Ao menos 51 pessoas morreram em meio a um incêndio em uma penitenciária de Tuluá, cidade no sudoeste da Colômbia, iniciado durante uma rebelião nesta terça (28), informou o diretor do Instituto Nacional Penitenciário e Carcerário.
"É um evento trágico e desastroso", disse o general Tito Castellanos. "Aparentemente, houve um motim, e os presos incendiaram alguns colchões", detalhou. Das vítimas, 49 morreram ainda na prisão, enquanto as outras duas faleceram a caminho de um hospital.
A prisão possui 1.267 detentos -número 17% superior à capacidade do local-, e o bloco onde teve início o incêndio abriga 180 deles. Cerca de 24 pessoas estão recebendo tratamento em hospitais, e as chamas já foram controladas pelos bombeiros.
O general Castellanos informou que o local, com infraestrutura de mais de 60 anos, não possuía sistema anti-incêndio. A maioria das vítimas morreu devido à inalação da fumaça. Familiares se aglomeraram na frente da prisão em busca de informações sobre mortos e feridos.
Mais tarde, o ministro da Justiça colombiano, Wilson Ruiz, afirmou que o episódio foi desencadeado por uma briga entre dois detentos, até que um dos presos ateou fogo em um colchonete. Familiares dos presos, porém, contestam a versão.
Lorena, esposa de um dos detentos que falou ao jornal colombiano El Tiempo, disse que o marido, com quem falou durante a madrugada, afirmou que agentes estavam jogando gás no local. "Além disso, não vejo lógica na versão de que eles, que estavam ali trancados, iriam atear foto sabendo que poderiam se queimar."
Assim como em muitos outros países da América Latina, as prisões na Colômbia estão superlotadas. As instituições têm capacidade para 81 mil detentos no país, mas atualmente abrigam cerca de 97 mil.
O presidente Iván Duque, que está em Portugal, disse que deu instruções para que sejam iniciadas investigações sobre o episódio.
Já o recém-eleito Gustavo Petro manifestou solidariedade aos familiares dos mortos e pediu que o país repense a política carcerária adotada para levar em conta a dignidade dos presos. "O Estado colombiano encara a prisão como um espaço de vingança, não de reabilitação", escreveu Petro, que assume o cargo no dia 7 de agosto.
Ele lembrou a recente morte de 23 pessoas, em março de 2020, na prisão La Modelo, na capital Bogotá, uma das maiores do país, durante um motim. Autoridades disseram que alguns detentos tentavam fugir quando teve início a violência.
O vizinho Equador também tem assistido a uma série de episódios violentos em presídios nacionais. Em setembro passado, uma rebelião em um presídio em Guayaquil deixou ao menos 116 mortos e mais de 80 pessoas feridas. Mais recentemente, em maio, outra rebelião deixou 43 mortos na prisão de Bellavista, em Santo Domingo de los Tsachilas.
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