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Maduro quer telefonar para Lula, mas ligação ainda não está marcada

Maduro quer telefonar para Lula, mas ligação ainda não está marcada

Ditador da Venezuela indicou ao governo brasileiro que quer conversar com o presidente, que defende apresentação das atas eleitorais e ainda não reconhece reeleição de Maduro

Publicado em 1 de agosto de 2024 às 16:44

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O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, reúne-se com membros do Supremo Tribunal de Justiça, em Caracas
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, tem a reeleição contestada por grande parte dos líderes mundiais. (REUTERS/Leonardo Fernandez Viloria)

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, indicou ao governo brasileiro que quer conversar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que não reconheceu sua vitória na disputa contestada por opositores e sem transparência.

De acordo com integrantes do Planalto, ainda não é certo se a ligação ocorrerá. Na agenda de Lula desta quinta não há previsão, até o momento.

Este seria o primeiro contato entre os dois desde que Maduro foi declarado reeleito. Na madrugada de segunda, o CNE (Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela) afirmou que, com 80% das urnas apuradas, o ditador teria obtido 51,2% votos, enquanto o opositor Edmundo González teria apoio de 44,2% - diferença que tornaria a vitória do líder irreversível, segundo o regime.

O governo brasileiro não reconhece a vitória e solicitou a apresentação das atas eleitorais. Lula, por sua vez, defendeu a apresentação dos documentos, mas disse não ver nada de anormal no processo eleitoral venezuelano.

Desde então, mais de mil pessoas foram presas, e ao menos 11 morreram em protestos contra o regime.

De acordo com o procurador-geral da Venezuela e aliado de Maduro, Tarek William Saab, os detidos vão ser acusados de envolvimento em focos de violência. "Não vai ter clemência, vai ter justiça", disse Saab enquanto mostrava vídeos de depredação de casas e espaços públicos que afirmava terem sido gravados após o pleito.

A líder opositora María Corina Machado, principal cabo eleitoral da candidatura de González, apresentou um número diferente nesta quarta, de 16 mortes. Ainda afirmou que foram registrados 11 sequestros desde o domingo das eleições.

"Esta é a resposta criminosa de Maduro ao povo venezuelano que saiu às ruas em família, em comunidade, para defender sua decisão soberana de ser livre. Esses crimes não ficarão impunes", disse María Corina.

O governo brasileiro já tinha se pronunciado sobre o resultado das eleições na Venezuela, alvo de questionamentos de líderes regionais. Por meio de nota, havia pedido a divulgação das atas eleitorais e se absteve de parabenizar Maduro.

Em entrevista a um canal afiliado à TV Globo na manhã desta terça, Lula descreveu a situação como "um processo" em curso. Mencionando uma nota publicada pelo seu partido na segunda (29), disse que o que estava ocorrendo era um conflito entre o tribunal eleitoral venezuelano e a oposição.

"Vejo a imprensa brasileira tratando como se fosse a Terceira Guerra Mundial. Não tem nada de anormal. Teve uma eleição, teve uma pessoa que disse que teve 51%, teve uma pessoa que disse que teve 40 e pouco. Um concorda, o outro não", afirmou. Segundo Lula, quem deveria arbitrar a decisão era a Justiça.

Depois da fala de Lula, Maduro pediu que o Tribunal Supremo de Justiça audite as eleições. A máxima instância judicial do país, porém, é dominada pelo chavismo.

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