A epidemia de ebola na República Democrática do Congo (RDC) se espalhou para uma cidade, informou a Organização Mundial da Saúde (OMS) nesta quinta-feira, o que acende o alerta e intensifica a preocupação sobre a dificuldade de conter o vírus.
A mais nova onda de casos, divulgada em 8 de maio, já deixou 23 mortos, mas estava confinada, até então, a uma área rural remota do noroeste do país africano, Bikoro. A agência de saúde das Nações Unidas confirmou a contaminação de uma pessoa na cidade de Mbandaka, a cerca de 150 quilômetros da área original da epidemia.
"Este é um desenvolvimento preocupante", ressaltou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, em comunicado.
Na semana passada, uma autoridade do órgão destacou que, se o vírus atingisse Mbandaka, a RDC poderia ser confrontada com uma crise de ebola. A população da cidade é estimada entre 700 mil e 1,2 milhões.
"Se nós virmos uma cidade deste tamanho afetada pelo ebola, então nós deveremos ter uma grande epidemia urbana", frisou a repórteres o chefe de resposta de emergência da OMS, Peter Salama.
A agência informou nesta quinta-feira que deslocou 30 especialistas para Mbandaka a fim de "supervisionar" a cidade e rastrear relatos de novos casos de ebola na área urbana. Até o momento, houve 44 ocorrências registradas três confirmadas, 20 prováveis e 21 sob suspeita, segundo a contagem da OMS.
O vírus ebola não só é letal como é altamente contagioso, o que dificulta a contenção da doença. Sem um arsenal de medicamentos que tratem ou previnam o mal, os médicos apostam no isolamento dos doentes e observação de pessoas que tiveram contato com eles. Nas áreas urbanas, o desafio é maior: os moradores costumam se movimentar e encontrar mais pessoas que os residentes de ambientes rurais.
Fora a complexidade do vírus, preocupa o fato de o ebola ter afetado uma das nações mais vulneráveis do mundo. A RDC é quatro vezes maior que a França, por exemplo, e tem política instável e episódios de violência desde que se tornou independente da Bélgica, em 1960. A pobreza, a corrupção e a deficiência an infraestrutura de hospitais, estradas e energia elétrica são grandes obstáculos, sobretudo nas regiões remotas.
Trata-se da nona vez que o Congo enfrenta o ebola desde 1976, quando o vírus foi identificado pela primeira vez no país, então chamado Zaire. A OMS também confirmou que a nova epidemia vem da mesma cepa do vírus que se espalhou pelo oeste da África em 2013 e matou mais de 11 mil pessoas.
"Nós agora temos ferramentas melhores que antes para combater o ebola", ressalvou Tedros, na terça-feira, ao visitar a RDC.
Uma vacina experimental chegou ao país na quarta-feira e foi autorizada pelo governo como um dos meios de resposta da OMS para a doença. Tedros ressaltou, no último fim de semana, que havia doses suficientes para a resposta. Mas, naquele momento, ainda não havia confirmação de casos na área urbana.
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