> >
Por que China se mantém firme na guerra de tarifas com Trump

Por que China se mantém firme na guerra de tarifas com Trump

Vendas da China aos EUA equivalem a apenas 2% do PIB do país asiático, que negocia com a União Europeia possível remoção de tarifas sobre carros chineses.

Publicado em 11 de abril de 2025 às 15:39

Imagem BBC Brasil
null Crédito: Getty Images

Qual é o motivo pelo qual Pequim não está cedendo a Donald Trump em relação às tarifas? A resposta é que não precisa.

Os líderes da China diriam que não estão inclinados a ceder a um valentão, mas também têm uma capacidade de fazer isso muito além de qualquer outro país do mundo.

Antes do início da guerra tarifária, a China tinha um volume enorme de vendas para os Estados Unidos, mas, para contextualizar, isso equivale a apenas 2% do seu Produto Interno Bruto (PIB, soma de todos os bens e serviços produzidos pela economia de um país).

Dito isso, o Partido Comunista claramente preferiria não se envolver em uma guerra comercial com os EUA em um momento em que tem lutado para resolver seus problemas econômicos próprios consideráveis, após anos de crise imobiliária, dívida regional exagerada e desemprego persistente entre os jovens.

No entanto, apesar disso, o governo disse à sua população que está em uma posição forte para resistir aos ataques dos EUA.

O país asiático também sabe que suas próprias tarifas claramente prejudicarão os exportadores americanos.

Trump tem se gabado para seus apoiadores de que seria fácil forçar a China à submissão simplesmente impondo tarifas ao país, mas isso se provou extremamente enganoso.

Pequim não vai se render.

Imagem BBC Brasil
Xi Jinping disse que seu país e a UE devem 'resistir conjuntamente às práticas unilaterais de intimidação' do governo Trump Crédito: Getty Images

O líder chinês, Xi Jinping, disse ao primeiro-ministro espanhol, Pedro Sanchez, na sexta-feira (11/4), que seu país e a União Europeia deveriam "resistir conjuntamente às práticas unilaterais de intimidação" do governo Trump.

Sánchez, por sua vez, disse que as tensões comerciais da China com os EUA não devem impedir a cooperação da potência asiática com a Europa.

O encontro ocorreu na capital chinesa horas antes de Pequim aumentar novamente suas tarifas sobre produtos dos EUA – embora tenha dito que não responderá a novos aumentos de tarifas dos EUA.

Na próxima semana, Xi visitará Malásia, Vietnã e Camboja. Todos esses países foram duramente atingidos pelas tarifas de Trump.

Ministros chineses têm se encontrado com suas contrapartes da África do Sul, Arábia Saudita e Índia, discutindo uma maior cooperação comercial.

Além disso, China e União Europeia estariam em negociações sobre a possível remoção das tarifas europeias sobre carros chineses, que seriam substituídas por um preço mínimo, a fim de conter uma nova rodada de dumping (venda de produtos a preços abaixo do custo de produção, com o objetivo de dominar um mercado).

Em resumo, para onde quer que se olhe, é possível ver que a China tem opções.

E analistas afirmam que esses aumentos tarifários mútuos entre as duas superpotências estão se tornando quase insignificantes, visto que já ultrapassaram o ponto de impedir grande parte do comércio entre elas.

Assim, os aumentos tarifários recíprocos em ambas as direções tornaram-se mais simbólicos.

Imagem BBC Brasil
Em postagem no X, Mao Ning citou Mao e acrescentou nas próprias palavras: 'A China nunca blefa — e percebemos quem o faz' Crédito: Reprodução/X

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, publicou, nos últimos dois dias, imagens do ex-presidente chinês Mao Tsé-Tung nas redes sociais, incluindo uma filmagem dos tempos da Guerra da Coreia, quando o líder da Revolução Chinesa disse aos EUA que "não importa quanto tempo esta guerra dure, nunca cederemos".

Acima disso, ela publicou seus próprios comentários, dizendo: "Somos chineses. Não temos medo de provocações. Não vamos recuar."

Quando o governo chinês recorre ao camarada Mao, você sabe que eles estão falando sério.

Este vídeo pode te interessar

  • Viu algum erro?
  • Fale com a redação

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais