Com retirada do sigilo da investigação da Polícia Federal (PF) que acusou 37 pessoas — incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) — de tentativa de golpe de Estado e organização criminosa, ficou mais clara a participação de cada um dos investigados.
O relatório veio a público nesta terça-feira (26/11), após decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Nele, a PF aponta Bolsonaro como o líder da organização criminosa que planejou um golpe de Estado para mantê-lo no poder após a derrota nas eleições de 2022.
Segundo a PF, o golpe planejado por Bolsonaro só não se concretizou por "circunstâncias alheias à sua vontade".
Além de Bolsonaro, outras 36 pessoas foram indiciadas na semana passada, entre militares, políticos aliados e ex-ministros.
O relatório final foi enviado à Procuradoria-Geral da República (PGR), comandada por Paulo Gonet, que vai avaliar as provas apresentadas e decidir se formaliza uma denúncia contra os acusados. Caso isso aconteça, eles iriam a julgamento.
Confira abaixo a lista completa dos 37 indiciados e as acusações feitas pela Polícia Federal.
Segundo a Polícia Federal, o militar reformado e advogado Ailton Gonçalves Barros foi incumbido pelo general Braga Netto (candidato a vice na chapa com Bolsonaro) de direcionar "ataques pessoais (inclusive a familiares)" ao então comandante do Exército, general Freire Gomes, e ao então comandante da Aeronáutica, tenente-brigadeiro Baptista Júnior.
O motivo seria pressionar os dois militares, que se opuseram "a qualquer ação ilícita" e se recusaram de impedir a posse de Lula, segundo a PF.
O grupo teria espalhado a militares que Freire Gomes e Baptista Júnior eram “traidores da pátria” e alinhados ao “comunismo”
Aliado próximo de Bolsonaro, Barros já foi indiciado em outros dois dos inquéritos envolvendo o ex-presidente: o da suposta tentativa de golpe de Estado e o que investiga o suposto esquema de fraude em cartões de vacinação
Ailton Barros já foi preso no passado por uma dessas investigações. Chegou a concorrer a deputado estadual pelo PL no Rio de Janeiro, em 2022, mas não se elegeu.
Coronel do Exército, ele seria um dos autores de uma carta com teor golpista que circulou em 2022, pedindo intervenção militar no Brasil, segundo a PF.
O coronel teria sido responsável pela "elaboração e aprimoramento do documento produzido que viria a público como a 'Carta ao Comandante do Exército de Oficiais Superiores da Ativa do Exército Brasileiro', como parte da estratégia para incitar os militares e pressionar o Alto Comando do Exército a aderir ao plano de golpe de Estado", diz o relatório da PF.
Foi candidato à prefeitura do Rio de Janeiro este ano pelo PL. É deputado federal, ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e delegado da Polícia Federal.
Segundo o relatório da PF, Ramagem "utilizou-se do cargo [na Abin] para determinar a produção de relatórios ilícitos que pudessem reunir dados de interesse da organização criminosa com o fim de atacar o sistema eleitoral brasileiro".
Além disso, Ramagem teria assessorado e municiado Bolsonaro "com estratégias de ataques às instituições democráticas".
A PF encontrou documentos que teriam sido criados por Ramagem e utilizados por Bolsonaro para atacar o sistema eleitoral.
Almirante de esquadra e ex-comandante da Marinha no governo de Bolsonaro. Ele defendeu os acampamentos em frente a quartéis do Exército depois da derrota de Bolsonaro na eleição de 2022.
As provas obtidas ao longo da investigação demonstram "de forma inequívoca que o Almirante Almir Garnier anuiu com o Golpe de Estado, colocando as tropas à disposição do então Presidente da República", de acordo com a PF.
Isso teria ocorrido numa reunião convocada por Bolsonaro com a presença dos chefes das Forças Armadas.
Advogado, ele é apontado como uma possível fonte da minuta do golpe encontrada com o ex-ministro Anderson Torres.
Segundo a PF, "o jurista, autor de obra sobre a aplicação desvirtuada e radical quanto a utilização do art.142 da Constituição Federal pelo presidente da República, esteve em Brasília/DF nos meses de novembro e dezembro de 2022, sob supervisão de Filipe Martins (assessor de Bolsonaro), trabalhando na minuta com a fundamentação que seria utilizada para consumação do Golpe de Estado".
O artigo 142 da Constituição costuma ser citado quando bolsonaristas pedem "intervenção das Forças Armadas".
O artigo 142 não trata de divisão entre os poderes, mas descreve o funcionamento das Forças Armadas. E, segundo constitucionalistas, em nenhum momento ele autoriza qualquer poder a convocá-lo para intervir em outro.
Ex-ministro da Justiça de Bolsonaro e ex-delegado da Polícia Federal. A polícia encontrou na casa ele uma minuta que sugeria a decretação de Estado de Defesa para intervenção nas eleições.
Em uma reunião em julho de 2022 com a cúpula do governo federal, Torres "ressaltou a necessidade de os presentes propagarem as informações sabidamente não verídicas ou sem qualquer lastro concreto quanto à lisura do sistema de votação brasileiro, utilizando a estrutura do Estado brasileiro para fins ilícitos e desgarrados do interesse público", diz o relatório.
Torres, para a PF, também "atuou assessorando o então presidente Bolsonaro em relação às medidas jurídicas que o poder Executivo poderia adotar no cenário discutido que resultaria na abolição do Estado Democrático de Direito."
À Polícia Federal, Torres negou que deu suporte jurídico ao plano de golpe, algo que foi confirmado pelos comandantes do Exército e da Aeronáutica.
Coronel do Exército, Moura é coautor da carta de 2022 que sugeria um golpe de Estado.
A chamada "Carta ao Comandante do Exército de Oficiais Superiores da Ativa do Exército Brasileiro" seria uma estratégia para incitar os militares e pressionar o Alto Comando do Exército a aderir ao golpe de Estado.
Para a PF, o coronel Anderson Moura também teve atuação "concreta e relevante na propagação e incitação para que outros militares assinassem a carta com teor antidemocrático".
Major da reserva do Exército. No governo Bolsonaro, foi diretor de monitoramento e avaliação do Sistema Único de Saúde (SUS), quando publicou informações falsas sobre o uso da hidroxicloroquina para o tratamento de covid-19.
Denicoli, para a PF, atuou diretamente na produção e difusão de "estudos" que teriam identificado supostas inconsistências nas urnas eletrônicas — fato que, inclusive, embasou representação do Partido Liberal para anular votos computados na eleição.
O major seria também um contato do argentino Fernando Cerimedo, que espalhou informações falsas sobre as urnas. Os dois compartilhavam documentos por meio de serviço de armazenamento em nuvem do Google.
O investigado atuou também com Alexandre Ramagem em um grupo que, segundo as anotações do ex-diretor da Abin, seria ‘‘técnico, de confiança, para trabalho de aprofundamento da urna eletrônica’’.
Ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional no governo Bolsonaro e general da reserva do Exército. Foi capitão do Exército durante a ditadura militar.
A Polícia Federal afirma que o grupo que tramava um golpe pretendia criar um “gabinete de gestão de crise” comandado por Heleno.
O gabinete seria composto quase totalmente por militares a partir do dia 16 de dezembro de 2022, após a prisão ou execução do ministro do STF, Alexandre de Moraes, e do golpe de Estado.
Diz a PF que "o nome de Augusto Heleno, na posição de liderança máxima da estrutura organizacional do gabinete, demonstra aderência e ciência do investigado a ideias radicais do grupo militar engajado na tentativa de Golpe de Estado".
Documentos encontrados pela investigação na residência do general também identificaram que Heleno integrou reuniões que visavam "estabelecer um discurso sobre urnas eletrônicas e votações. É válido continuar a criticar a urna eletrônica".
O relatório da PF diz ainda que Heleno atuou para coagir a Polícia Federal a não cumprir ordens emanadas pelo Poder Judiciário.
Coronel, era assistente do comandante militar do Sul, o general Fernando José Sant'Anna Soares Silva. Segundo a PF, ele faria parte de grupo que buscou incitar golpe dentro das Forças Armadas.
Correa Netto teria articulado e marcado uma reunião em 28 de novembro de 2022, com objetivo de "executar ações voltadas a pressionar os comandantes do Exército a aderirem ao Golpe de Estado", segundo a PF.
A investigação encontrou trocas de mensagens pelo aplicativo WhatsApp que "demonstraram o objetivo da referida reunião".
Correa Netto também teria atuado na divulgação de uma carta aos militares que incentivava o golpe, além de manter contato com o influenciador Paulo Figueiredo, que expôs comandantes que não queriam aderir ao golpe.
