do Orçamento Michael Duffey.

Um dos poucos que se ofereceram foi Bolton, demitido por Trump em setembro. Ele se colocou à disposição, desde que a Justiça desse sinal verde para seu depoimento. Os democratas, no entanto, tinham pressa para concluir o impeachment e não esperaram a decisão judicial - eles temem que o processo se arraste e afete as primárias do partido, que começam em fevereiro.

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Se for derrotado na Câmara dos Deputados, Trump se tornará o terceiro presidente dos EUA a sofrer um processo de impeachment. Andrew Johnson, em 1868, e Bill Clinton, em 1998, também foram condenados pelos deputados, mas absolvidos no Senado. Em 1974, Richard Nixon renunciou antes de o processo ser concluído. Até hoje, nenhum presidente americano foi destituído pelo Congresso. (Com agências internacionais).

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