Dados preliminares dos Censos de 2021, divulgados nesta quarta-feira (28) pelo INE (Instituto Nacional de Estatísticas), mostram que a população de Portugal encolheu 2% desde o último levantamento, em 2011.
É a primeira vez, desde a década de 1970, que a população portuguesa diminui entre um recenseamento e outro.
Realizado quase totalmente online por conta da pandemia da Covid-19, o censo luso indica 10.347.892 pessoas vivendo no país: cerca de 214 mil a menos do que em 2011.
O levantamento mostrou que houve reforço na concentração populacional no litoral e um despovoamento do interior. Cerca de metade da população portuguesa está concentrada em 31 cidades, a maioria no entorno de Lisboa e o do Porto.
Dos 308 municípios do país, 257 viram a população encolher e apenas 51 registaram um aumento no número de moradores. Na década anterior, 198 municípios haviam registrado quebras populacionais.
Apenas duas regiões de Portugal tiveram aumento populacional: a Área Metropolitana de Lisboa (1,7%) e o Algarve (3,7%).
Embora a quantidade de gente vivendo na Área Metropolitana de Lisboa tenha crescido 1,7%, os moradores do município de Lisboa diminuíram 1,4%.
Segundo o Instituto Nacional de Estatística, os dados preliminares ainda não permitem analisar totalmente os motivos para a mudança.
Outros especialistas, no entanto, indicam que o aumento do custo de vida na capital puxado pela alta expressiva do preço da habitação pode ter contribuído levado a uma saída para bairros mais periféricos da grande Lisboa.
A subida do preço das casas também pode estar por trás da perda de moradores da segunda maior cidade do país, o Porto, que tem menos 2,4% de habitantes em relação a 2011.
No Algarve, destino turístico mais popular do país, o aumento populacional pode estar ligado justamente a este setor econômico, que garante uma boa parte da oferta de empregos regional.
Com exceção do Algarve e da Região Metropolitana de Lisboa, todas as demais regiões viram suas populações diminuírem: Alentejo (-6,9%), Região Autônoma da Madeira (-6,2%), Centro (-4,3%), Região Autónoma dos Açores (-4,1%) e Norte (-2,7%).
Imigração
Com uma população envelhecida e uma das mais baixas taxas de natalidade da Europa, Portugal apresenta um saldo natural negativo (diferença entre nascidos vivos e mortes) há 12 anos consecutivos.
Nos últimos cinco anos, conforme o país ia se recuperando da crise econômica, o número de estrangeiros residentes tem vindo a aumentar de forma consistente. Em 2020, eram 662.095 imigrantes regularizados: recorde absoluto desde a criação da série histórica, em meados da década de 1970.
Embora tenha contribuído para evitar o declínio populacional nos anos recentes, a imigração não foi suficiente para manter o crescimento dos habitantes do país.
Na avaliação do presidente do conselho diretivo do INE, Francisco Lima, o declínio populacional do país é motivo de preocupação e indica que nem os fluxos migratórios estão conseguindo impedir o despovoamento.
Significa que o nosso saldo natural não está a ser suficiente. Está negativo e isso é logo um sinal de preocupação. E agora vemos que mesmo os saldos migratórios não estão a ser suficientes. Olhando para estes dez anos, é isto que verificamos. Se não houver uma reversão do saldo natural, em particular dos nascimentos, estamos cada vez mais dependentes da imigração para aumentarmos a população, afirmou Lima, em entrevista ao jornal Público.
Os dados definitivos do recenseamento serão divulgados em 2022.
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