O coronel ganhou liberdade provisória por colaborar com a investigação.
Carlos Rocha é presidente do Instituto Voto Legal, que embasou ação do PL no TSE em novembro de 2022, questionando a confiabilidade da votação.
De acordo com o relatório da PF, Rocha tinha contato direto com Valdemar Costa Neto e Jair Bolsonaro para “disseminar teses de indícios de fraudes nas urnas eletrônicas que
circulavam pelas redes sociais, sem qualquer método científico”.
A PF afirma que Rocha "fez declarações, em coletiva de imprensa do
PL, difundindo aquilo que já se sabia falso”, além de ter endossado conteúdo inverídico produzido pelo argentino Fernando Cerimedo sobre o sistema eleitoral brasileiro.
Ainda de acordo com a polícia, conversas entre Rocha e Eder Balbino revelaram o plano “ousado” de apreender algumas urnas eletrônicas para realização de perícia.
Rocha é engenheiro formado pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA). Trabalhou no passado no desenvolvimento das urnas eletrônicas — e chegou a tentar registrar suas patentes.
Coronel do Exército, teria ajudado a redigir a "Carta ao Comandante do Exército de Oficiais Superiores da Ativa do Exército Brasileiro”.
O documento fazia parte da estratégia para "incitar os militares, pressionar o Alto Comando do Exército a aderir ao plano de Golpe de Estado e manter a mobilização de civis nas imediações de quartéis", segundo relatório da PF.
Coronel de infantaria do Exército, era assistente do comandante do Comando de Operações Terrestres (Coter), o general Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira.
O Coter era considerado imprescindível no golpe, pois é a unidade militar que tem sob sua administração o maior contingente de tropas do Exército.
O coronel Cleverson foi um dos principais participantes da reunião do dia 28 de novembro de 2022, que teve o objetivo de planejar e executar ações voltadas a pressionar os comandantes do Exército a aderirem ao golpe de Estado.
Nessa reunião, foi identificada a necessidade de "neutralizar o ministro Alexandre de Moraes", que poderia "impedir a consumação do intento golpista".
O coronel também teria atuado para expor os comandantes que resistiam a aderir ao golpe de Estado.
Comandante do Comando de Operações Terrestres (Coter), a unidade militar que tem sob sua administração o maior contingente de tropas do Exército.
Diante do cenário de resistência do general Freire Gomes, comandante do Exército, em aderir ao golpe, o general Theophilo teria sido convocado pelo então presidente Bolsonaro para uma reunião no Palácio da Alvorada.
Segundo a PF, no encontro, o general "aceitou cumprir as determinações relacionadas ao ato golpista, caso o então presidente da República assinasse o decreto". As informações estão em um áudio encaminhado por Mauro Cid a Freire Gomes.
Numa reunião em 28 de novembro, as conclusões estabeleceram "a criação de um gabinete de Crise exatamente no Coter, comandado à época pelo general Theóphilo".
Theóphilo também seria o "responsável operacional" por arregimentar as Forças Especiais do Exército para prender o ministro Alexandre de Moraes
Coronel do Exército, Fabrício Moreira de Bastos participou de reunião em 28 de novembro de 2022 em que foram planejadas algumas etapas do golpe de Estado, segundo investigação da PF. Bastos teria auxiliado na escolha dos militares que participaram da reunião e fez anotações sobre o plano.
Na época, o coronel trabalhava no Centro de Inteligência do Exército como analista da Divisão de Inteligência. Ele realizava "avaliações de cenários nacional para assessoramento do gabinete do Comandante do Exército, com a finalidade de prever um possível emprego de tropa e proteger a imagem da Força”, diz a PF.
Bastos foi adido do Exército em Tel Aviv, em Israel, e chegou a ser condecorado por Lula no ano passado.
O ex-assessor da Presidência da República para assuntos internacionais, segundo a PF, "atuou de forma proeminente na interlocução com juristas para elaborar uma minuta de teor golpista".
Junto com o advogado Amauri Feres Saad e o padre José Eduardo de Oliveira, Filipe Martins teria realizado "intensa articulação nos meses de novembro e dezembro" para elaborar a minuta.
Martins também seria um dos membros do "gabinete de crise" que seria criado após a consumação do golpe. Aliás, um dos "poucos civis" que faria parte do gabinete, destaca a PF.
O empresário argentino fez uma transmissão ao vivo em 04 de novembro de 2022 questionando a segurança das urnas eletrônicas durante as eleições daquele ano.
Parte dessas transmissões foram citadas em conversas dos militares como motivo para dar início a um golpe de Estado.
De acordo com o relatório da PF, Cerimedo teria compartilhado o vídeo da transmissão com outros investigados, como Mauro Cid e Tércio Arnaud Tomaz, para que o material fosse propagado. Além disso, divulgou acusações infundadas sobre o sistema eleitoral brasileiro em outras ocasiões.
Subtenente do Exército cedido à Abin. Teria atuado sob comando de Alexandre Ramagem para criar informações falsas sobre os ministros do STF Luís Roberto Barroso e Luiz Fux. O esquema envolvia perfis falsos.
O objetivo seria "desacreditar o processo eleitoral", diz a PF.
"A difusão de informações falsas diretamente vinculadas a Ministros da Suprema Corte e de seus familiares era intencionalmente difundida por GIANCARLO no grupo nominado pelo investigado MARCELO BORMEVET como 'grupo dos malucos' e também em outras redes sociais destacando a plena ciência dos interlocutores da desarrazoada desinformação produzida", descreve o relatório.
Rodrigues foi preso e posteriormente liberado na investigação sobre a "Abin paralela".
Tenente-coronel e ex-comandante do 1º Batalhão de Operações Psicológicas em Goiânia, Almeida trabalhou para disponibilizar conteúdo produzido pelo argentino Fernando Cerimedo em servidores no exterior.
"A investigação identificou no aparelho celular apreendido em poder de GUILHERME MARQUES ALMEIDA várias listas de transmissão, em aplicativos de mensagens, integradas pelo investigado. Nas mensagens é possível confirmar que o investigado disseminava informações falsas sobre fatos relacionados à tentativa de Golpe de Estado", afirma o relatório policial.
Ao receber a Polícia Federal em fevereiro, durante investigação da Operação Tempus Veritas, ele desmaiou.
O tenente-coronel do Exército teria participado da conspiração em várias frentes: na disseminação de notícias falsas sobre as urnas, no planejamento estratégico do golpe e no monitoramento de Lula e Alexandre de Moraes.
Lima teria participado também de uma reunião em 12 de novembro de 2022 na casa de Braga Netto, onde o tenente-coronel teria apresentado um plano com ações clandestinas.
Ele foi exonerado do cargo de comandante da 3ª Companhia de Forças Especiais, em Manaus, em fevereiro de 2024, após ter sido alvo de operação da PF.
De acordo com o relatório da PF, o ex-presidente Jair Bolsonaro não só sabia dos planos golpistas, como liderou a organização criminosa que planejou um golpe de Estado para mantê-lo no poder após a derrota nas eleições de 2022.
"Os elementos de prova obtidos ao longo da investigação demonstram de forma inequívoca que o então presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, planejou, atuou e teve o domínio de forma direta e efetiva dos atos executórios realizados pela organização criminosa que objetivava a concretização de um Golpe de Estado e da Abolição do Estado Democrático de Direito", diz o relatório.
Segundo a PF, o golpe liderado por Bolsonaro só não se concretizou por "circunstâncias alheias à sua vontade", como a resistência dos comandantes da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro Baptista Junior, e do Exército, general Freire Gomes, em aderir ao plano.
Além disso, o ex-presidente teria “plena consciência e participação ativa" dos planos golpistas, com forte mediação de Mauro Cid. O relatório afirma que a atuação de Bolsonaro é comprovada por evidências como registros de entrada e saída de visitantes do Palácio do Alvorada, datas e locais das reuniões, falas a apoiadores, entre outras.
Jair Bolsonaro teria também redigido um decreto que previa a ruptura institucional e depois apresentado este documento aos comandantes da Forças Armadas, em 7 de dezembro de 2022 — o que contou com apoio apenas do Almirante Almir Garnier, da Marinha.
“O então presidente JAIR BOLSONARO, com apoio do núcleo jurídico da organização criminosa, elaborou um Decreto que previa uma ruptura institucional, impedindo a posse do governo legitimamente eleito, estabelecendo a Decretação do Estado de Defesa no âmbito do Tribunal Superior Eleitoral e a criação da Comissão de Regularidade Eleitoral para apurar a 'conformidade e legalidade do processo eleitoral’”, afirma o relatório.
Segundo mensagens obtidas pela PF com outros investigados, a “Carta ao Comandante do Exército de Oficiais Superiores da Ativa do Exército Brasileiro” também teve “ciência e autorização” de Bolsonaro para ser elaborada e disseminada.
Padre da diocese de Osasco, José Eduardo de Oliveira e Silva teria sido um dos participantes da elaboração da minuta do golpe.
"JOSÉ EDUARDO esteve em Brasília nos meses de outubro, novembro e dezembro, auxiliando FILIPE MARTINS na construção do documento que embasaria a fundamentação do Golpe de Estado."
O general da reserva fazia parte do Núcleo de Oficiais de Alta Patente e Apoio, segundo a Polícia Federal.
De acordo com o relatório, Vergilio "atuou como integrante do núcleo responsável por incitar a adesão de militares ao Golpe de Estado e difundir ataques pessoais aos militares que não aderissem os planos da organização criminosa".
Mensagens encontradas no celular do próprio general mostrariam ele fazendo pressão sobre o comandante do Exército, general Freire Gomes, para aderir ao golpe.
"Ou você toma uma decisão ou pede pra sair, é uma questão de 'Foro íntimo' seu. Conheço seu caráter, seu profissionalismo, mas você vai amargar essa mácula na sua reputação e passar para a História como o 'Covarde TRAIDOR DA PÁTRIA'? Não tem outra leitura, infelizmente, meu amigo!", disse Vergilio em mensagem, pressionando Freire Gomes.
Policial federal cedido à Abin e acusado de integrar a "Abin paralela". Na época dos planos golpistas, estava cedido à Presidência.
Sob comando de Alexandre Ramagem, Bormevet teria participado da geração de informações falsas contra os ministros do STF Luís Roberto Barroso e Luiz Fux.
Coronel da reserva. Foi assessor especial da Presidência da República, no gabinete de Bolsonaro.
Segundo relatório da PF, Câmara estava em uma reunião com os comandantes das Forças em que foi lida a minuta do decreto do golpe, em 7 de dezembro de 2022.
Mensagens mostram também que o coronel passou em diversas ocasiões informações a Mauro Cid sobre o itinerário do ministro Alexandre de Moraes — que, em alguns dos diálogos, ganha codinome "professora".
De acordo com a PF, uma das mensagens enviadas por Cid a Câmara sobre o paradeiro de Moraes foi disparada do Palácio da Alvorada, onde o coronel estava trabalhando como assessor de Bolsonaro.
O general da reserva foi um dos "kids pretos" presos na semana passada.
Ele era secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência no governo de Jair Bolsonaro (PL) durante a elaboração dos planos golpistas.
De acordo com a PF, Fernandes "teve atuação de extrema relevância no planejamento de Golpe de Estado e ruptura institucional".
Ele foi o responsável por planejar a operação "Punhal Verde Amarelo", que pretendia matar ou prender Alexandre de Moraes, além de assassinar Lula e Geraldo Alckmin.
Um documento com o plano do "Punhal Verde Amarelo", inclusive, teria sido impresso por Fernandes no Palácio do Planalto.
Fernandes também é descrito pela PF como o "elo" entre o governo Bolsonaro e os manifestantes bolsonaristas acampados em frente ao QG do Exército em Brasília.
Ele teria sido responsável ainda por elaborar um plano de instaurar um "Gabinete Institucional de Gestão da Crise" após a ruptura institucional, órgão do qual seria um dos membros.
Ex-ajudante de ordens da Presidência e tenente-coronel afastado do Exército. Ficou quatro meses preso em 2023 e é considerado peça chave nas investigações por conta de sua delação premiada.
No relatório, a PF coloca Cid como "elemento de blindagem de Jair Bolsonaro" e responsável por "colocar a mão e ter contato com fatos cuja execução direta colocaria a figura de seu líder em posição desfavorável".
"Em diversos momentos se identifica a implementação de ações que jamais seriam feitas sem o conhecimento do Presidente", diz o relatório.
Cid aparece como responsável pela produção e difusão de “estudos” que teriam identificado supostas inconsistências nas urnas eletrônicas. Ele também participou das reuniões em que o golpe foi planejado e documentos, elaborados.
Para a PF, Mauro Cid também atuou no núcleo responsável por incitar militares a aderirem ao golpe de Estado e no monitoramento do ministro Alexandre de Moraes, como mostram mensagens encontradas pelos investigadores no celular do braço direito de Bolsonaro.
