Jean-Marie Le Pen, político francês de direita radical e fundador do partido Frente Nacional (atual Reunião Nacional), morreu aos 96 anos nesta terça-feira (7/1), afirmou a família à agência AFP.
Le Pen, que estava internado em uma unidade de saúde há várias semanas, morreu "cercado por seus entes queridos", segundo a declaração de seus familiares.
Le Pen — negacionista do Holocausto e responsável por declarações extremistas sobre questões de raça, gênero e imigração — fundou seu partido francês de direita radical em 1972, mas foi expulso da legenda em 2015.
Jean-Marie Le Pen disputou todas as eleições presidenciais entre 1974 e 2007, com exceção do pleito de 1981, que elegeu François Mitterrand.
Ele chegou ao segundo turno da eleição presidencial contra Jacques Chirac em 2002.
A filha de Le Pen, Marine, assumiu como chefe do Frente Nacional em 2011. Desde então, ela rebatizou o partido, transformando-o em uma das principais forças políticas da França.
Jordan Bardella, que sucedeu Marine Le Pen como presidente do partido em 2022, disse que Jean-Marie "sempre serviu a França" e "defendeu sua identidade e soberania".
Filho de um marinheiro, Le Pen nasceu em uma vila costeira na Bretanha. Na década de 1940, ele frequentou a faculdade de direito na Universidade de Paris, quando começou a militar para a Restauração Nacional, movimento político que reivindica a volta da monarquia na França.
Conhecido pela capacidade de eletrizar seus partidários em seus discursos, ele se juntou à Legião Estrangeira Francesa em 1954, servindo como paraquedista na Argélia e na Indochina, atual Vietnã.
Le Pen foi acusado de ter praticado tortura na Argélia e processou os jornais que fizeram essas alegações.
Após seu retorno à França, foi eleito em 1956 para a Assembleia Nacional como o deputado mais jovem a conquistar um assento no Parlamento.
Reeleito para a Assembleia Nacional em 1958, ele foi derrotado em 1962, após o que fundou uma sociedade que vendia gravações de discursos nazistas e canções militares alemãs.
Após perder as eleições de 1962 para um terceiro mandato como deputado, Jean-Marie Le Pen fundou o partido Frente Nacional em 1972.
Desde o início, a legenda tinha como foco o combate à imigração na França — particularmente às ondas migratórias árabes vindas das antigas colônias francesas no Norte da África. O partido também se opunha à integração europeia, defendia a reintrodução da pena de morte e chegou a advogar pela proibição à construção de novas mesquitas no país.
Opiniões e declarações polêmicas foram as marcas da carreira do político francês, resultando em mais de 20 condenações na Justiça por apologia de crime de guerra, banalização de crimes contra a humanidade e incitação ao ódio e à violência racial.
Em 1987, ele descreveu o Holocausto como "um detalhe da história" e, depois, chegou à troca de socos com um adversário socialista — o que quase custou a Le Pen sua vaga no Parlamento Europeu.
Ele também sugeriu que o vírus Ebola poderia resolver o problema da superpopulação mundial.
Em 1960, Jean-Marie se casou com Pierrette Lalanne e teve três filhas. Marine Le Pen, de 56 anos, é a mais nova.
Ela sucedeu o pai como líder do Frente Nacional em 2011, mas os dois romperam a relação quando ela o expulsou do partido, em 2015, após novas declarações antissemitas do pai.
"Tenho minha personalidade e minha própria percepção do exercício de responsabilidades. Durante quarenta anos, Jean-Marie Le Pen representou a Frente Nacional. Hoje, sou eu, e não ele, a encarregada de seu futuro e de suas ideias", afirmou, na época, Marine.
Apesar da briga, Jean-Marie Le Pen emprestou 6 milhões de euros para a campanha presidencial da filha em 2017. Marine perdeu a disputa no segundo turno para Emmanuel Macron.
A presidente da Frente Nacional optou, após romper com o pai, por tentar limpar a imagem de racista, xenófobo e antissemita que o partido tem desde sua fundação.
O partido hoje mantém um duro discurso anti-imigração, dá destaque à criação de empregos e ao combate a ideologias islâmicas que classifica como "perigosas".
Nas eleições parlamentares de 2024, a legenda foi liderada por Jordan Bardella.
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