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Itamaraty vai debater status de terrorista do Hamas no Conselho de Segurança da ONU

Itamaraty vai debater status de terrorista do Hamas no Conselho de Segurança da ONU

Governo afirma que condenou os ataques assim que eles ocorreram e que o Brasil historicamente obedece a classificações da entidade para questões do tipo

Publicado em 11 de outubro de 2023 às 15:52

Palácio Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, em Brasília
Palácio Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, em Brasília Crédito: Reprodução/Divulgação

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O Ministério das Relações Exteriores informou nesta quarta-feira (11) que o status do Hamas e eventual classificação do grupo como uma organização terrorista serão tratados no âmbito do Conselho de Segurança da ONU. Com isso, descarta uma tomada de posição unilateral  — o Brasil historicamente obedece a classificações da entidade para questões do tipo.

A Folha de S.Paulo questionou o embaixador Carlos Sérgio Sobral Duarte, secretário do Itamaraty para a África e o Oriente Médio, se Brasília poderia rever sua posição unilateralmente em um encontro dele com a imprensa nesta quarta.

Duarte respondeu que o governo condenou os ataques assim que eles ocorreram, assim como o presidente Lula. Também ressaltou que ambos chamaram os atos de terroristas e repudiaram o terrorismo em geral, sobretudo quando ele tem como alvo a população civil. "Essa posição do Brasil é muito clara e muito forte", disse ele.

Embaixador Carlos Sérgio Sobral Duart e secretário do Itamaraty para África e Oriente Médio
Embaixador Carlos Sérgio Sobral Duart e secretário do Itamaraty para África e Oriente Médio                                                        Crédito: Dean Calma / IAEA

"O Brasil está tratando do assunto, no âmbito político, no Conselho de Segurança", prosseguiu. "Do ponto de vista imediato, o Brasil expressou também muito claramente a sua preocupação com a escalada de hostilidades. Essas posições são as mesmas que o Brasil tem defendido no âmbito do Conselho de Segurança."

O embaixador também informou que o Itamaraty tomou conhecimento de que haveria brasileiros entre os reféns do grupo terrorista Hamas, mas que ainda não conseguiu verificar a informação.

Tampouco tinha atualizações acerca do paradeiro de Karla Stelzer Mendes, brasileira que está desaparecida desde que a festa de música eletrônica em que estava no fim de semana foi atacada pelo Hamas. Dois dos brasileiros que tinham desaparecido no mesmo evento, Bruna Valeanu e Ranani Glazer, foram declarados mortos nos últimos dias.

A lista de pedidos de repatriação de brasileiros em Israel atualmente tem 2,7 mil nomes, incluindo os 211 que chegaram ao Brasil na madrugada desta quarta. A pasta já constatou que há pedidos duplicados, porém, e anunciou que passará um pente-fino na relação.

 Embaixadora Maria Laura da Rocha, recebe a chegada do primeiro voo de repatriação de nacionais brasileiros impactados pela situação em Isarael e na Palestina
Embaixadora Maria Laura da Rocha, recebe a chegada do primeiro voo de repatriação de nacionais brasileiros impactados pela situação em Isarael e na Palestina Crédito: Gustavo Magalhães / MRE

Em relação à Faixa de Gaza, o Itamaraty afirma que há 30 brasileiros ou filhos de brasileiros aguardando a tramitação do pedido de acesso feito pelo governo ao Egito. "A situação desses brasileiros que se encontram em Gaza é muito particular, porque trata-se de uma zona conflagrada", disse Duarte. Segundo ele, além da autorização egípcia, ainda há uma outra questão a ser solucionada para que esses cidadãos possam ser repatriados: o fato de que a passagem de Rafah tem uma abertura intermitente em função da situação de segurança daquela zona.

Israel entrou nesta quarta-feira (11) em seu quinto dia de ofensiva contra o Hamas na Faixa de Gaza, uma reação ao ataque surpresa feito pelo grupo terrorista a partir do território palestino no fim de semana. Somando os mortos dos lados israelense e palestino, o número de mortos no conflito já supera 2.000.

O Hamas invadiu Israel por terra, mar e ar no sábado (7). Durante o ataque, o grupo sequestrou dezenas de pessoas, incluindo mulheres civis, crianças pequenas e idosos, e as levaram de volta à Faixa de Gaza na condição de reféns, segundo o Exército israelense.

Escombros de edifício na Palestina após Israel revidar ataque feito pelo Hamas
Escombros de edifício na Palestina após Israel revidar ataque feito pelo Hamas                                                                                         Crédito: FATIMA SHBAIR/ASSOCIATED PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Logo após o ataque, o presidente Lula usou suas redes sociais para condenar o ataque, que chamou de "terrorista". Sem mencionar o grupo islâmico extremista Hamas, que assumiu a autoria dos ataques, o mandatário afirmou que o Brasil não poupará esforços para evitar uma escalada no conflito e pediu que a comunidade internacional trabalhe imediatamente para que as negociações de paz sejam retomadas.

Ao mesmo tempo, o presidente também defendeu ações que garantam a existência de um Estado Palestino. "Conclamo a comunidade internacional a trabalhar para que se retomem imediatamente negociações que conduzam a uma solução ao conflito que garanta a existência de um Estado Palestino economicamente viável, convivendo pacificamente com Israel dentro de fronteiras seguras para ambos os lados", escreveu.

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