Então coronel (hoje general), era assistente do comandante do Exército, o general Freire Gomes, a quem teria tentado - sem sucesso - influenciar para adesão ao golpe, segundo a PF.
Ele foi um dois articuladores da reunião do dia 28 de novembro de 2022, quando foi traçado um plano para tentar colocar o Exército dentro da tentativa golpista.
No encontro, militares como o coronel Nilton teriam identificado "a necessidade de neutralizar o ministro Alexandre de Moraes".
Empresário e neto do último presidente da ditadura militar, João Figueiredo. Era comentarista da emissora Jovem Pan e, no relatório da PF, é identificado como um "influenciador e economista" que participava do núcleo responsável por incitar militares a aderirem ao golpe de Estado.
Figueiredo, segundo a PF, deu "ampla publicidade" à carta aos militares que tentava criar a falsa percepção de que haveria um alinhamento das Forças Armadas ao golpe de Estado.
Nos depoimentos, os ex-comandantes do Exército e da Aeronáutica, general Freire Gomes e brigadeiro Baptista Junior, "confirmaram os ataques de Paulo Figueiredp" com finalidade de pressioná-los a aderirem ao golpe.
Figueiredo declarou: "Sinto-me honrado em ser perseguido pela GESTAPO do Alexandre [de Moraes]. Agora temos um jornalista indiciado pelo 'crime de reportagem inconveniente'".
Ex-ministro da Defesa, general da reserva e ex-comandante do Exército. Como ministro da Defesa, esteve à frente da interlocução das Forças Armadas com o Tribunal Superior Eleitoral. Nogueira enviou um ofício em junho de 2022 com queixas ao TSE de que sete propostas feitas pelas Forças Armadas não estariam sendo devidamente consideradas.
Segundo a PF, Oliveira atuou de “forma concreta para tentar pressionar os então Comandantes das Forças Armadas a aderirem ao plano de golpe de Estado, visando garantir o suporte armado para as medidas de exceção”.
Em reuniões de governo, ele tratou o Tribunal Superior Eleitoral como “um inimigo, que deveria ser vencido para garantir a vitória de Jair Bolsonaro nas eleições presidenciais”.
O então ministro da Defesa também teria pressionado novamente, em uma reunião no dia 14 de dezembro de 2022 no Ministério da Defesa, os comandantes do Exército e da Aeronáutica para convencê-los a participar do golpe.
O tenente-coronel foi um dos "kids pretos" presos na semana passada. O trabalho da PF apontou que Martins de Oliveira seria o líder da operação "Copa 2022" — o plano para dar o golpe depois da eleição vencida por Lula.
Os elementos, segundo a PF, mostram que ele elaborou um planejamento junto a Mauro Cid, a ser apresentado ao general Braga Netto. “A partir da aprovação pela organização criminosa, os militares começaram a implementar a logística necessária para a execução das ações”, diz o relatório.
Rafael de Oliveira também atuou diretamente nas ações de monitoramento do ministro Alexandre de Moraes nos meses de novembro e dezembro de 2022, segundo a PF, “para cumprimento de uma eventual ordem de prisão a ser desencadeado pelo então presidente da República Jair Bolsonaro”.
A investigação também encontrou um celular comprado pelo tenente-coronel, que usou dados de outras pessoas para cadastramento de chips. O aparelho era utilizado nas “ações clandestinas”.
Tenente-coronel do Exército é acusado de participar de discussões sobre a minuta golpista.
Araújo Júnior, integrante do Centro de Comunicação do Exército Brasileiro, teria elaborado, revisado e aprimorado a "Carta ao Comandante do Exército de Oficiais Superiores da Ativa do Exército Brasileiro".
O texto, de "conteúdo antidemocrático", foi parte de uma ação para pressionar o Alto Comando do Exército a apoiar o golpe e manter a mobilização de civis em frente a quartéis. O documento foi amplamente divulgado pelo influenciador Paulo Figueiredo, com forte influência no meio militar.
Além disso, Araújo Júnior auxiliou na coleta de assinaturas para a carta, com a intenção de "vazá-la acidentalmente".
Tenente-coronel que fazia parte do "Núcleo de Desinformação e Ataques ao Sistema Eleitoral".
Segundo a PF, ele foi um dos responsáveis por redigir, propagar e coletar assinaturas de militares para a “Carta ao Comandante do Exército de Oficiais Superiores da Ativa do Exército Brasileiro”.
