O jornal americano The New York Times publicou em matéria que teve destaque na capa da sua versão impressa que o presidente Jair Bolsonaro tem feito "ameaças de golpe abalam o Brasil com aumento das mortes por vírus".
"Enquanto o Brasil se recupera de sua pior crise em décadas, o presidente Bolsonaro e seus aliados estão usando a perspectiva de intervenção militar para proteger seu poder", diz a matéria, assinada por Simon Romero, ex-correspondentes do jornal no país, e outros dois repórteres.
"As ameaças estão girando em torno do presidente: as mortes por vírus no Brasil são agora as mais altas do mundo. Os investidores estão fugindo do país. O presidente, seus filhos e aliados estão sob investigação. Sua eleição pode até ser anulada", diz a publicação americana.
"A crise tornou-se tão intensa que algumas das figuras militares mais poderosas do Brasil alertam para a instabilidade - enviando estremecimentos que poderiam assumir e desmantelar a maior democracia da América Latina", diz a matéria.
A reportagem faz um compilado dos diversos embates no último mês entre o presidente Jair Bolsonaro, seus filhos e aliados, com o Legislativo e com o Judiciário, e as frequentes ameaças e desafios a outros Poderes e instituições.
"Em vez de denunciar a ideia, o círculo mais próximo do presidente parece estar clamando para que os militares entrem na briga. De fato, um dos filhos do presidente, um congressista que elogiou a antiga ditadura militar do país, disse que uma "ruptura" institucional semelhante era inevitável", diz a reportagem.
O Brasil tem tido destaque negativo na imprensa internacional e entre analistas. A casa de análises Rosa & Roubini, dos economistas Brunello Rosa e Nouriel Roubini, destacou na segunda-feira (8), que "quase dois anos depois de Bolsonaro assumir", o mandatário tem tido comportamentos cada vez mais autocráticos.
"Bolsonaro não está apenas provando ser o líder mundial que reluta mais em adotar medidas de contenção contra a disseminação da Covid-19, uma relutância que tornou o Brasil o novo epicentro da pandemia, junto com os EUA, mas um juiz da Suprema Corte do País também acusou Bolsonaro de querer abolir a democracia no Brasil para estabelecer um "Ditadura abjeta"'.
No último domingo (7), o jornal britânico Financial Times publicou um editorial no qual aponta o presidente da República, Jair Bolsonaro, como um risco à democracia no país. No texto, a tradicional publicação internacional diz que Bolsonaro "acendeu o medo" na democracia brasileira e que existe risco crescente de uma virada autoritária.
O periódico menciona o estreito vínculo do presidente brasileiro com o Exército e seu aval a manifestações que vêm pedindo a volta da ditadura militar, relata os embates recentes do Executivo com outros instituições do país e alerta para o risco "real" à maior democracia da América Latina.
A publicação recorre a acontecimentos recentes da política nacional para justificar a tese. Entre elas, cita a preocupação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello que comparou o cenário nacional à República de Weimar - da Alemanha, que precedeu a 2ª Guerra - e criticou os apoiadores do presidente que estariam atacando a democracia para instaurar uma ditadura.
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