PEQUIM - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chegou com sua comitiva ao Grande Salão do Povo, em Pequim, às 16h30 no horário local (3h30 em Brasília), sendo recebido pelo líder chinês, Xi Jinping. Ao mesmo tempo, o governo brasileiro divulgou a relação de 15 acordos entre os dois países.
A projeção no Ministério da Fazenda é que os pactos totalizem cerca de R$ 50 bilhões de investimento. Na lista, se destacam memorandos de entendimento entre o ministério chinês das Finanças e a Fazenda, para infraestrutura e parcerias público-privadas, e um protocolo para fabricar e operar satélites CBERS-6.
O encontro de trabalho terminou por volta das 19h20, com a cerimônia de assinaturas dos acordos. Lula e Xi se retiraram para o banquete oferecido pelo chinês.
Nas áreas de interesse da agropecuária brasileira, há um plano para a certificação eletrônica de carnes e um protocolo para a abertura aduaneira do mercado chinês para farinhas de suínos e aves.
Alguns dos acordos ainda têm pendências, caso do estabelecimento da montadora de carros elétricos BYD na Bahia, que ainda espera um acordo com a americana Ford para aquisição de sua antiga fábrica.
Na cerimônia de chegada, a primeira-dama, Rosângela Lula da Silva — a Janja —, ministros e assessores acompanharam uma caminhada de Xi e Lula diante da praça da Paz Celestial enquanto uma banda tocava os hinos nacionais de ambos os países e canções como "Novo Tempo", de Ivan Lins. Um grupo de crianças com bandeiras dos dois países gritou "bem-vindo!". Janja, aliás, reuniu-se com a mulher de Xi, Peng Liyuan.
Em seu discurso, já no prédio, Lula afirmou ter ficado "emocionado com o espetáculo das crianças" e destacou querer ir além do comércio na relação entre os dois países. "A compreensão que o meu governo tem da China é a de que temos que trabalhar muito para que a relação Brasil-China não seja meramente de interesse comercial", disse. "Queremos que a relação Brasil-China transcenda a questão comercial."
Pela manhã, no encontro com o presidente do Congresso Nacional do Povo, Zhao Leji, Lula já havia dito querer "elevar o patamar da parceria estratégica e, junto com a China, equilibrar a geopolítica mundial".
Com Xi, o petista defendeu ainda "uma parceria para construir uma política de desenvolvimento no Brasil no campo da energia", acrescentando que a visita ao gigante da tecnologia Huawei, no dia anterior, foi para "dizer ao mundo que não temos preconceito na nossa relação com os chineses". "Ninguém vai proibir que o Brasil aprimore a sua relação com a China".
As declarações de Lula se dão num contexto de crescente disputa entre Estados Unidos e China. A Guerra da Ucrânia, precedida pela formalização de uma aliança mais próxima entre Pequim e Moscou, ampliou os questionamentos de Washington àqueles que vê como aliados chineses.
"Fico muito feliz ao ver o senhor recuperado, o senhor veio tão logo se recuperou", afirmou Xi, em referência ao diagnóstico de pneumonia recebido por Lula no final de março, o que fez com que o presidente brasileiro adiasse a viagem à China nas datas inicialmente previstas.
"A China coloca as relações com o Brasil em um lugar prioritário nas nossas relações exteriores. O senhor é nosso amigo de longa data e um bom amigo. Foi com a sua atenção e apoio que as relações China-Brasil conseguiram um grande salto", acrescentou o dirigente chinês.
LISTA DE ACORDOS ASSINADOS
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