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Putin propõe novas regras para uso de armas nucleares

Putin propõe novas regras para uso de armas nucleares

Presidente da Rússia diz que ataques de um Estado não nuclear auxiliado por uma potência nuclear podem ser considerados um ataque conjunto

Publicado em 26 de setembro de 2024 às 22:00

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Imagem BBC Brasil
O presidente russo já havia ameaçado usar armas nucleares, mas sua nova proposta expande essa possibilidade. (Reuters)

Frances Mao

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse que um ataque de um Estado não nuclear apoiado por um com armas nucleares seria considerado pelo seu governo como um "ataque conjunto". Suas declarações estão sendo interpretadas como uma possível ameaça de uso de armas nucleares na guerra na Ucrânia.

Putin disse na quarta-feira (25/9) que seu governo estava considerando mudar as regras e pré-condições em torno das quais a Rússia usaria seu arsenal nuclear.

A Ucrânia é um Estado não nuclear que recebe apoio militar dos EUA e de outros países com armas nucleares.

O comentário de Putin foi feito em um momento em que Kiev busca aprovação para usar mísseis ocidentais de longo alcance contra alvos militares na Rússia.

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, viajou para os EUA esta semana e deve se encontrar com o presidente dos EUA, Joe Biden, em Washington na quinta-feira. O pedido de Kiev é o principal item da agenda.

A Ucrânia invadiu o território russo este ano e quer atingir bases dentro da Rússia, que estariam enviando mísseis para a Ucrânia.

Em resposta aos comentários de Putin, o chefe de gabinete de Zelensky, Andriy Yermak, disse que a Rússia "não tem mais nada além de chantagem nuclear para intimidar o mundo".

Putin já ameaçou usar armas nucleares antes. A Ucrânia criticou as ameaças nucleares de Putin, afirmando que ele tenta dissuadir os aliados da Ucrânia para que eles parem de fornecer apoio.

A China, aliada da Rússia, pediu calma aos russos, com relatos de que o presidente Xi Jinping teria alertado Putin contra o uso de armas nucleares.

Mas na quarta-feira, após uma reunião com seu Conselho de Segurança, Putin anunciou sua proposta.

Uma nova doutrina nuclear "definiria claramente as condições para a Rússia fazer a transição para o uso de armas nucleares", ele alertou — e disse que tais cenários incluíam ataques de mísseis convencionais contra Moscou.

Ele disse que a Rússia consideraria tal "possibilidade" de usar armas nucleares se detectasse o início de um lançamento massivo de mísseis, aeronaves e drones em seu território, o que representaria uma "ameaça crítica" à soberania do país.

E acrescentou: "É proposto que a agressão contra a Rússia por qualquer Estado não nuclear, mas com a participação ou apoio de um Estado nuclear, seja considerada como seu ataque conjunto à Federação Russa."

As armas nucleares do país são "a garantia mais importante de segurança do nosso Estado e de seus cidadãos", disse Putin.

Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, os Estados com armas nucleares se engajaram em uma política de dissuasão, que se baseia na ideia de que se os Estados em guerra lançassem grandes ataques nucleares, isso levaria à destruição mútua.

Mas também existem armas nucleares táticas que são ogivas menores projetadas para destruir alvos sem ação radioativa generalizada.

Em junho, Putin fez um aviso aos países europeus que apoiavam a Ucrânia, dizendo que a Rússia tinha "muito mais [armas nucleares táticas] do que há no continente europeu, mesmo que os Estados Unidos usassem as suas".

"A Europa não tem um [sistema de alerta] desenvolvido", acrescentou. "Nesse sentido, eles são mais ou menos indefesos."

Na época, ele havia sugerido mudanças na doutrina nuclear da Rússia — o documento que estabelece as condições sob as quais Moscou usaria armas nucleares.

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