O mundo ultrapassou ontem 2 milhões de mortos por covid-19, segundo contagem da Universidade Johns Hopkins, um ano após a descoberta do novo coronavírus na China e em meio ao surgimento de mutações mais contagiosas do vírus. O primeiro milhão de vítimas do coronavírus foi atingido em 29 de setembro, mais de nove meses depois (274 dias) de os primeiros casos terem sido reportados na cidade de Wuhan, na China. Este segundo milhão foi atingido em pouco mais de três meses, ou exatos 108 dias.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) atribui essa aceleração de contágios e de mortes ao cansaço do isolamento social e do desrespeito ao distanciamento social.
Segundo o levantamento, 2.000.905 pessoas morreram por causa do vírus SARS-CoV-2 e houve 93,4 milhões de casos. A atual taxa de letalidade da doença é de 2,1%. A nova marca é atingida em um momento em que vacinas estão sendo desenvolvidas a uma velocidade atípica e lançadas em todo o mundo em uma grande campanha para tentar vencer a ameaça.
Em setembro, os números mostravam desaceleração no Brasil, mas já havia sinais de uma nova onda da covid-19 na Europa no fim do verão no Hemisfério Norte. A situação piorou rapidamente a partir de novembro, nos países mais afetados pela pandemia. Os EUA chegam a registrar mais de 4 mil mortes em um só dia e a Europa sente dificuldade para baixar os números diários de internações com a preocupante chegada de variantes mais contagiosas do coronavírus.
Novas cepas foram detectadas em países como Reino Unido, África do Sul e EUA. De acordo com a OMS, a variante descoberta no Reino Unido já foi detectada em 22 países europeus e os governos de todo o continente endurecem as restrições em resposta à ameaça.
As autoridades também estão tentando persuadir populações cansadas e ansiosas a continuar a seguir os protocolos de distanciamento social, algo mais difícil de vender agora do que há um ano, quando o vírus carregava o fator de medo pelo fato de ser algo novo e desconhecido.
O diretor de Emergências Sanitárias da OMS, Mike Ryan, disse que os altos números "podem ser atribuídos, em parte, à aparição das variantes (mais contagiosas) do coronavírus, mas a grande maioria ocorreu porque estamos reduzindo o distanciamento físico e social".
"Com nosso comportamento não estamos rompendo as cadeias de transmissão e o vírus está explorando nossa falta de compromisso e nossa fadiga", disse Ryan. Ele destacou que esse relaxamento está sendo visto tanto em países do Hemisfério Norte como da América Latina, caso do Brasil, que registra preocupantes aumentos em Estados como o Amazonas, onde se analisa o possível surgimento de uma nova variante do vírus.
Especialistas também dizem que o início das vacinações em muitos países (cerca de 50) pode acrescentar um excesso de confiança que pode ser prejudicial na atual fase da pandemia. "Já advertimos em 2020 que confiar excessivamente nas vacinas poderia fazer com que perdêssemos as medidas de controle e de certo modo isso está ocorrendo", disse Ryan.
Em países ricos, incluindo EUA, Reino Unido, Canadá e Alemanha, dezenas de milhões de cidadãos já foram vacinados, apesar de vários problemas, como de logística, falta de doses, distribuição desigual e questões burocráticas. Mas em outros lugares as iniciativas de imunização mal saíram do papel. Muitos especialistas em saúde estão prevendo mais um ano de perdas e dificuldades em lugares como Irã, Índia, México e Brasil. Esses quatro países são responsáveis por cerca de um quarto das mortes no mundo.
A OMS acredita ser pouco improvável que este ano se atinja a chamada imunidade de rebanho, que exigiria que pelo menos 70% das pessoas do mundo estejam vacinadas.
Segundo o monitoramento da Johns Hopkins, os EUA são o país mais atingido pela pandemia, com 389.581 mortes em 23,4 milhões de casos - em meados de setembro, tinha cerca de 100 mil mortes a menos. Em seguida, com mais de 207 mil mortes e 8,3 milhões de casos, está o Brasil, seguido por Índia (151.918 mortes em 10,5 milhões de casos), México (137.916 mortes em 1,6 milhões de casos) e Reino Unido (87.448 mortes em 3,3 milhões de casos).
Embora a contagem tenha como base números fornecidos por agências governamentais em todo o mundo, acredita-se que a soma real seja significativamente maior, em parte por causa de testes inadequados e a muitas mortes que foram atribuídas imprecisamente a outras causas, especialmente no início do surto.
Na China, onde o mercado no epicentro do surto permanece fechado, uma equipe de especialistas da OMS chegou esta semana para tentar detectar a fonte do patógeno e como ele deu o suposto salto dos animais para os humanos. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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