O Reino Unido proibiu reuniões de mais de duas pessoas nas ruas, fechou todas as lojas não essenciais (entre as exceções estão supermercados, lojas de comida e farmácias) e limitou exercícios físicos a uma vez por dia.
Todos os eventos sociais estão proibidos, inclusive casamentos e batismos. A polícia poderá dissolver reuniões e multar quem desobedecer às regras.
As medidas foram anunciadas às 20h30 de Londres (17h30 no horário de Brasília) pelo primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, depois de uma reunião com o comitê de emergência.
Segundo ele, o confinamento é necessário para evitar que o sistema público de saúde (NHS) fique sobrecarregado e haja ainda mais mortes por causa da pandemia de coronavírus. As medidas serão reavaliadas em três semanas.
"Todos e cada um de nós precisa proteger o NHS e salvar milhares de vidas. Vamos derrotar coronavírus, e vamos fazer isso juntos", disse Boris, no pronunciamento.
Desde que a Europa se tornou o epicentro da pandemia, o Reino Unido vinha adotando restrições mais brandas que as de Alemanha, França ou Itália, em que todo o comércio não essencial já tinha sido fechado e pessoas são multadas por sair às ruas.
Há duas semanas, Boris pediu a idosos e casos suspeitos que se autoisolassem. Na semana passada, recomendou o trabalho remoto. Na sexta-feira (20), fechou bares, restaurantes, clubes, casas noturnas e academias. Nesta segunda, as escolas tiveram aulas suspensas.
Cenas de parques lotados neste final de semana apressaram a adoção de medidas mais duras. Segundo Boris, os parques continuarão abertos, mas apenas para exercícios físicos, com distanciamento entre as pessoas.
Às 15h30 (horário do Brasil), havia 6.650 casos confirmados de coronavírus no Reino Unido, o décimo maior número do mundo. Os mortos eram 335, sétimo maior número.
Um estudo publicado no domingo (22) por cientistas da London School of Hygiene calculou que, se não houver mudanças na velocidade de transmissão do vírus, a capacidade de atendimento intensivo no Reino Unido pode estar superada no final deste mês.
O confinamento obrigatório tem apoio de 82% dos britânicos, segundo pesquisa feita nesta segunda pelo instituto YouGov; 77% disseram não confiar nas pessoas para seguir voluntariamente as recomendações do governo.
A Holanda, que também vem adotando um ritmo mais lento de restrições, anunciou a proibição de todos os eventos até 1º de junho e aumentou a multa para quem descumprir as regras, depois de relatos de que os holandeses aproveitaram o final de semana para ir à praia.
O país ainda mantém lojas abertas, mas impôs limites mais estritos de distanciamento.
"Fiquem o máximo possível em casa, só saiam sozinhos, não levem as crianças ao supermercado. Aja corretamente, para que o governo não precise decidir por você", disse o primeiro-ministro Mark Rutte.
Rutte também se disse "chateado" com a atitude de jovens que continuam se reunindo em grupos: "Vocês não vivem sozinhos, vivemos em um país de 17 milhões de pessoas".
Na Itália, onde o confinamento total está em vigor no país todo há duas semanas (e há um mês na região mais crítica, no norte do país), o número de novos casos começou a desacelerar, o que pode indicar uma luz no fim do túnel, segundo Giulio Gallera, principal responsável por saúde da Lombardia.
Há agora 63.927 casos confirmados de coronavírus na Itália, uma alta de 8,1% em relação ao dia anterior. Na semana passada, o crescimento vinha sendo da ordem de 10% ao dia.
Na França, que decretou confinamento na semana passada, o governo aumentou as multas para quem sair às ruas sem justificativa e limitou os exercícios físicos ao ar livre a uma vez por dia, num raio máximo de 1 km de casa, e sem companhia.
Quem desrespeitar as regras de isolamento pode ter que pagar até 1.500 mil euros (R$ 8.276).
"O retorno à vida normal não vai acontecer tão logo", disse o primeiro-ministro, Edouard Philippe, a uma emissora de TV local.
Segundo ele, o governo ainda não decidiu se vai proibir funerais, como fez a Itália. Na França, eles são permitidos, mas os grupos devem ter no máximo 20 pessoas.
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