Mais de cem menores de idade desacompanhados, a maioria da Guatemala, foram encontrados em um caminhão abandonado no estado de Veracruz, no México, informou nesta segunda (6) o Instituto Nacional de Migração (INM). Trata-se de um dos maiores resgates recentes de crianças nessas condições no país.
Além dos 103 menores, 212 adultos de Guatemala, Honduras, El Salvador e Equador foram encontrados no local. Outros 28 migrantes que viajavam em grupos familiares de Guatemala e El Salvador foram resgatados, elevando o número de passageiros para 343.
O caminhão foi localizado, sem motorista, na rodovia La Tinaja, em Cosamaloapan. Foi detectada a presença de pessoas dentro da carroceria, que tinha duplo piso metálico e estrutura de ventilação.
Fotos divulgadas pelo INM mostram centenas de pessoas sentadas no chão de um pátio enquanto aguardam as providências legais. Em outra imagem, é possível ver garrafas plásticas e outros tipos de material descartável espalhados no longo e estreito compartimento dentro do caminhão.
As crianças desacompanhadas e os membros da família encontrados ficarão sob a tutela do Sistema de Desenvolvimento Integral da Família. Segundo o instituto, imigrantes maiores de idade vão iniciar o processo administrativo para definir sua situação jurídica no território mexicano.
No início deste ano, autoridades mexicanas resgataram 57 menores de idade desacompanhados, também da Guatemala, num posto de controle perto da fronteira entre o México e EUA. Outros 20 menores foram encontrados junto a um grupo de migrantes da América Central em Chiapas, estado do sul do país que faz fronteira com a Guatemala.
O caso lembra o episódio em que 51 pessoas foram encontradas mortas dentro e ao redor de um caminhão abandonado no Texas, em junho de 2022. Suspeitava-se de que eram migrantes que entraram no país de forma irregular. "A situação dos imigrantes em busca de refúgio é sempre uma crise humanitária", disse à época Ron Nirenberg, prefeito de San Antonio, onde o caminhão foi encontrado.
Os fatos evidenciam a pressão migratória no continente americano, que tem se intensificado a ponto de se tornar uma das maiores crises do governo de Joe Biden. Em janeiro, os EUA anunciaram um pacote de medidas que cria uma cota de ingressos de imigrantes da América Latina no país, mas que também endurece restrições contra a entrada de pessoas pela fronteira com o México.
Pela nova política, 30 mil migrantes de Cuba, Haiti, Nicarágua e Venezuela serão aceitos mensalmente no país norte-americano, desde que comprovem condições de viver no país. Viajantes dessas nações são maioria nos fluxos migratórios para os EUA.
Por outro lado, o pacote prevê a ampliação das medidas de punição nos casos de migrantes em situação irregular, que serão expulsos. Por meio de um acordo entre EUA e México, o país de Andrés Manuel López Obrador receberá, mensalmente, 30 mil cubanos, haitianos, nicaraguenses e venezuelanos que tentarem cruzar a fronteira americana de forma ilegal.
O acordo foi motivo de críticas endereçadas ao governo AMLO, como o líder mexicano é conhecido. Até então, além dos mexicanos, o país abrigava apenas cidadãos de países que permitem o retorno de migrantes caso da Guatemala, de Honduras e El Salvador.
No último ano fiscal, que terminou em setembro passado, mais de 2 milhões de pessoas foram presas tentando atravessar a fronteira dos EUA com o México, segundo dados oficiais do governo americano. Foi a primeira vez que o país alcançou essa cifra.
E, desde o último mês de outubro até janeiro, foram contabilizadas mais de 800 mil detenções de imigrantes na fronteira. Desse número, menores desacompanhados somam cerca de 47 mil.
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