A Justiça chilena divulgou que iniciará uma investigação sobre o carabinero (policial militar) que, em meio a uma manifestação, em Santiago, na última sexta-feira (2), empurrou um jovem de 16 anos de uma ponte sobre o rio Mapocho. Ele foi detido horas depois e acusado de tentativa de homicídio.
O vídeo que mostra o oficial empurrando o rapaz, até que ele caísse do outro lado da ponte Pio Nono, viralizou nas redes sociais, assim como a imagem do jovem caído numa parte relativamente seca do leito do rio.
Internado na clínica Santa María, em Santiago, o jovem encontra-se estável, mas fraturou os pulsos e teve traumatismo craniano, tendo de se submeter a uma cirurgia.
A manifestação de que participava havia tido início na Plaza Italia, uma espécie de epicentro dos protestos que vêm ocorrendo no Chile desde outubro do ano passado. Interrompidas pela pandemia, as manifestações, que pedem uma nova Constituição e reformas no sistema de aposentadoria, entre outras coisas, estão sendo retomadas em várias cidades do país.
Num primeiro momento, o general Enrique Monrás, dos carabineros, afirmou que as imagens estavam sendo "revisadas para determinar se houve ou não intenção de derrubar o jovem ou apenas de detê-lo".
A declaração acabou gerando novos protestos em Santiago, uma vez que as imagens mostram claramente que o jovem foi empurrado e caiu por causa disso.
Já o ministro de interior, Victor Pérez, afirmou que se tratou de um "procedimento num momento de violência" e que era algo "condenável, assim como todo ato de transgressão dos direitos humanos". Pérez afirmou que esperará as investigações da Justiça para esclarecer o ocorrido.
O Chile, que no próximo dia 18 completará um ano de protestos e instabilidade social e política, está às vésperas de um plebiscito que definirá se haverá uma nova Assembleia Constituinte. A data marcada para a votação é 25 de outubro.
A decisão de realizar o plebiscito foi tomada a contragosto pelo presidente Sebastián Piñera na tentativa de reduzir a tensão e as pressões dos protestos. O objetivo dos que defendem sua realização é substituir a Constituição vigente do país, que data da época da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990).
Segundo os manifestantes, a atual Carta é responsável pela desigualdade social chilena, e deveria ser atualizada para melhorar os sistemas de saúde e educação pública, além da previdência social, entre outros pontos.
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