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OMS admite não atingir meta de entregar 2,4 bilhões de doses da vacina em 2021

OMS admite não atingir meta de entregar 2,4 bilhões de doses da vacina em 2021

Logística e atrasos na produção atrapalham meta, e a Organização Mundial da Saúde (OMS) faz apelo para melhorar fornecimento de vacinas ao consórcio global

Publicado em 5 de maio de 2021 às 15:34

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Profissional da saúde aplica vacina contra a Covid-19
Profissional da saúde aplica vacina contra a Covid-19 . (Freepik)

A OMS (Organização Mundial da Saúde) esperava distribuir 2,4 bilhões de vacinas contra Covid-19 via consórcio Covax Facility em todo o mundo até o final de 2021, mas já admite a possibilidade de não atingir essa meta.

A distribuição, por meio da Aliança Global de Vacinação (Gavi), se destina principalmente a países de renda média e baixa, os mais afetados na campanha de vacinação já que não conseguiram fazer acordos multimilionários para compra de imunizantes diretamente com as produtoras.

A meta da OMS era vacinar até 20% da população de todos os países que assinaram o acordo da Covax, mas o principal gargalo hoje para a distribuição dessas doses é a capacidade de produção e o fornecimento de imunizantes das produtoras para o consórcio.

A distribuição global de vacinas contra Covid-19 enfrenta vários desafios, como atrasos na produção, falta de insumos e de seringas e agulhas para aplicação, além de dificuldades logísticas que impedem que o imunizante chegue aos braços do maior número possível de pessoas em um curto espaço de tempo.

No último domingo (2), o Brasil recebeu um novo lote de 2 milhões de doses da vacina Oxford/AstraZeneca via Covax, totalizando até o momento pouco menos de 4 milhões de doses distribuídas pelo consórcio de um total de 42,9 milhões que foram acordadas pelo governo federal no valor de U$ 150 milhões.

Inicialmente, a previsão era que o consórcio enviasse ao país 9,1 milhões de doses até maio. No entanto, o país havia recebido apenas um lote, com 1 milhão de doses, até o final de abril.

Segundo Katherine O'Brien, diretora de imunização da OMS, a principal consequência dos atrasos é uma vacinação desigual no mundo. Países como o Reino Unido ou Israel têm mais de 60% de sua população já imunizada, enquanto outros, principalmente na África subsaariana e sudeste asiático, apresentam na média menos de 5% da população vacinada.

"Estamos muito distantes da distribuição igualitária das vacinas, que é o que desejamos atingir globalmente, como uma só comunidade. E o gargalo principal para isso é a demanda das produtoras, que apresentam atrasos na produção e oferecem seu produto para países ricos", disse ela em um painel durante o Congresso Mundial de Vacinas em Washington, que neste ano foi totalmente virtual.

"Esse problema está nas mãos dos investidores das farmacêuticas. Eles precisam resolver essa questão de oferta e demanda. Nós podemos atuar na distribuição dessas vacinas, mas, se elas não forem repassadas, não podemos fazer nada."

Para Anuradha Gupta, diretora executiva da Gavi, a produção precisa ser acelerada para fazer com que mais vacinas cheguem aos países que mais necessitam. "A velocidade e a virulência dessa vacina colocam um x na questão. Precisamos ter doses suficientes para garantir que 20% a 30% da população nos países mais vulneráveis esteja vacinada. Há poucos países que vacinaram além dos grupos prioritários e países que não receberam doses. A questão da vacina é política; ela depende de lideranças locais e autoridades de saúde, mas ela também é geopolítica", disse.

Outra questão debatida durante o painel foi a quebra das patentes dos imunizantes. Segundo o professor de políticas públicas em saúde da Insead e da Escola de Medicina de Harvard Prashant Yadav, focar a quebra das patentes agora será inócuo para acelerar a vacinação global, uma vez que, mesmo com a liberação das patentes, os países que enfrentam dificuldades na vacinação não possuem a tecnologia e a infraestrutura necessárias para começar a manufatura desses produtos imediatamente.

"A realidade é que temos que aumentar a escala de produção global. O que precisamos para os próximos seis meses é o aumento de oferta. A pergunta a se fazer é: a quebra das patentes vai nos ajudar a avançar na vacinação nos próximos 12 meses? É preciso conhecimento científico e tecnológico para concluir a transferência das patentes, e isso precisa de tempo. O foco agora deve ser aumentar a capacidade de produção das fábricas e investir nos parceiros de manufatura certificados que já existem no mundo."

Apesar dos entraves, o programa Covax é visto como a principal estratégia global de vacinação contra Covid e é fundamental para atingir a imunização da população e diminuir o crescimento da pandemia em diversos países.

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