Cavalieri tinha a intenção de pressionar o Alto Comando do Exército e incitar militares a apoiar um golpe de Estado. Em mensagens, ele disse: "logicamente que, 'acidentalmente’' irá vazar", em referência ao documento.
A PF concluiu que o coronel agiu "com dolo, consciência e livre vontade na execução de atos com intento golpista".
Ex-assessor de Bolsonaro e um dos principais nomes do "gabinete do ódio", apontado como responsável por organizar e disseminar campanhas de desinformação.
A investigação aponta que ele editou e encaminhou, por WhatsApp, cortes da live do influenciador argentino Fernando Cerimedo, em que ele fazia ataques às urnas eletrônicas e ao sistema eleitoral.
A versão original da live, com mais de uma hora de duração, foi condensada em um resumo de cerca de 9 minutos para facilitar a disseminação antes que o TSE pudesse tomar medidas contra a propagação de fake news.
O material editado foi enviado a Mauro Cid, que, com Marques de Almeida, ampliou sua circulação.
Presidente do PL, partido de Bolsonaro nas eleições de 2022. É acusado de apoiar e financiar questionamentos à integridade das urnas eletrônicas. No passado, Valdemar e o PL estiveram no centro do escândalo do mensalão.
A Polícia Federal afirma que o líder do PL apresentou uma ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em novembro de 2022, com alegações de fraude nas urnas eletrônicas, mesmo sabendo que eram falsas.
Segundo a investigação, ele foi um dos responsáveis pela decisão de divulgar um relatório fraudulento, elaborado em coordenação com Jair Bolsonaro, para subsidiar a representação do partido.
Além disso, membros do PL e do Instituto Voto Legal (IVL) forneceram informações manipuladas a influenciadores, como o argentino Fernando Cerimedo, para disseminar fake news sobre as urnas e incitar a população contra o resultado das eleições.
Segundo a PF, Valdemar não apenas tinha ciência como foi um dos responsáveis por tomar a decisão de divulgar o conteúdo falso.
Ex-ministro da Defesa e candidato a vice-presidente de Jair Bolsonaro em 2022. General da reserva. A PF afirma que a investigação indica “participação concreta” de Braga Netto na tentativa de golpe.
Braga Netto teria chefiado com Augusto Heleno um suposto gabinete de crise que seria instaurado após a execução do plano a fim de realizar novas eleições. Braga Netto teria participado da elaboração dos planos golpistas e, inclusive, realizado uma reunião sobre o tema em sua residência em Brasília.
Conforme o relatório, Braga Netto teria aprovado o planejamento operacional do golpe em uma reunião realizada em sua casa em 12 de novembro de 2022. O encontro contou com a presença de militares como o tenente-coronel Mauro Cid, o major Rafael de Oliveira e o tenente-coronel Ferreira Lima.
Braga Netto e o general Augusto Heleno chefiariam um gabinete ligado à Presidência da República para apoiar Bolsonaro na implementação de um decreto golpista após a consumação do golpe. A função do gabinete seria articular redes de inteligência e estratégias de comunicação para conquistar apoio nacional e internacional.
O documento afirma também que, em dezembro de 2022, Braga Netto teria participado de uma ofensiva para pressionar os comandantes da Aeronáutica e do Exército a aderirem ao plano. Entre as estratégias de "milícia digital", ele teria incentivado ataques públicos e pessoais contra os generais Freire Gomes e Baptista Júnior, além de seus familiares.
Policial federal que atuava na segurança do hotel onde o presidente Lula se hospedou durante a transição. Ele é acusado de integrar o grupo que discutiu o planejamento de assassinatos de líderes como Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes.
Wladimir trabalhou na segurança do então presidente Jair Bolsonaro desde as eleições de 2018, sob a liderança do delegado Ramagem.
Segundo o relatório da PF, ele teria fornecido dados relacionados à segurança de Lula. O policial enviou mensagem a Sérgio Rocha Cordeiro, assessor direto de Bolsonaro, com informações sobre a estrutura da equipe do ex-presidente e repassou dados de localização Misael Melo da Silva, sargento reformado integrante da segurança de Lula.
Wladimir declarou estar pronto para agir em defesa do "palácio e do Presidente". Em declarações prestado à Polícia Federal, ele admitiu que foi convocado para integrar uma equipe que garantiria a proteção de Bolsonaro no caso de ele se recusar a entregar a faixa presidencial.
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