O ditador venezuelano, Nicolás Maduro, criticou declaração do presidente Jair Bolsonaro, dada em uma transmissão nas redes sociais na semana passada, de que a vacina contra a Covid-19 poderia ter uma ligação com o desenvolvimento de Aids.
Segundo os médicos, a associação citada pelo líder brasileiro entre o imunizante e a doença, baseada em uma suposta notícia, é falsa, inexistente e absurda; as vacinas contra o coronavírus disponíveis no mundo hoje são seguras. As redes sociais retiraram o vídeo de Bolsonaro do ar.
Nesta terça (26), Maduro fez referência à live de Bolsonaro quando discursou e falou da importância de vacinar a população. "É necessário promover a vacinação. O imbecil e palhaço do Jair Bolsonaro, no Brasil, disse ontem [na verdade na quinta-feira, 21] uma estupidez típica de alguém de direita, desprestigiado e não querido pelo seu povo", disse o venezuelano.
"Bolsonaro chegou à loucura de dizer que a vacina contra o coronavírus, que é um produto da ciência mundial e está protegendo e salvando vidas, provoca Aids."
O discurso do ditador foi transmitido pela TV estatal. Maduro ainda chamou o presidente brasileiro de "neonazista" e "neofascista" e criticou outras falas dele relacionadas à Covid-19 --a exemplo de quando o chefe do Executivo chamou a doença de "gripezinha".
Em abril do ano passado, Maduro já havia criticado Bolsonado, chamando-o de "coronalouco" ao falar da "irresponsabilidade que causou o contágio e a morte de milhares de brasileiros". Na época, o Brasil contabilizava 2.462 mortes pelo vírus; hoje, são mais de 606 mil.
O próprio Maduro, porém, já deu declarações questionáveis em relação à pandemia. Em janeiro, ele chegou a defender um suposto tratamento para a Covid --a exemplo do que Bolsonaro fez repetidas vezes com, por exemplo, a hidroxicloroquina. No caso venezuelano, o remédio supostamente milagroso contra o vírus era o Carvativir, que não tem eficácia comprovada.
Composto de carvacrol, substância presente no óleo de orégano, o medicamento criado pelo médico venezuelano do século 19 José Gregorio Hernandez é usado como expectorante e foi classificado pela FDA, a agência reguladora de medicamentos dos EUA, como "seguro e inócuo para consumo humano".
A promoção das "gotas milagrosas", como Maduro vendeu o remédio, levou o Facebook a suspender a página do chavista na plataforma devido a violações da política contra informações falsas sobre a pandemia.
Ainda na primeira onda da doença no país, o ditador associou o coronavírus à Colômbia, liderada pelo político de direita Iván Duque. Segundo Maduro, o vírus estaria vindo do outro lado da fronteira, carregado por migrantes venezuelanos que retornavam a seu país natal -a Colômbia é o principal destino dos que fogem da crise social e econômica da Venezuela.
De acordo com dados oficiais, a Venezuela tem até aqui 4.836 mortes e 402.407 casos de Covid-19. Estima-se, porém, que os números sejam bem maiores do que os divulgados pelo governo, que tenta passar a impressão de que o regime está conseguindo conter a crise sanitária.
A taxa de vacinação no país, segundo a Universidade John Hopkins (EUA), é ainda baixa, comparada com os demais países da região; apenas 21,71% de toda a população venezuelana foi completamente vacinada contra o vírus.
Em comparação, o Brasil tem 21,74 milhões de casos confirmados da doença e mais de 606 mil mortes. Além disso, 52,1% dos brasileiros já receberam a imunização completa.
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