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Por que risco de voar varia de acordo com nacionalidade da companhia aérea, segundo estudo do MIT

Por que risco de voar varia de acordo com nacionalidade da companhia aérea, segundo estudo do MIT

Estudo realizado por estatístico do MIT mostra que, de maneira geral, é cada vez mais seguro voar de avião. Mas isso pode mudar de país para país

Publicado em 14 de agosto de 2024 às 19:34

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Imagem BBC Brasil
O risco de um acidente aéreo fatal vem diminuindo nas últimas décadas, afirma estatístico do MIT . ( Paul Hanna/Reuters)

Marina Rossi

O acidente aéreo da Voepass ocorrido na última sexta-feira (9) em Vinhedo (SP) é, até o momento, o maior do mundo neste ano em quantidade de vítimas, segundo o site Aviation Safety Network.

Todos os 58 passageiros e os quatro tripulantes morreram. Quase uma semana após a tragédia, o Instituto Médico Legal (IML) de São Paulo ainda trabalha no processo de identificação das vítimas.

As causas do acidente ainda não foram reveladas e estão sendo investigadas pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa).

Uma tragédia aérea deste porte não ocorria no Brasil há mais de 15 anos. A última havia sido em 2007, em São Paulo, quando um avião da TAM se chocou com um prédio da companhia deixando 199 pessoas mortas.

Esse intervalo de tempo entre o acidente com o voo 2283 da Voepass na semana passada e o que ocorreu em 2007 com o voo da TAM corrobora a tese do professor de estatística Arnold Barnett e do estudante Jan Reig Torra, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT).

De acordo com um estudo realizado por eles, o risco de morrer em um acidente de avião tem diminuído ao longo das últimas décadas em todo o mundo.

Imagem BBC Brasil
Membros da Força Aérea levam o caixão de uma das vítimas do acidente da Voepass. ( Carla Carniel/Reuters)

“A cada dez anos, desde 1968, o risco de morrer em um acidente de avião comercial vem caindo pela metade”, disse Barnett à BBC News Brasil.

No estudo de Barnett e Torra, publicado em julho deste ano, os países foram divididos em três grupos de risco para acidentes com aeronaves comerciais: mais baixo, intermediário e mais alto.

O Brasil figura no segundo grupo, intermediário, junto a Chile, Índia, México, África do Sul, Hong Kong e Coreia do Sul, dentre outros países.

"O Brasil está no segundo grupo em grande parte por causa da colisão aérea de 2006 envolvendo a GOL e do acidente de 2007 envolvendo a TAM em um aeroporto de São Paulo", explicou Barnett. "Esses dois acidentes [somados] causaram mais de 350 mortes."

Os países com risco mais baixo são Estados Unidos, Austrália, Canadá, China, países da União Europeia, Japão, Israel, Nova Zelândia, Noruega, Suíça, Montenegro e Reino Unido.

O estudo faz uma análise estatística dos acidentes aéreos com mortes ocorridos ao redor do mundo entre 2018 e 2020 e diz respeito ao risco geral de voar e como esse risco varia com a nacionalidade da companhia aérea escolhida.

"O estudo não discute por que o padrão de risco existente surgiu", afirma Barnett. "O objetivo é apresentar o padrão de risco como um ponto de partida para estudos sobre suas causas."

O estatístico também ressalta que seu objeto de estudo são os acidentes, o que não inclui atos de terrorismo, por exemplo.

No segundo grupo, o do Brasil, fazem parte ainda os Emirados Árabes Unidos, Malásia, Jordânia, Bósnia, Kwait e outras nações muito pequenas como Filipinas, Barein, Brunei, Kuait, Catar, Cingapura, Taiwan, Tailândia e Turquia.

Todos os demais países, que não estão nem no primeiro e nem no segundo grupo, enquadram-se no grupo de risco mais alto.

É o caso do Nepal, país que liderou o ranking de maior número de mortos (72) dentre todos os acidentes aéreos ocorridos no mundo no ano passado, segundo a Aviation Safety Network.

O que esperar dos próximos anos?

Em 2020, Barnett já havia publicado um estudo parecido com o de agora, analisando o período entre 2008 e 2017. Os resultados já apontavam para o caminho de uma maior segurança nas viagens de avião.

"Mostramos que o risco de morte por embarque entre 2008 e 2017 caiu em mais da metade em comparação com a década anterior, enquanto as nações do mundo continuaram a se enquadrar em três categorias de risco altamente divergentes", dizia Barnett no relatório de 2020.

Naquele momento, ele ressaltou as conquistas de segurança "excepcionalmente fortes" na China e nos países do Leste Europeu da União Europeia para reforçar sua tese de maior segurança no céu.

No entanto, o pesquisador escreveu que um aspecto "preocupante" era que os países menos desenvolvidos não ganharam em segurança da aviação em relação a outros países, "apesar de terem consideravelmente mais espaço para melhorias".

Imagem BBC Brasil
Velório do piloto da Voepass, Danilo Romano, que morreu no acidente em Vinhedo. (Carla Carniel/Reuters)

No estudo publicado agora, a preocupação de Barnett se confirmou, dado que o grupo de risco mais baixo é formado por países mais ricos e não compreende nações do sul global ou da África, por exemplo.

Barnett também concluiu estatisticamente que, globalmente, voar hoje é seis vezes mais seguro do que há 30 anos e 22 vezes mais seguro do que há 50 anos.

"Voar tem melhorado muito ao longo dos anos", afirmou o especialista à BBC News Brasil. "E, dado que essa taxa de melhoria, de queda pela metade do risco, não diminuiu, podemos estar otimistas de que ela continuará nos próximos anos."

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