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'O pior está por chegar', diz governo espanhol sobre coronavírus

'O pior está por chegar', diz governo espanhol sobre coronavírus

A Espanha é o terceiro país do mundo com maior número de casos, atrás de Itália e China, e o quarto em número de mortes

Publicado em 21 de março de 2020 às 21:05

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Com hospitais chegando ao limite de sua capacidade e o número de mortes pelo novo coronavírus subindo rapidamente, a Espanha tenta evitar uma crise semelhante à da Itália, país com mais mortos pela pandemia no mundo.

Vista do H10 Adeje Palace, hotel localizado nas Ilhas Canárias, na Espanha, que foi colocado em quarentena após um médico italiano hospedado no local ter sido testado positivamente para o coronavírus. (ASSOCIATED PRESS / ESTADÃO CONTEÚDO)

A Espanha é o terceiro país do mundo com maior número de casos, atrás de Itália e China, e o quarto em número de mortes, atrás de Itália, China e Irã. Nas 24 horas até a manhã deste sábado (21), o número de mortes no país ibérico subiu 32%, passando para 1.326 vítimas. Às 18h, já eram registradas 1.378 mortes.

"O pior está por chegar", disse o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, em pronunciamento na noite deste sábado (final da tarde no Brasil). Ele pediu à população que una esforços para evitar o crescimento do contágio.

Região mais afetada, Madri tem 8.921 casos confirmados e 804 mortes, ou 60% dos casos fatais. Ha´700 pessoas internadas na capital espanhola e, embora tenha transformado quartos de hotéis em UTIs nos últimos dias, Madri não tem conseguido tratar todos os casos.

Sánchez afirmou que o Exército vai ampliar em mais 5.500 a quantidade de leitos hospitalares.

A Catalunha caminha para crise semelhante, segundo a Sociedade Espanhola de Enfermaria Intensiva. Na região de Barcelona, o sistema de saúde deve estar saturado entre os dias 6 e 20 de abril. "Se a curva da doença não for reduzida, vamos assistir à mesma crise de Madri", afirmou a presidente da entidade, Marta Raurell, ao jornal El País.

PEDIDO DE QUARENTENA TOTAL

Assim como ocorreu no Reino Unido, pesquisadores espanhóis divulgaram um manifesto em que pedem quarentena total, para frear a epidemia na Espanha.

"Com uma restrição parcial como a que o governo determinou, o sistema de saúde deve estar saturado no dia 25 de março", afirma o grupo de 70 cientistas, de áreas como saúde pública, epidemiologia, infectología, microbiología, e biologia molecular.

Os pesquisadores sugerem restrição total de mobilidade de 15 a 21 dias em todas as comunidades autônomas com mais de 25 casos por milhão de habitantes. Madri e a região de La Rioja ostentam os maiores índices, com 132 casos para cada milhão de habitantes.

Segundo o primeiro-ministro, não haverá medidas mais duras no momento, porque elas já estão sendo obedecidas pela maioria da população. "Não podemos impedir que uma mãe passeie com seu filho autista. É preciso não perder de vista os direitos humanos", disse no pronunciamento.

Sanchez se dirigiu também aos que estão desrespeitando o pedido de confinamento: "Sair de casa não é uma prova de destemor, mas de falta de respeito aos outros. Não é o medo que nos mantém em casa, é a coragem".

DECLARAÇÕES JURAMENTADAS

A polícia da capital espanhola vai adotar medida semelhante à do governo francês e pedir declarações juramentadas de quem estiver na rua, justificando a necessidade de circulação.

As multas para quem desrespeitar as recomendações de isolamento variam de 100 a 600 mil euros.

O governo espanhol anunciou ainda neste sábado a compra de 640 mil novos testes para o vírus e de quatro robôs para fazer até 80 mil testes por dia.

A possibilidade de encontrar doentes, casos assintomáticos e pessoas já imunizadas é considerada fundamental para tomar melhores decisões públicas, segundo epidemiologistas.

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