Pesquisa divulgada nesta quinta-feira (14) pelo Pew Research Center mostra que 59% da população dos Estados Unidos avalia que os imigrantes são uma força e não um peso para o país.
De acordo com o relatório, seis em cada dez americanos dizem que imigrantes fazem a nação mais forte com seu trabalho e talento, enquanto 34% acreditam que eles tiram empregos e benefícios sociais de quem nasceu nos EUA.
As outras opções para a pesquisa eram nenhuma das duas alternativas ou as duas. A pessoa consultada também poderia se recusar a responder.
A maioria da população norte-americana -56%- também opina que estrangeiros não aumentam os riscos de terrorismo no país, e 77% não acham que eles devam ser culpados por crimes em maior medida apenas por serem de outras nacionalidades.
Os números se chocam diretamente com a retórica anti-imigração do presidente Donald Trump. Desde que foi eleito, o republicano atua para construir um muro na fronteira entre os EUA e o México, mas sofre resistência do Partido Democrata no Congresso.
O presidente costuma dizer que a divisa de seu país sofre com uma crise imigratória que permite a entrada de drogas e criminosos em terras americanas, mas os dados divulgados pelo centro de pesquisas mostram que a maior parte da população dos EUA não vê os imigrantes de forma negativa.
Quando o assunto é a deportação daqueles que estão no país ilegalmente, porém, há divisão -47% são contra a deportação de ilegais, enquanto 46% são a favor.
Nos outros 17 países onde a pesquisa foi feita, a média é de 61% favorável à deportação e 35%, contra. De todas as nações consultadas, somente o México tem maioria contra a deportação de ilegais: 50% contra e 43% a favor.
Os EUA têm a maior população de imigrantes do mundo -cerca de 44,4 milhões vivem no país, de acordo com dados de 2017. Ilegais correspondem a 23% do total.
Ainda de acordo com a pesquisa publicada nesta quinta, a população imigrante vem caindo nos EUA desde 2007, o que também contraria o discurso do Trump, que fala em invasão de estrangeiros no país.
O levantamento foi realizado em 18 países que abrigam metade dos 127 milhões de imigrantes que hoje vivem no mundo e, por isso, não inclui o Brasil.
Na maioria deles a opinião dos EUA é compartilhada: na média, cerca de 56% respondem que os estrangeiros são uma força para o país, enquanto 38% dizem que eles são um fardo.
Entre os que enxergam os estrangeiros com otimismo estão EUA, Alemanha, Reino Unido, França, Canadá e Austrália -cada um deles hospedando mais de 7 milhões de imigrantes em 2017.
EUA, Canadá e Austrália são os principais destinos de imigração desde o século 19.
Na década de 1990, porém, a percepção sobre a imigração era diferente nos EUA, e cerca de 60% viam os imigrantes como um peso para o país.
O Canadá é o campeão de bons olhos para imigrantes: 68% os veem como força, e 27% como peso.
Por outro lado, cinco países -Hungria, Grécia, África do Sul, Rússia e Israel- enxergam os imigrantes como um fardo para seus países. Com exceção à Rússia, os outros quatro têm menos de 5 milhões de imigrantes cada um.
A Hungria rechaça fortemente os imigrantes: 73% acham que os estrangeiros são um peso para o país, e apenas 5% avaliam que eles fortalecem a nação.
O primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, é ligado à nova direita populista, identificada também com o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, e Trump.
De acordo com o Pew Research Center, a opinião das pessoas sobre imigração está também ligada ao espectro ideológico que ocupam: as de esquerda observam a imigração de forma mais positiva que as de direita, assim como as de maior escolaridade, as mais jovens e as com maiores salários, que tendem a opiniões afirmativas sobre eles.
Nos países da União Europeia que receberam uma onda de refugiados desde 2015, como Grécia, Alemanha e Itália, o número de pessoas que dizem ver nos imigrantes mais força do que peso caiu significativamente. A Grécia é onde ocorreu a maior queda desde 2014 na percepção positiva sobre imigrantes: de 19% para 10%.
Outro assunto que divide a opinião dos entrevistados é a disposição dos imigrantes para adotarem os costumes do país de acolhimento: média de 49% diz que os estrangeiros querem se diferenciar, e 45% afirmam que eles querem adotar o modo de vida nos países em que estão vivendo.
Nos EUA, 54% dizem que os imigrantes querem adotar costumes americanos, enquanto 37% afirmam que eles querem ser diferentes.
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