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Nobel da Paz vai para ativistas que lutam contra violência sexual

Nobel da Paz vai para ativistas que lutam contra violência sexual

Denis Mukwege, ginecologista do Congo, e Nadia Murad, sobrevivente de escravidão sexual pelo Estado Islâmico no Iraque, são os laureados de 2018

Publicado em 5 de outubro de 2018 às 10:51

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Denis Mukwege, um ginecologista que atende vítimas da violência sexual na República Democrática do Congo, e Nadia Murad, ativista dos direitos humanos e sobrevivente da escravidão sexual pelo Estado Islâmico no Iraque, são os vencedores do Nobel da Paz de 2018. (Reprodução/Twitter)

Os vencedores do Prêmio Nobel da Paz de 2018, anunciado nesta sexta-feira, são Denis Mukwege, um ginecologista que atende vítimas da violência sexual na República Democrática do Congo, e Nadia Murad, da minoria yazidi, ativista dos direitos humanos e sobrevivente da escravidão sexual pelo Estado Islâmico no Iraque.

O comitê norueguês do Nobel disse ter concedido a eles o prêmio por seus esforços para acabar com o uso da violência sexual como arma de guerra.

"Ambos os laureados deram uma contribuição crucial para concentrar a atenção e combater esses crimes de guerra", afirmou em comunicado.

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Mukwege, um ginecologista que atende vítimas de violência sexual na República Democrática do Congo, lidera o Hospital Panzi, na cidade de Bukavu, no Leste do país.

Desde que o hospital foi estabelecido em Bukavu, em 2008, Mukwege e sua equipe trataram milhares de pacientes que foram vítimas de tais ataques. A maioria dos abusos foi cometida no contexto de uma longa guerra civil que custou a vida de mais de 6 milhões de congoleses.

'JUSTIÇA É ASSUNTO DE TODOS'

Seu princípio básico é que "a Justiça é assunto de todos". Ele condenou repetidamente a impunidade por estupros em massa e criticou o governo congolês e outros países por não fazer o suficiente para impedir o uso da violência sexual contra as mulheres como estratégia e arma de guerra.

Murad é uma defensora da minoria yazidi no Iraque, dos refugiados e dos direitos das mulheres em geral. A ativista foi escravizada e estuprada por combatentes do Estado Islâmico em Mosul em 2014, quando o grupo terrorista lançou um ataque brutal e sistemático contra as aldeias do distrito de Sinjar, com o objetivo de exterminar a população yazidi, da qual Murad faz parte. Na aldeia dela, as mulheres mais jovens, incluindo crianças, foram raptadas e mantidas como escravas sexuais.

"Nós valíamos menos do que animais. Eles estupravam meninas em grupos. Eles faziam o que a mente não consegue imaginar", disse Nadia a estudantes da Universidade do Cairo em dezembro de 2015.

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Murad é apenas uma das estimadas 3 mil jovens yazidis que foram vítimas de estupro e outros abusos do exército do EI que ocorriam sistematicamente e como parte de uma estratégia militar.

Os jihadistas ameaçaram executá-la, mas ela se recusou a aceitar os códigos sociais que exigem que as mulheres permaneçam em silêncio e com vergonha dos abusos a que foram submetidas, e demonstrou coragem incomum ao relatar seus próprios sofrimentos e falar em nome de outras vítimas.

Depois de um pesadelo de três meses, Nadia Murad conseguiu fugir e escolheu falar abertamente sobre o que tinha sofrido. Em 2016, com apenas 23 anos, foi nomeada a primeira Embaixadora da Boa Vontade da ONU para a Dignidade de Sobreviventes do Tráfico Humano .

"Se decapitações, escravização sexual, estupro de crianças e o deslocamento de milhões de pessoas não fazem vocês tomarem uma atitude, quando vocês tomarão uma atitude? A vida não foi criada somente para vocês e suas famílias. Nós também queremos a vida e merecemos vivê-la", afirmou Murad em discurso ao assumir o posto de Embaixadora em setembro de 2016.

Este ano marca uma década desde que o Conselho de Segurança da ONU adotou a Resolução 1820 (2008), que determinou que o uso da violência sexual como arma de guerra e conflito armado constitui tanto um crime de guerra quanto uma ameaça à paz e à segurança internacional.

"Denis Mukwege e Nadia Murad põem em risco sua segurança pessoal combatendo corajosamente os crimes de guerra e buscando Justiça para as vítimas. Eles promoveram a fraternidade das nações através da aplicação dos princípios do direito internacional", disse o comitê.

O prêmio será entregue em Oslo no dia 10 de dezembro, aniversário da morte do industrialista sueco Alfred Nobel, que fundou a premiação em 1895.

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Os cinco membros do comitê norueguês tiveram que decidir entre 331 candidatos (individuais ou organizações). O anúncio era um dos mais esperados desta edição dos prêmios Nobel, que não contou com seu prêmio mais prestigiado – ao lado do da Paz -, o de Literatura, adiado em um ano em razão de um escândalo sexual que sacudiu a Academia.

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