Mais de mil marinheiros apresentaram resultado positivo para a Covid-19 no porta-aviões francês Charles de Gaulle e no grupo aeronaval que o acompanha, de um universo de 2.300 pessoas, informou nesta sexta-feira (17) o ministério da Defesa.
Vinte e quatro foram para o hospital --sendo que um está em estado grave - e 545 com sintomas mais fortes estão sendo monitorados.
Ainda faltam os resultados de outros 300 exames. Os marinheiros que deram negativo estão em quarentena em um complexo militar.
> CORONAVÍRUS | A cobertura completa
A origem dos contágios no navio de guerra de 42 toneladas é um enigma. A tripulação, em missão há três meses, não esteve em contato com o exterior desde uma escala no porto francês de Brest, no Oceano Atlântico, de 13 a 16 de março, quando a contaminação pode ter ocorrido.
Os marinheiros tiveram permissão de encontrar suas famílias em terra e foram a restaurantes e cafés antes de retornar ao navio. Cinqüenta novos marinheiros embarcaram na ocasião. A escala aconteceu pouco antes da quarentena ser implementada na França.
A imprensa francesa citou membros da tripulação dizendo que houve tensão quando a doença começou a se espalhar no navio, depois da parada em Brest, sendo que em seguida o porta-aviões foi devolvido ao mar.
Nesta sexta, a ministra das Forças Armadas, Florence Parly, negou o relato de um membro da tripulação entrevistado pela rádio France Bleu. O marinheiro afirmou que o capitão havia se oferecido para interromper a missão em Brest, mas o ministério ordenou que o navio continuasse navegando.
"Esse boato é falso", disse Parly em uma audiência parlamentar, indicando que assim que os primeiros casos foram detectados, em 7 de abril, ela tomou a decisão de encerrar a missão.
Após a parada em Brest, o navio permaneceu no mar por mais algumas semanas, até retornar ao seu porto mediterrâneo, Toulon, duas semanas antes do previsto, com 40 marinheiros já mostrando sinais de Covid-19.
"As pessoas precisam entender que está fora de questão colocar em risco a tripulação", disse o porta-voz da Marinha, Eric Lavault, à rádio RTL, na noite de quinta-feira (16).
"O comando tomou todas as medidas de proteção e, desde a escala em Brest, havia verificações de temperatura duas vezes por dia e questionários para rastrear contatos. Mas este não é um navio de cruzeiro. É um navio de guerra que faz guerra contra o Estado Islâmico", completou ele.
A tripulação do Charles de Gaulle, seus aviões e helicópteros e a fragata Chevalier Paul estão agora em quarentena. A embarcação está sendo desinfetada e partirá novamente em junho, disse Parly.
A França, o país ocidental com o maior número de tropas em missão ativa no exterior depois dos Estados Unidos, teve que pesar a necessidade de proteger seus soldados e marinheiros da doença contra o desejo de continuar com suas funções.
O Exército já foi forçado a trazer de volta alguns soldados das operações na África depois de terem testado positivos para o vírus, embora Parly tenha dito que apenas uma missão no Golfo da Guiné foi suspensa.
A rápida disseminação da doença a bordo do navio francês levantou questões semelhantes às que surgiram diante do surto no navio americano Theodore Roosevelt.
O episódio levou à demissão de um capitão que pedira mais ajuda e também à saída do cargo do chefe da Marinha que o demitiu.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta