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O que se sabe sobre ataque de Israel em zona humanitária de Gaza que deixou 71 mortos

O que se sabe sobre ataque de Israel em zona humanitária de Gaza que deixou 71 mortos

O ministério da saúde administrado pelo Hamas em Gaza afirma que pelo menos 71 palestinos foram mortos em um ataque aéreo israelense contra uma área humanitária designada. Israel afirma ter como alvo altos líderes do Hamas

Publicado em 13 de julho de 2024 às 15:42

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Imagem BBC Brasil
(Reuters)

Rushdi Abualouf e Tom McArthur

O ministério da Saúde administrado pelo Hamas em Gaza afirma que pelo menos 71 palestinos foram mortos em um ataque aéreo israelense contra uma área humanitária designada. Israel afirma que o ataque tem como alvo altos líderes do Hamas.

Mais de 289 pessoas ficaram feridas, segundo comunicado do Ministério da Saúde do Hamas em Gaza.

O ataque teria atingido a área de al-Mawasi, perto de Khan Younis, que os militares israelenses designaram como zona humanitária e onde instalaram palestinos em busca de abrigo.

Uma autoridade israelense disse que o ataque teve como alvo Mohammed Deif, chefe do braço militar do Hamas, em uma "área aberta" onde havia "apenas terroristas do Hamas e nenhum civil".

Rafa Salama, comandante do Hamas em Khan Younis, também foi alvo do ataque, disse o militar de Israel, que classicou como "preciso" o trabalho de inteligência que levou à operação.

Já o Hamas disse que é "falsa" a alegação de que os alvos eram líderes do grupo.

"Não é a primeira vez que Israel afirma ter como alvo os líderes palestinos, alegações que depois se mostram falsas", disse o grupo em comunicado.

De acordo com a agência Reuters, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, manterá reuniões sobre segurança durante o dia.

A BBC Verify, o serviço de checagem da BBC, analisou imagens da região após o ataque e confirmou que a ação militar ocorreu dentro de uma área designada como zona humanitária, de acordo com o próprio site das Forças de Defesa de Israel.

Uma testemunha ocular em al-Mawasi disse à BBC que o local do ataque parecia ter sido atingido por um "terremoto".

Vídeos feitos na área mostram destroços fumegantes e vítimas ensanguentadas carregadas em macas.

Nas imagens, é possível ver pessoas que tentam desesperadamente vasculhar os escombros de uma grande cratera com as próprias mãos.

Imagem BBC Brasil
Mohammed Deif opera nas sombras de Gaza há décadas. (AFP)

Um dos médicos de um hospital que atende os feridos no ataque disse à BBC que este é "um dos dias mais obscuros".

Em entrevista ao Serviço Mundial da BBC, o Dr. Mohammed Abu Rayya afirmou que a maioria das vítimas que chegou após o ataque já estava morta. Outros sofriam com múltiplos ferimentos por estilhaços.

Ele comparou as cenas com "estar no inferno" e acrescentou que muitas das vítimas eram civis, principalmente mulheres e crianças.

Imagens do hospital de campanha próximo do Kuwait revelam cenas de caos. Muitos pacientes recebiam tratamento no chão.

O complexo médico Nasser, em Khan Younis, está "sobrecarregado" e já não é capaz de funcionar, afirmou a instituição de caridade britânica Medical Aid for Palestinians (MAP, na singla em inglês).

Na quarta-feira (10/7), os militares israelenses orientaram que todos os residentes da Cidade de Gaza evacuassem para o sul, em direção ao centro da Faixa de Gaza, em meio às intensificações de operações no norte do território.

Imagem BBC Brasil
(Reuters)

Mohammed Deif, chefe das Brigadas al-Qassam, a ala militar do Hamas, é um dos principais alvos dos militares de Israel.

Deif tem um status quase mítico em Gaza, depois de escapar da captura e sobreviver a várias tentativas de assassinato.

Acredita-se que ele seja um dos mentores do ataque do Hamas em 7 de Outubro, quando cerca de 1,2 mil israelenses e estrangeiros — a maioria deles civis — acabaram mortos e outros 251 foram levados de volta a Gaza como reféns.

Isso levou à grande operação militar israelense em Gaza, que matou mais de 38,4 mil palestinos, segundo o Ministério da Saúde administrado pelo Hamas.

Um porta-voz do Hamas, citado pela Reuters, classificou o ataque como uma "grave escalada", que mostrou que Israel não está interessado em chegar a um acordo para o fim da guerra.

As negociações para o cessar-fogo realizadas no Qatar e no Egito terminaram na sexta-feira (12/7) sem sucesso, apurou a BBC.

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