LONDRES - O novo rei Charles III disse, nesta sexta-feira (9), que, ao assumir o trono renova, o compromisso da sua mãe, Elizabeth II, de dedicar sua vida ao Reino Unido. Em seu primeiro discurso televisionado após a morte de sua mãe, a rainha Elizabeth II, Charles, 73, declarou que ela foi uma grande inspiração.
"Pela vida dela, a majestade foi uma inspiração e um exemplo para mim e para minha família. Devemos a ela a maior dívida, que todas as famílias devem à mãe: amor, compreensão e exemplo."
O discurso foi gravado no Palácio de Buckingham durante a tarde e televisionado às 18h (14h em Brasília) pela BBC, rede de rádio e televisão estatal.
O discurso é a parte mais importante de um dia para lembrar a rainha, mas também tem uma função de sinalização: Charles III mostra que respeita a monarquia parlamentar constitucional no país.
O filho mais velho de Elizabeth, que, segundo pesquisas é menos popular que a mãe, será proclamado rei neste sábado (10), em uma reunião do Conselho de Ascensão realizada no Palácio de St. James, seguida de proclamações em todo o país. Sua coroação, no entanto, ainda não tem data marcada — e pode acontecer daqui a mais de um ano.
Príncipe herdeiro por mais de 70 anos, Charles chegou a Londres por volta das 14h (8h em Brasília) desta sexta, após ter ido à Escócia visitar a mãe no Castelo de Balmoral, onde ela acabou morrendo. Ele e sua mulher, Camilla Parker Bowles, agora rainha consorte, vestiam roupas pretas e foram recebidos por uma multidão em frente ao Palácio de Buckingham.
Antes de seguir para o palácio, onde a bandeira do novo soberano estava hasteada, Charles trocou palavras e apertou as mãos de diversos súditos, além de parar para ver as flores depositadas por britânicos e turistas no portão.
Ele se reuniu com a primeira-ministra, Liz Truss, nomeada na terça-feira pela rainha, no último dever público da antiga soberana.
Monarca mais velho a assumir o trono britânico na história e o que passou mais tempo como príncipe herdeiro, Charles deve fazer de seu reinado um período de transição entre o da mãe, venerada pela dedicação ao serviço público, e o do filho William, 40, visto como a modernização da realeza.
Enquanto Elizabeth assumiu o trono quando o Reino Unido ainda era uma potência, Charles herda um país que vive uma crise de identidade e se tornou um ator secundário na geopolítica global. Além de ter optado por uma guinada isolacionista com o Brexit, o divórcio com a União Europeia, tem sua própria existência sob risco.
Estão no horizonte um novo referendo sobre a independência da Escócia, pressões crescentes para a integração da Irlanda do Norte à República da Irlanda e até um ressurgente nacionalismo em Gales — algo particularmente doloroso para um homem que ficou tanto associado à região.
O governo declarou luto nacional até o funeral, cuja data ainda não foi confirmada, mas deve ocorrer em cerca de dez dias, e alertou sobre possíveis atrasos em alguns transportes públicos devido às multidões que se reúnem em frente às residências da realeza.
O Palácio de Buckingham também anunciou um período de luto a ser observado por membros da família e da casa real até uma semana após o enterro.
O Banco da Inglaterra disse que atrasaria em uma semana sua reunião mensal para definir as taxas de juros, devido à morte de Elizabeth.
As sessões regulares no parlamento foram substituídas por uma sessão especial para os legisladores prestarem homenagem à rainha. Os parlamentares também se reunirão no sábado, algo que raramente fazem, para aprovar uma mensagem de condolências ao rei.
"Desde as notícias chocantes de ontem à noite, testemunhamos a mais sincera manifestação de pesar pela perda de sua falecida majestade, a rainha", disse Truss aos legisladores, que fizeram um minuto de silêncio no início da solenidade.
"Sua Majestade, o rei Charles 3º, tem uma responsabilidade incrível que agora carrega por todos nós", continuou a primeira-ministra. "Ele já deu uma contribuição profunda por meio de seu trabalho em conservação, educação e sua incansável diplomacia. Devemos a ele nossa lealdade e devoção."
Elizabeth foi chefe de estado do Reino Unido e 14 outros reinos, incluindo Austrália, Canadá, Jamaica, Nova Zelândia e Papua Nova Guiné.
Charles, que automaticamente a sucedeu como rei, disse que a morte foi um momento de grande tristeza para ele e sua família.
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