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'Peguei meu colchão e dormi fora do hotel, no deserto', diz brasileira após terremoto no Marrocos

'Peguei meu colchão e dormi fora do hotel, no deserto', diz brasileira após terremoto no Marrocos

Gaúcha Tânia Andrade, de 61 anos, contou à BBC News Brasil experiência de passar por tremor pela primeira vez

Publicado em 9 de setembro de 2023 às 12:16

Ícone - Tempo de Leitura 3min de leitura
Imagem BBC Brasil
Tânia Andrade relata que dormiu do lado de fora do hotel, no deserto, com medo. (Arquivo pessoal)

A gaúcha Tânia Andrade, de 61 anos, que está de férias no Marrocos, disse, em entrevista à BBC News Brasil, que decidiu retirar o colchão do seu quarto de hotel e dormir do lado de fora, no meio do deserto, após o forte terremoto que atingiu o país na noite desta sexta-feira (9/9).

Ela está hospedada em um vale a 300 quilômetros de Marrakech, mas afirmou que pôde sentir o tremor.

"Foi tudo muito rápido. Tinha acabado de jantar e estávamos conversando na área externa do hotel, quando tudo começou a tremer. Fiquei assustada, pois nunca tinha passado por algo parecido antes", disse ela, que vive em Portugal há 18 anos.

Ela contou que faz viagens ao Marrocos há quase uma década, aonde costuma levar turistas brasileiros e portugueses em parceria com uma agência de turismo local.

"Quando voltei ao meu quarto, havia rachaduras no teto. Fiquei com medo, peguei meu colchão e dormi do lado de fora", acrescentou.

"É algo pelo qual eu nunca mais quero passar na vida".

Imagem BBC Brasil
Tânia Andrade vive em Portugal, mas estava de férias no Marrocos. (Arquivo pessoal)

O guia que a acompanhava, o marroquino Yousseff, dono da agência Marrocos Tours, disse à BBC News Brasil que também nunca havia passado algo semelhante.

"Sou marroquino e nunca tinha passado por isso. Mas tentei passar tranquilidade ao grupo", acrescentou ele, em português.

Imagem BBC Brasil
Colchões do lado de fora após terremoto no Marrocos. (Tânia Andrade)

Terremoto

O total de mortos depois que um forte terremoto atingiu o centro do Marrocos já passou de 1.000, segundo o Ministério do Interior do país.

O sismo — de magnitude 6,8 — fez com que as pessoas corressem para as ruas de Marrakech e de outras cidades próximas.

Um tremor secundário, de magnitude 4,9, foi sentido 19 minutos depois.

Muitas das mortes ocorreram em áreas montanhosas de difícil acesso — pelo menos 672 pessoas ficaram feridas, 205 delas em estado grave, segundo as últimas informações.

Imagem BBC Brasil
Hotel onde Tânia Andrade está hospedada. (Tânia Andrade)

O terremoto ocorreu pouco depois das 23 horas, no horário local (19h de Brasília), a uma profundidade relativamente rasa, a cerca de 71 km a sudoeste de Marrakech, segundo Serviço Geológico dos Estados Unidos.

A Embaixada do Brasil na capital Rabat emitiu nota dizendo não haver notícias neste momento de brasileiros mortos ou feridos e que acompanha com atenção os desdobramentos do terremoto.

Foi informado que o corpo diplomático no país "trabalha em regime de plantão, e pode ser contatado pelo telefone +212661168181 (inclusive WhatsApp)".

A delegação da seleção olímpica brasileira, de jogadores até 23 anos, está na cidade de Fez, onde disputou uma partida contra a seleção marroquina.

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF), segundo o GloboEsporte, informou que os integrantes da delegação foram levados para a piscina do hotel e voltaram para o quarto uma hora depois do tremor inicial.

O epicentro do sismo foi nas montanhas do Alto Atlas.

A maioria das vítimas estava em Marrakech e em várias áreas ao sul, segundo o Ministério do Interior.

Hospitais da cidade estão recebendo um grande número de vítimas e autoridades pedem que sejam feitas doações de sangue nesse momento.

Uma nuvem de poeira foi vista no topo da histórica mesquita Koutoubia, de 850 anos, em Marrakech. Pessoas no local temiam que pudesse haver risco de desabamento

O tremor também afetou as províncias e os municípios de al-Haouz, Ouarzazate, Azilal, Chichaoua e Taroudant.

O terremoto ainda foi sentido na capital Rabat, a cerca de 350 km de distância, bem como nas cidades de Casablanca e Essaouira.

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