A Procuradoria da Suprema Corte da Espanha abriu nesta segunda-feira (8) uma investigação contra o rei emérito Juan Carlos para apurar um possível envolvimento em um esquema de propinas na construção de uma ferrovia na Arábia Saudita.
O objetivo, de acordo com o órgão da instância mais alta da justiça espanhola, é identificar se o monarca cometeu crimes após abdicar do trono, em 2014.
A legislação no país concede imunidade durante o exercício do reinado. Ao renunciar ao trono, portanto, Juan Carlos perdeu o privilégio.
A investigação, segundo a Procuradoria, refere-se à segunda fase da construção da ferrovia para trens de alta velocidade que liga Meca a Medina, na Arábia Saudita, e que ficou conhecida como Ave do Deserto.
O caso veio à tona em 2018, quando Corinna Zu Sayn-Wittgenstein, ex-amante de Juan Carlos, vazou gravações que mostravam que o antigo rei havia cobrado propina pela concessão da licitação dos trens a um consórcio de empresas espanholas.
A Casa Real Espanhola não respondeu ao pedido de entrevista feita pela agência de notícias Reuters. O advogado de Juan Carlos também não pode ser contactado.
Juan Carlos era popular por seu papel na transição do país para a democracia no final dos anos 1970, após a derrocada do ditador Francisco Franco. Sua popularidade, no entanto, foi corroída por diversos escândalos que o forçaram a passar o trono para seu filho, o atual rei Felipe 6º.
Em março, Felipe 6º anunciou que havia renunciado a qualquer herança de seu pai e encerrado a mesada paga pela Casa Real a Juan Carlos. Segundo a imprensa espanhola, o valor desse subsídio somava mais de 194 mil euros por ano (cerca de R$ 1 milhão, em valores atuais).
A decisão veio após o jornal suíço La Tribune de Geneve informar que Juan Carlos havia recebido US$ 100 milhões (R$ 487 milhões) do falecido rei da Arábia Saudita.
O jornal afirmou ainda que Juan Carlos depois ofereceu US$ 65 milhões (R$ 316 milhões) a Corinna zu Sayn-Wittgenstein.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta