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Os argumentos de Trump sobre controle da Groenlândia, do Canal do Panamá e até do Canadá

Os argumentos de Trump sobre controle da Groenlândia, do Canal do Panamá e até do Canadá

O presidente eleito disse que não descartaria o uso de força militar para assumir o controle do Canal do Panamá e da Groenlândia.

Publicado em 8 de janeiro de 2025 às 07:44

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Imagem BBC Brasil
Trump não descartou o uso de força militar para assumir o controle do Canal do Panamá e da Groenlândia. (Getty Images)

Alys Davies e Mike Wendling

O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, não está dando sinais de que vai desistir da ambição de obter o controle da Groenlândia e do Canal do Panamá, classificando ambos como essenciais para a segurança nacional americana.

Questionado se descartava o uso de força militar ou econômica para assumir o controle do território autônomo dinamarquês ou do canal, ele respondeu: "Não, não posso garantir nada em relação a nenhum dos dois".

"Mas posso dizer o seguinte: precisamos deles para a segurança econômica", afirmou Trump a jornalistas na terça-feira (7/1) durante coletiva de imprensa em sua propriedade em Mar-a-Lago, na Flórida.

Tanto a Dinamarca quanto o Panamá rejeitaram qualquer sugestão de que abririam mão dos respectivos territórios.

Imagem BBC Brasil
'A Groenlândia pertence aos groenlandeses', afirmou a primeira-ministra dinamarquesa. (Getty Images)

Trump também prometeu usar a "força econômica" quando perguntado se tentaria anexar o Canadá — e chamou a fronteira compartilhada entre eles de "linha artificialmente traçada".

A fronteira é a mais longa do mundo entre dois países, e foi estabelecida em tratados que remontam à fundação dos Estados Unidos no fim dos anos 1700.

O presidente eleito afirmou que seu país gasta bilhões de dólares protegendo o Canadá — e criticou as importações de carros, madeira e laticínios canadenses.

"Eles deveriam ser um Estado (americano)", disse ele aos jornalistas.

Mas o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, que renunciou nesta semana ao cargo, afirmou que não há "a menor chance" de uma fusão entre os dois países.

A coletiva de imprensa foi inicialmente marcada como um anúncio de desenvolvimento econômico para divulgar o investimento de US$ 20 bilhões da Damac Properties, empresa de desenvolvimento imobiliário de Dubai, para construir data centers nos Estados Unidos.

Mas o presidente eleito passou a criticar as regulamentações ambientais, o sistema eleitoral dos EUA, os vários processos judiciais contra ele e o presidente Joe Biden.

Entre várias outras coisas, ele sugeriu mudar o nome do Golfo do México para "Golfo da América" — e reafirmou sua oposição à energia eólica, dizendo que as turbinas eólicas estão "enlouquecendo as baleias".

As declarações dele foram feitas enquanto seu filho, Donald Trump Jr., visitava a Groenlândia.

Antes de chegar à capital Nuuk, Trump Jr. disse que estava fazendo uma "viagem pessoal de um dia" para conversar com as pessoas, e que não tinha reuniões marcadas com autoridades do governo.

Quando questionada sobre a visita de Trump Jr. à Groenlândia, a primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, disse à TV dinamarquesa que "a Groenlândia pertence aos groenlandeses" — e que somente a população local poderia determinar seu futuro.

Ela afirmou que "a Groenlândia não está à venda", mas enfatizou que a Dinamarca precisava atuar em forte cooperação com os EUA, um aliado da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

A Groenlândia está localizada na rota mais curta entre a América do Norte e a Europa — e abriga uma grande instalação espacial americana. Também possui alguns dos maiores depósitos de minerais de terras raras, cruciais para a fabricação de baterias e dispositivos de tecnologia de ponta.

Trump sugeriu que a ilha é essencial para os esforços militares de rastreamento de navios chineses e russos, que, segundo ele, estão "por toda parte".

"Estou falando de proteger o mundo livre", disse ele aos jornalistas.

Imagem BBC Brasil
O presidente eleito disse que os EUA precisam da Groenlândia para 'segurança econômica'. (Reuters)

Desde que venceu as eleições em novembro, Trump vem batendo repetidamente na tecla da expansão territorial dos EUA — incluindo a retomada do Canal do Panamá.

Durante a coletiva de imprensa, ele disse que o canal "é vital para o nosso país" — e alegou que "está sendo operado pela China".

Anteriormente, ele acusou o Panamá de cobrar a mais dos navios americanos para usar a hidrovia, que liga os oceanos Atlântico e Pacífico.

O presidente do Panamá, José Raúl Mulino, rejeitou as alegações de Trump, e afirmou que não há "absolutamente nenhuma interferência chinesa" no canal.

Uma empresa com sede em Hong Kong, a CK Hutchison Holdings, administra dois portos nas entradas do canal.

O canal foi construído no início dos anos 1900, e os Estados Unidos mantiveram o controle sobre a Zona do Canal até 1977, quando os tratados negociados pelo então presidente Jimmy Carter devolveram gradualmente o controle do território ao Panamá.

"Dar o Canal do Panamá ao Panamá foi um grande erro", disse Trump. "Veja bem, [Carter] era um homem bom... Mas isso foi um grande erro."

Não está claro o quão sério o presidente eleito está falando sobre aumentar o território dos Estados Unidos, sobretudo quando se trata do Canadá, um país de 41 milhões de habitantes, que é a segunda maior nação em extensão territorial do mundo.

Durante a coletiva de imprensa, Trump também repetiu uma série de informações falsas e teorias conspiratórias, incluindo a sugestão de que o Hezbollah, grupo militante islâmico, estava envolvido na invasão do Capitólio dos Estados Unidos em 2021.

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