No intervalo entre os discursos do presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, e do presidente dos EUA, Joe Biden, na Assembleia-Geral das Nações Unidas, funcionários da ONU limparam o púlpito e trocaram a cabeça do microfone usado pelos chefes de Estado no palanque, informou o Wall Street Journal.
"Os chefes de Estado e seus assessores devem ser vacinados para entrar na sala de reuniões. Mas os funcionários da ONU não fiscalizam o cumprimento da regra, e confiam nos convidados. O presidente brasileiro Jair Bolsonaro, que testou positivo para Covid-19 em 2020 e disse que não está vacinado, falou antes de Biden. A Casa Branca disse que o púlpito foi limpo e a cabeça do microfone substituída entre os discursos".
A apuração do Wall Street Journal não deixa claro se é um procedimento de higienização adotado com todos os chefes de Estado e líderes que discursam presencialmente na Assembleia-Geral, ou se foi apenas um caso isolado.
O procedimento, no entanto, não foi adotado entre os discursos presenciais do presidente da 76ª sessão da Assembleia-Geral, Abdulla Shahid, ministro das Relações Exteriores das Maldivas, e o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres.
O encontro anual da ONU foi quase todo virtual no ano passado, e a participação neste ano também foi limitada, com muitos chefes de Estado e outros funcionários de alto escalão enviando mensagens por vídeo. Diplomatas dos EUA pediram aos países que limitassem o tamanho de suas delegações.
Na segunda-feira, 20, em um encontro com o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, Bolsonaro ouviu o premiê fazer uma defesa enfática da vacina contra a covid-19 produzida pela farmacêutica britânica AstraZeneca.
Quando viu Jair Bolsonaro fazer um sinal negativo com as mãos. Johnson, que acabara de sugerir a jornalistas que tomassem a vacina, disse a Bolsonaro: "eu tomei duas vezes já". Bolsonaro respondeu com o sinal negativo das mãos e disse: "eu ainda não".
Com a vacinação amplamente defendida por líderes mundiais como Johnson e o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, Bolsonaro destoa do restante do mundo na chegada para a Assembleia-Geral das Nações Unidas, que acontece nesta terça-feira, 21.
O constrangimento pela falta de vacinação do presidente, que tem procurado saídas para poder circular em Nova York sem vacina, e sua declarada posição sobre o tema colocam em xeque a estratégia do Itamaraty de vender uma agenda positiva no evento e reverter o desgaste internacional de Bolsonaro.
Ainda na segunda, Bolsonaro escolheu uma churrascaria brasileira para almoçar em Nova York. Como não está vacinado, o que o impede de entrar na área interna de restaurantes, ele ficou em mesas na área externa da churrascaria Fogo de Chão, em frente ao Museu de Arte Moderna (MoMA). As mesas não podiam ser vistas a partir da rua porque foram cercadas pelo restaurante por um pano preto colocado para proteger a comitiva do presidente da visão dos pedestres.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta